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jovem e leiga, a mártir Isabel Cristina Mrad Campos foi proclamada beata no último sábado, 10 de dezembro. Isabel Cristina foi elevada às honras dos
altares e proclamada beata, a primeira da Arquidiocese de Mariana. A cerimônia realizada
no Parque de Exposições da cidade de Barbacena (MG). Mais de dez mil pessoas,
incluindo dezoito bispos participaram da cerimônia que pode ser acompanhada ao
vivo pelos canais da Arquidiocese de Mariana e do Santuário Nossa
Senhora da Piedade, em Barbacena (MG).
Isabel
Cristina viveu os valores cristãos e espiritualidade vicentina, que inspiraram
a sua caminhada de fé e atenção aos mais pobres e necessitados. Nascida na
cidade de Barbacena (MG), em 29 de junho de 1962, filha do Sr. José Mendes
Campos e da Sra. Helena Mrad Campos. Teve somente um irmão mais velho, o sr.
Paulo Roberto Mrad Campos. Era uma família humilde e muito católica. Cresceu
numa convivência de fé e amor nas relações em família, sempre muito respeitosa
com seus pais e muito afetuosa e amável com seu irmão.
Ela foi
batizada no Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, no dia 15 de
agosto de 1962, crismada na Basílica de São José Operário, no dia 22 de abril
de 1965 e fez sua Primeira Comunhão na Capela de Nossa Senhora das Graças,
também em Barbacena.
Isabel
Cristina teve uma experiência bonita de fé em família, tendo o exemplo de seus
pais que eram vicentinos, membros assíduos da Sociedade de São Vicente de Paulo
(SSVP). Seu pai foi Presidente do Conselho Central de Barbacena da SSVP e sua
mãe consorcia da Conferência Santa Mônica. Isabel Cristina não chegou a ser
registrada na SSVP, mas foi uma vicentina de alma, pois sua espiritualidade era
vicentina, participava assiduamente das atividades da SSVP, especialmente dos
vários encontros de jovens vicentinos. Desde criança até a juventude soube
viver sua fé na Igreja, participando das atividades de sua Paróquia, assídua
aos Sacramentos. Aprendeu com seus pais a testemunhar a fé pela caridade,
visitando a Vila Vicentina, onde prestava serviço voluntário em favor dos
idosos. ela cresceu na vivência da fé e cultivando uma relação de carinho e
amor em família.
Em 1º de
setembro de 1982, aos 20 anos, ela foi brutalmente assassinada em Juiz de Fora
(MG), onde estava morando para preparar-se para o vestibular de medicina. O seu
agressor tentou violentá-la sexualmente e não obtendo êxito, deferiu-lhe 15
facadas, além de golpeá-la com uma pequena cadeira, lembrança de seu
aniversário de três anos.
Em
entrevista aos meios de comunicação, Monsenhor Danival Milagres Coelho -
coordenador geral da cerimônia de beatificação, para a Arquidiocese de Mariana,
bem como a Igreja no Brasil e no mundo, é uma graça ter a beatificação de uma
leiga, jovem, que soube viver a sua fé na defesa corajosa dos seus valores.
Ainda, na opinião do sacerdote, a mártir e Beata é uma referência para os
jovens. ‘Isabel Cristina afirmou: “é preciso resistir ao mal, custe o que
custar’. E custou a vida dela. Por isso, nós agradecemos a Deus o testemunho de
fé desta jovem”, enfatiza.
Assim
como Santa Maria Goretti e a Beata Benigna Cardoso da Silva, a Beata Isabel
Cristina também foi vítima de violência contra a mulher. Nesse sentido,
monsenhor Danival aponta que “na pessoa da futura Beata Isabel Cristina,
nós queremos também lembrar a vida de tantas mulheres vítimas da violência,
vítimas da tentativa de abuso sexual e todos esses crimes contra a mulher”.
Devido a
forma como ocorreu sua morte, mas sobretudo como viveu, em 26 de janeiro de
2001, foi instaurado oficialmente o tribunal para a causa de beatificação da
jovem Isabel Cristina. Em 1º de setembro de 2009, o processo foi encerrado em
âmbito arquidiocesano, quando também aconteceu a exumação dos seus restos mortais
e a trasladação deles para o Santuário Nossa Senhora da Piedade, em sua cidade
natal.
Após onze
anos, em 27 de outubro de 2020, o Papa Francisco autorizou a publicação do
decreto reconhecendo o martírio de Isabel Cristina, possibilitando que ela seja
proclamada beata. Na opinião de Monsenhor Danival, a beata foi vítima não
somente de um, mas de dois martírios, sendo um físico e outro moral.
“Isabel
Cristina sofreu dois martírios porque, além de ter sofrido a violência física
que a levou à morte, ao longo de todo o processo criminal, foram levantadas
suspeitas e assim, apresentaram acusações falsas contra a moralidade da sua
vida e da sua pessoa. Ela foi vítima também de calúnia e mentiras, para tentar
defender o criminoso. Mas a justiça, graças a Deus, levou muito a sério o
processo, revelando e comprovando toda a verdade do fato que a levou a esta
morte tão violenta”, afirma.
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