Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos
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m 1830,
no dia 27 de novembro, deu-se a aparição de Maria a Santa Catarina Labouré, da
Congregação das Filhas da Caridade, à Rue du Bac 140, em Paris. Nessa ocasião,
a Mãe de Jesus mostrou o modelo da medalha que Ela desejava que fosse cunhada
como sinal de grandes graças que ela obteria junto ao seu Divino Filho.
Essa
Medalha traz inúmeras mensagens, e a primeira delas é atinente a Imaculada
Conceição de Maria, dogma que seria proclamado dia 8 de dezembro de 1854, por
Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus. As mãos abertas da Medianeira de todas as
graças é outra grande lição. É o resumo do papel da Virgem Maria na história da
salvação, no Evangelho.
Adite-se
a cruz de Cristo nela, sacrificado pelos homens, e Maria, exemplo de fé ao pé
da cruz, representada pelo “M” de seu nome. O coração de Jesus e de Maria a
atestar o amor imenso do Salvador e de Sua Mãe por todos os remidos. As doze
estrelas lembram a mulher do Apocalipse (cf. Ap 12,1). Ela é aquela que deu
nascimento ao corpo humano de Cristo e à Igreja, que dá nascimento aos
batizados que formam o Corpo Místico de Jesus.
Como
as 12 estrelas, lembram também das 12 tribos de Israel e dos doze apóstolos, a
medalha milagrosa tem um aspecto também profundamente missionário. Adite-se
que, no século XIX, imperava por toda parte a negação de Deus com o
endeusamento da ciência, que pretendia responder a todas as questões religiosas
e filosóficas.
QUAIS SÃO AS MENSAGENS DA MEDALHA MILAGROSA?
A
literatura da época estava impregnada de ateísmo, levando as mentes ao
irracional e ao fantástico. Além disso, quando, em 1830, ia se instalar um
regime político antirreligioso, desenvolvendo uma forma de capitalismo liberal
particularmente materialista, a Virgem, então, propõe não um objeto científico,
mas um objeto simples, uma medalha a falar das realidades celestes. A difusão
dessa peça se dá no momento também de uma renovação do Catolicismo social com
Frederico Ozanam e as Conferências de São Vicente de Paulo. Ocorria uma
vitalidade da reflexão universitária e literária católica. Tudo isso era
reforçado com a medalha que mostrava a intervenção de Deus na história não só
da França, mas de todo o mundo.
O
Arcebispo de Paris, a quem Catarina Labouré levou o pedido de Nossa Senhora,
para que se cunhassem as medalhas, percebeu a riqueza doutrinária que ela
continha. Em 1832, houve a primeira distribuição dessas peças por ocasião da
epidemia da cólera, que dizimava a capital francesa. As primeiras 20 mil medalhas
foram confeccionadas, em 1830, ano em que essa epidemia, vinda da Rússia, por
meio da Polônia, irrompeu, em Paris, a 26 de março, ceifando vidas, num imenso
cântico fúnebre. Num só dia, houve 861 mortes. No total, foram registradas,
oficialmente, 18.400 mortes; porém, na realidade, houve mais de 20 mil. As
descrições da época são aterradoras: em quatro ou cinco horas, o corpo de um
homem, em perfeita saúde, reduzia-se ao estado de um esqueleto.
MILAGRE DA MEDALHA
Como
se fora num abrir e fechar de olhos, jovens cheios de vida tomavam o aspecto de
velhos carcomidos, e logo depois não eram senão cadáveres. Nos derradeiros dias
de maio, a epidemia parecia recuar. Na segunda quinzena de junho, no entanto,
um novo surto da doença redobrou o pânico do povo. Mas, finalmente, no dia 30
de junho, a Casa Vachette entrega as primeiras 1.500 medalhas, que são
distribuídas pelas Filhas da Caridade e abrem o cortejo sem fim das graças e
dos milagres: curas maravilhosas se deram e a epidemia foi debelada.
Houve,
depois, a conversão de Alfonso Ratisbona do Judaísmo para o Cristianismo, e ele
se pôs a trabalhar para a aproximação dos judeu-cristãos.
A
Igreja falava na santa medalha, mas o povo logo a chamou de medalha milagrosa.
Quando Santa Catarina Labouré faleceu, dia 31 de dezembro de 1876, já um bilhão
de medalhas tinham sido distribuídas. Cumpre sempre que a Santa Igreja chama de
“sacramental” alguns objetos abençoados pelo sacerdote, tais como: as medalhas
milagrosas e de São Bento, o escapulário de Nossa Senhora do Carmo e o terço.
Não transmite por si mesmos a graça como os sacramentos, mas penhoram as
bênçãos divinas e ajudam os cristãos a progredir na fé, na esperança, na
prática das outras virtudes e na vida de oração.
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