sábado, 19 de dezembro de 2020

Reflexão Litúrgica do IV Domingo do Advento - 20/12/2020


Pe. Rogério Gomes, C.Ss.R.

O

 Natal aproxima-se! Qual é o espírito que podemos captar das leituras que ouvimos neste dia, especialmente do Evangelho? O quadro cênico é o de uma Anunciação: nascimento de Jesus e de João Batista. Portanto, trata-se de um texto de cunho jubilar, enquanto alegria, no sentido mais profundo do termo, e também enquanto tempo novo para a humanidade. Está aí a essência da mensagem e, por isso, preparação para celebrar o Sol Nascente que nos veio visitar.

Se o texto do Evangelho nos fala de tanta vida e a anuncia de forma tão contundente, ao romper a esterilidade dos homens e mulheres novos, renovando-os na vida nascente de conversão (João Batista) e do amor divino que se materializa no humano (Jesus), comunicando-nos, assim, uma boa notícia, a indagação que nos vem é: como nós, cristãos, estamos sendo comunicadores de boa notícia? O que temos para comunicar de diferente em tempos tão obscuros, de tantas inverdades e de tanta superficialidade? Como vamos comunicar aos outros nosso Natal?

A impressão é que nós cristãos estamos cansados e, em meio a tantas vozes, não escutamos a nossa própria ecoar e, muitas vezes, essa é marginalizada, pois não traz nenhum atrativo à sociedade atual. Vamos nos tornando um pequeno rebanho, desunido e desnutrido, com medo, e vendo pouco a pouco o Natal ser apenas uma data em que as pessoas realizam seus bons propósitos, recordam de seu próximo e, no dia seguinte, esquecem-se de tudo. Este modo esquizofrênico de sermos (ou não sermos) cristãos vai nos afastando do centro do mistério que devemos celebrar e isso é muito perigoso para nossa fé.

O encorajamento para superar os tempos difíceis, sem horizontes claros, vem do próprio anjo a Maria que nos repete as mesmas palavras: "Não tenhas medo porque encontraste graça diante de Deus" (v. 30). A graça de Deus nos dá a ousadia para romper com o cansaço, com o pessimismo, que nos tiram a criatividade de pensar horizontes cheios de luz. "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz" (Is 9,2). Essa alegria de ver a luz deve-nos fazer mensageiros de uma boa notícia, portadora de esperança para a humanidade. A fonte na qual bebemos, o Evangelho, é rica e, mesmo naqueles contextos onde não é possível seu anúncio explícito, é possível chegar por meio do agir ético que dele aprendemos e pelo respeito ao outro, sob o fundamento do amor ao próximo.

Usemos nossa criatividade para fazer chegar essa boa noticia aos corações humanos e, ao mesmo tempo, fecundar os ventres estéreis da humanidade, para que essa gere valores que promovam o ser humano para que tenha vida em abundância (Jo 10,10). Esse anúncio não é fake news, e é sempre novidade.

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