terça-feira, 13 de dezembro de 2022

ISABEL CRISTINA É A NOVA BEATA BRASILEIRA

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ulher, jovem e leiga, a mártir Isabel Cristina Mrad Campos foi proclamada beata no último sábado, 10 de dezembro. Isabel Cristina foi elevada às honras dos altares e proclamada beata, a primeira da Arquidiocese de Mariana. A cerimônia realizada no Parque de Exposições da cidade de Barbacena (MG). Mais de dez mil pessoas, incluindo dezoito bispos participaram da cerimônia que pode ser acompanhada ao vivo pelos canais da Arquidiocese de Mariana e do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena (MG).

Isabel Cristina viveu os valores cristãos e espiritualidade vicentina, que inspiraram a sua caminhada de fé e atenção aos mais pobres e necessitados. Nascida na cidade de Barbacena (MG), em 29 de junho de 1962, filha do Sr. José Mendes Campos e da Sra. Helena Mrad Campos. Teve somente um irmão mais velho, o sr. Paulo Roberto Mrad Campos. Era uma família humilde e muito católica. Cresceu numa convivência de fé e amor nas relações em família, sempre muito respeitosa com seus pais e muito afetuosa e amável com seu irmão.

Ela foi batizada no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, no dia 15 de agosto de 1962, crismada na Basílica de São José Operário, no dia 22 de abril de 1965 e fez sua Primeira Comunhão na Capela de Nossa Senhora das Graças, também em Barbacena.

Isabel Cristina teve uma experiência bonita de fé em família, tendo o exemplo de seus pais que eram vicentinos, membros assíduos da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP). Seu pai foi Presidente do Conselho Central de Barbacena da SSVP e sua mãe consorcia da Conferência Santa Mônica. Isabel Cristina não chegou a ser registrada na SSVP, mas foi uma vicentina de alma, pois sua espiritualidade era vicentina, participava assiduamente das atividades da SSVP, especialmente dos vários encontros de jovens vicentinos. Desde criança até a juventude soube viver sua fé na Igreja, participando das atividades de sua Paróquia, assídua aos Sacramentos. Aprendeu com seus pais a testemunhar a fé pela caridade, visitando a Vila Vicentina, onde prestava serviço voluntário em favor dos idosos. ela cresceu na vivência da fé e cultivando uma relação de carinho e amor em família.

Em 1º de setembro de 1982, aos 20 anos, ela foi brutalmente assassinada em Juiz de Fora (MG), onde estava morando para preparar-se para o vestibular de medicina. O seu agressor tentou violentá-la sexualmente e não obtendo êxito, deferiu-lhe 15 facadas, além de golpeá-la com uma pequena cadeira, lembrança de seu aniversário de três anos.

Em entrevista aos meios de comunicação, Monsenhor Danival Milagres Coelho - coordenador geral da cerimônia de beatificação, para a Arquidiocese de Mariana, bem como a Igreja no Brasil e no mundo, é uma graça ter a beatificação de uma leiga, jovem, que soube viver a sua fé na defesa corajosa dos seus valores. Ainda, na opinião do sacerdote, a mártir e Beata é uma referência para os jovens. ‘Isabel Cristina afirmou: “é preciso resistir ao mal, custe o que custar’. E custou a vida dela. Por isso, nós agradecemos a Deus o testemunho de fé desta jovem”, enfatiza.

Assim como Santa Maria Goretti e a Beata Benigna Cardoso da Silva, a Beata Isabel Cristina também foi vítima de violência contra a mulher. Nesse sentido, monsenhor Danival aponta que “na pessoa da futura Beata Isabel Cristina, nós queremos também lembrar a vida de tantas mulheres vítimas da violência, vítimas da tentativa de abuso sexual e todos esses crimes contra a mulher”.

Devido a forma como ocorreu sua morte, mas sobretudo como viveu, em 26 de janeiro de 2001, foi instaurado oficialmente o tribunal para a causa de beatificação da jovem Isabel Cristina. Em 1º de setembro de 2009, o processo foi encerrado em âmbito arquidiocesano, quando também aconteceu a exumação dos seus restos mortais e a trasladação deles para o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em sua cidade natal.

Após onze anos, em 27 de outubro de 2020, o Papa Francisco autorizou a publicação do decreto reconhecendo o martírio de Isabel Cristina, possibilitando que ela seja proclamada beata. Na opinião de Monsenhor Danival, a beata foi vítima não somente de um, mas de dois martírios, sendo um físico e outro moral.

“Isabel Cristina sofreu dois martírios porque, além de ter sofrido a violência física que a levou à morte, ao longo de todo o processo criminal, foram levantadas suspeitas e assim, apresentaram acusações falsas contra a moralidade da sua vida e da sua pessoa. Ela foi vítima também de calúnia e mentiras, para tentar defender o criminoso. Mas a justiça, graças a Deus, levou muito a sério o processo, revelando e comprovando toda a verdade do fato que a levou a esta morte tão violenta”, afirma.

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