sábado, 7 de novembro de 2020

Reflexão Litúrgica do XXXII Domingo do Tempo Comum - 08/11/2020

Dom José Aparecido Gonçalves de Almeida

Arquidiocese de Brasília – DF. 

A

proxima-se o encerramento do ano litúrgico. A Liturgia aponta para a vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos e nos convida a perseverar no bom combate da fé e a estar vigilantes na esperança.

A primeira Leitura fala da sabedoria que está na raiz da virtude da prudência: “meditar sobre ela (a sabedoria) é a perfeição da prudência” (Sab 6, 15). E acrescenta o hagiógrafo: “e quem não dormir por causa dela depressa estará livre da inquietação”. A sabedoria e a prudência nos tornam vigilantes e nos preparam para acolher a Sabedoria eterna, o Verbo encarnado, o Senhor que virá um dia glorioso para celebrar as núpcias eternas.

O Apóstolo dos gentios, escrevendo aos Tessalonicenses ansiosos por saber das coisas últimas, procura deixa-los ancorados na esperança: “Não queremos deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para não andardes tristes como os outros, que não têm esperança” (I Tes 4,13). Paulo bem sabe que a fé na Morte e Ressurreição de Jesus Cristo é, também neste campo, um divisor de águas decisivo. Sem o anúncio dessa Boa-Nova ficamos “sem a esperança da Promessa e sem Deus neste mundo” (Ef  2,12). Até os cristãos que, por desleixo ou por rebeldia ficaram sem a luz da fé, perderam o brilho e o sabor da vida em Cristo, se não despertam, caem no vazio existencial e na radical solidão que o Papa Francisco costuma chamar “consciência isolada”. “Se eliminamos Deus, se tiramos Cristo – dizia Bento XVI – o mundo cai no vazio e na escuridão”.

No Evangelho (Mt 25,1-13), Jesus narra a célebre parábola das dez virgens convidadas para uma festa de núpcias. Esta festa é uma feliz imagem da Vida Eterna, do Reino dos Céus. Mas Jesus não deixa de nos ensinar uma verdade que coloca as nossas seguranças e as nossas escolhas em questão. Aquelas dez virgens que aguardavam a chegada do Esposo para entrarem com o cortejo nupcial. Cinco delas, as prudentes, ao chegar o Esposo, puderam entrar porque suas lamparinas tinham azeite suficiente para vencer as trevas da espera. As outras cinco, as insensatas, cujo azeite havia acabado antes da chegada do Esposo, tinham se dispersado em busca de azeite para continuar a espera… mas chegaram tarde. O cortejo já havia entrado e as portas estavam fechadas.

        O que significa este azeite indispensável para serem admitidas no banquete nupcial? Santo Agostinho, entre outros, vê no azeite um símbolo do amor que não se pode comprar, que recebemos como dom, conservamos no íntimo e praticamos com as obras (cf. Discursos 93,4). A verdadeira sabedoria consiste, portanto, em aproveitar a vida mortal para realizar obras de misericórdia – depois não será possível –  pois “no ocaso da vida seremos julgados quanto ao amor” (S. João da Cruz). Este azeite, esta unção de amor derramada pelo Espírito Santo suscita em nós uma esperança inabalável, “como uma lâmpada com a qual atravessar a noite para além da morte e chegar à grande festa da vida” (Bento XVI).

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