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liturgia deste 2º Domingo do Advento - Ano A, de modo especial, nos propõe
uma mudança radical que nos torne pessoas de acordo com o coração de Deus. A
primeira leitura tirada do livro do Profeta Isaías nos dá uma visão do mundo
querido por Deus e pelo qual deveríamos trabalhar para que se tornasse
realidade: a harmonia reinando entre as criaturas, sejam animais racionais ou
irracionais. O Evangelho nos leva à radicalidade ao apresentar a pessoa de João
Batista: ele prega a metanoia, a mudança de mentalidade.
O
termo técnico usado pela espiritualidade ao falar de mudança de pensar e de
querer é a palavra grega metanoia. Usamos geralmente a palavra metamorfose para
falar de mudança de forma. Metanoia é mudar de cabeça, de maneira de pensar e de
agir.
João
Batista prega isso ao falar em conversão e a mostra quando se apresenta com um
modo de proceder bastante simples e voltado para aquele que virá – Jesus
Cristo!
Se
vivo voltado para mim mesmo, se sou consumista, se me fecho em meu mundinho formado
por minha família e minha roda de amigos, se desconheço a realidade que está à
minha volta e se penso apenas nos negócios da família, necessito de conversão.
Se continuo assim, nunca será Natal em minha vida, mesmo que minha casa esteja
bem iluminada e decorada, mesmo que em cada canto haja um presépio, mas será o
famoso Natal consumista, sem a presença do aniversariante porque não existe
lugar para ele com seus valores em nossa vida.
O Natal autêntico é
a abertura do coração ao Senhor para que venha até nós e se instale como
quiser. Certamente os frutos serão a fraternidade, a alegria sincera, o serviço
despretensioso, a gratuidade no ser e no agir.
Existe
uma fábula de La Fontaine - o Cordeiro e o Lobo - onde fica claro que o mais forte sempre possui
uma razão para devorar o mais fraco, mesmo que seja sem culpa alguma do
primeiro. Também nós, fechados em nosso mundo e confiantes em nossa sabedoria e
discernimento, sempre encontramos razões para continuar fazendo o que nos
agrada e julgar que sempre temos razão e os errados são os outros. Deixemo-nos
questionar pela Palavra de Deus! É a nossa salvação, a libertação de nós
mesmos! Eis o tempo propício à conversão, à mudança de mentalidade.
Se
o coração não estiver mudado, o Senhor não virá até cada um de nós. A imagem
usada pelo Batista deixa claro que para o rei poder chegar ao seu povo,
necessita de haver caminhos endireitados, caso contrário se torna impossível.
Não é que o Senhor exija caminhos, mas como entrar em um coração fechado, em
uma mente que não se abre para acolher novas ideias e para sempre deixar
outras? Como acolher o outro se temos muros que impedem o acesso a nós?
Na
Eucaristia celebramos o mundo da partilha, onde Deus e não o dinheiro é o Pai.
O caminho é o da austeridade de vida e o da solidariedade. E isso com todos os
bens que possuímos, desde os materiais até os espirituais, passando pelos
psicológicos, os afetivos, os intelectuais. O sacrificar-se pelo outro e até a
própria liberdade se for o caso, faz parte dessa dinâmica, pois Eucaristia é o
sacrifício da Vida, realizado pelo Amor, partilhada em favor de todos.
A
segunda leitura nos ensina que essa acolhida será para todos os homens, sejam
fracos ou fortes, sem preconceito algum. Mas ela também nos diz a necessidade
de unirmos nossos sentimentos, a exemplo de Jesus Cristo.
Além
disso é preciso criar raízes. Nos primeiros tempos da Evangelização do Brasil,
os nossos índios, após um tempo em que os missionários estavam contentes pelos
aparentes frutos colhidos, voltavam aos antigos costumes, deixando com isso os
missionários muito tristes com a falta de perseverança dos nativos. É
necessário mudança radical!
Nesse
segundo domingo peçamos ao Senhor que invada nosso coração e aplaine nossa
afetividade, corrija nossos valores e derrube nossos muros. Que nossa vida, com
toda sua riqueza seja colocada em favor da paz, da harmonia entre os homens.
Que a paz e a beleza da noite de Natal, quando veio ao mundo o Príncipe da Paz,
não seja impedida pelo nosso egoísmo, mas permitida pelo nosso querer e agir,
pelo nosso coração. Advento/Natal é tempo de amar, tempo de mudar de vida para
amar mais, em plenitude.
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