Dom José
Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese
de Brasília – DF.
A |
Palavra de Deus deste domingo –
o penúltimo do ano litúrgico – nos alerta sobre a caducidade da existência
terrena e nos convida a vivê-la como uma peregrinação, tendo os olhos fixos na
meta, no Deus que nos criou para Si (S. Agostinho) e é o nosso destino
último, o sentido do nosso viver. Deus nos oferece talentos para que, ao longo
da nossa vida passageira, produzamos frutos de vida eterna mediante a caridade
operosa que é a verdadeira adoração em Espirito e verdade.
A primeira leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31),
vencendo os limites da cultura patriarcal da época, elogiam a mulher virtuosa,
forte e empreendedora, dedicada ao bem da família, que “abre suas mãos ao
necessitado e estende suas mãos ao pobre” (Pr 31,20). Passam o
encanto e beleza fugazes, mas não passa o encanto e a beleza da “mulher
que teme o Senhor” (v.30). “Ela vale muito mais do que as jóias”
(v.10).
O Salmo 127 louva o pai de família que teme o Senhor e
vive do trabalho de suas mãos. Ele, como os servos que receberam do seu senhor
os talentos e os fizeram furtificar, será abençoado cada dia de sua vida, enfim
pela eternidade.
Paulo, na carta aos cristãos de Tessalónica, continua
a falar de esperança, exortando à vigilância e lembrando que os resgatados nas
águas do batismo são filhos da luz: “Todos vós sois filhos da luz e
filhos do dia. Não somos da noite nem das trevas”. Ser filhos da luz,
comporta o compromisso moral e a exigência ascética da vigilância e da
sobriedade: “não durmamos, como os outros, mas sejamos sóbrios e
vigilantes”.
No Evangelho Jesus narra a parábola dos talentos e
mostra que a exigência de fazer frutificar os talentos que nos são confiados
como a administradores, de algum modo, comportam consequências. A frágil
existência terrena, enriquecida de dons e talentos dados por Deus, comporta a
responsabilidade por nossas escolhas e pelo nosso modo de agir. Tudo adquire um
peso de eternidade. Não se pode fugir à necessidade de escolher entre o caminho
da vida e o caminho da morte, da bênção e da maldição.
Os que aqui na terra fazem frutificar os talentos em
forma de obras de misericórdia (cf. Mt 25,31-46), serão louvados pelo
Senhor no juizo: “Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te
confiarei muito mas” e logo receberão o convite para as delícias
eternas: “Vem participar da minha alegria” (Mt 25,21).
O outro lado da responsabilidade pelas nossas escolhas
e pelo nosso modo de atuar aparece dramaticamente nas palavras finais do
Evangelho. A possibilidade de ficar fora da bem-aventurança eterna aparece não
só como consequência de agir mal, como também de omitir o bem que se podia ter
feito. É o próprio Jesus a pronunciar palavras fortes: “A este servo
inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes”
(Mt 25,30).
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