TÃO SUBLIME SACRAMENTO!
Reflexão do Cardeal Odilo Scherer
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solenidade de CORPUS
CHRISTI que acontece nesta quinta-feira, 08, nos coloca diante do grande tesouro da Igreja, a Eucaristia. Todos os
domingos celebramos, e também todos os dias; desta vez, porém, nossa atenção
concentra-se sobre o próprio Mistério da Eucaristia; acolhendo mais uma vez
este dom inefável, adoramos, agradecemos, louvamos e nos alegramos no Senhor.
Os textos da liturgia de Corpus Christi fazem menção a diversos
significados e percepções da fé da Igreja na Eucaristia. É “memorial” da
paixão, instituída por Cristo na última ceia, pouco antes de padecer a cruz. As
palavras de Jesus dão significado ao gesto da entrega do pão e do vinho aos
apóstolos: “é meu corpo entregue por vós; é meu sangue, derramado por vós”.
Jesus refere-se àquilo que aconteceria logo em seguida: ele se
entregou “por” nós sobre a cruz, em nosso favor; seu sangue derramado é
redentor, como para os hebreus, no Egito, foi o sangue dos cordeiros pascais,
untado nos umbrais das portas. A última ceia de Jesus com os apóstolos era a
ceia da Páscoa judaica, na qual se comia o cordeiro pascal. Jesus lhe dá novo
significado, como “ceia da nova e eterna aliança”, selada no seu próprio
sangue.
A Liturgia faz constantes referências a este aspecto “sacrifical”
da Eucaristia, ceia pascal dos cristãos. Antes da comunhão, a Eucaristia é
apresentada ao povo com estas palavras: “eis o cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo”. Na cruz, Jesus é o “cordeiro imolado” entregue inteiramente
pela nossa redenção, “para que não pereça todo aquele que nele crê”. Por esta
“entrega por nós”, alcançamos misericórdia, perdão e vida sem fim.
A Eucaristia é também “sinal de unidade e vínculo da caridade” (S.
Agostinho). Chamando a atenção da comunidade de Corinto para a dignidade da
celebração Eucarística, Paulo recorda que “o pão que partimos é comunhão com o
corpo e o sangue de Cristo” e, portanto, “nós todos somos um só corpo”, em
Cristo (cf 1Cor 10,16-17).
No Prefácio da Santa Eucaristia, o celebrante proclama: “fazeis de
todos nós um só coração, iluminais os povos com a luz da mesma fé e congregais
os cristãos numa mesma caridade”. A Eucaristia é banquete de irmãos à mesma
mesa, unidos todos numa só família, “em Cristo”. Nela, nossa comunhão no amor
de Cristo e na mesma fé da Igreja é significada e realizada. Por isso, o
dissenso da fé eclesial e a orientação individualista e egoísta da vida são
atitudes contrárias à participação neste sacramento.
A Eucaristia é também “pão da vida eterna”. Após o milagre da
multiplicação dos pães e dos peixes, Jesus convida as pessoas a procurarem “o
pão vivo descido do céu”, que é ele próprio: “eu sou o pão vivo descido do céu.
Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne
para a vida do mundo” (Jo. 6,51). Cristo quer continuar a ser o alimento
da nossa fé. E quem dele se nutre, “viverá para sempre” (cf Jo.6,58).
A Eucaristia é celebrada aqui na terra “até que Ele venha”. Por
isso, ela também é sinal e anúncio profético da grande esperança que vem da
nossa fé: aquilo que acolhemos na penumbra da fé e celebramos por sinais na
terra, é o mesmo que ainda esperamos e se tornará plenamente manifesto na vida
eterna: “anunciamos, Senhor, a vossa morte e proclamamos a vossa ressurreição.
Vinde, Senhor Jesus!”.
Quanta riqueza, na Eucaristia! Não é sem razão que, em Corpus
Christi, a Igreja adora e aclama este “sublime Sacramento” – “Sacramento de
Jesus Cristo e da sua Igreja”! Vinde, todos, adoremos e rendamos graças ao
Senhor!
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