Padre
Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Liturgia deste domingo, onde a Igreja comemora
Todos os Santos, diz que podemos viver como ressuscitados, apesar dos
sofrimentos cotidianos. Temos uma vida e a amamos muito, mesmo vivendo em
situações difíceis. É bom viver!
Contudo, tendo
uma vida feliz, realizada, ou ao contrário, uma vida infeliz, ela
inevitavelmente terminará um dia. E aí? Diz um ditado: “Não há mal que
sempre dure, nem bem que nunca se acabe”, tanto a alegria e o prazer, após
terem sido vividos, são como nada. Apenas permanecem na lembrança.
Do mesmo modo,
a dor, a angústia, o sofrimento, após sua vivência pelo homem, é como se nada
houvesse ocorrido, apenas fica a memória. Embora saibamos que em alguns casos
as recordações – positivas ou negativas – podem deixar marcas indeléveis.
E nossa vida,
em todo o seu contexto, será levada ao nada?
Alguns
pensadores dizem que o homem é o ser-para-o-nada.
Mas, o que diz
a Sagrada Escritura?
A primeira
leitura da liturgia desta Solenidade de Todos os Santos, nos fala em
ressurreição, mas não como a entendemos a partir de Jesus, mas como
revivificação, uma continuação bastante melhorada desta vida e apenas para os
justos, não para todos os homens.
No Evangelho
encontramos um grupo de judeus ricos, os saduceus que negavam a ressurreição.
Eles colocam uma pergunta que só faz sentido se, de fato, após a morte tivermos
uma revivificação, uma continuação desta vida, tal como ela é, e não a
ressurreição como professamos no Credo.
Jesus nos diz
que os que passam desta vida para a eternidade são filhos de Deus, porque
ressuscitam. Os que atravessaram a morte ganharam a filiação da Vida. Deus é
vida e, por isso, terão a vida plena, sem limites. São filhos de Deus, da
imortalidade, da plenitude do Amor.
Portanto, o
modo como vivemos, como enfrentamos as coisas boas e difíceis desta vida,
demonstrará nossa fé na ressurreição.
Será como uma
nova gestação em que é gerado o homem espiritual, aquele que nascerá de acordo
com a imagem de Deus, e, por isso, sua casa será a do Pai.
Desde agora
podemos viver como ressuscitados, nos diz São Paulo na segunda leitura. Apesar
dos sofrimentos cotidianos, resistamos a eles e peçamos ao Senhor que nos
confirme na consolação eterna e na feliz esperança da vitória plena de Cristo.
Existe outro
dito brasileiro que possui um espírito bastante cristão, no sentido de
enfrentar as dificuldades e crer na mudança que sucederá aos sofrimentos: “Enfrente
as quedas, não desanime, levante, sacode a poeira, dê a volta por cima!”
E para
concluir com a Bíblia, podemos recordar o que nos diz o Salmo 30, 6: “O
choro pode durar uma noite, mas a alegria virá ao amanhecer”.
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