Cônego Rui José de Barros Guerreiro
SEREIS PARA MIM UMA NAÇÃO SANTA
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pós o
pecado dos primeiros pais Deus prometeu-lhes a vinda dum salvador que os
libertasse da escravidão do demónio. Muitos séculos mais tarde chamaram Abraão
para fazer dele o pai dum grande povo. Nele seriam abençoadas todas as nações
da terra.
Passados
quatrocentos anos Deus tirou os descendentes de Abraão da escravidão do Egipto
e conduziu-os pela mão de Moisés para a terra de Israel, que prometera ao santo
patriarca. No deserto do Sinai celebrou com eles uma aliança. Seriam o Seu
povo, que Ele protegeria entre todos os povos da terra. E eles comprometiam-se
a cumprir as leis que o Senhor lhes entregava. Ensinou-os por meio de Moisés e
dos profetas, preparando-os para a chegada do Messias.
O
povo de Israel foi como que um alfobre preparado por Deus. Dele sairia o
Messias para levar a Sua luz a todos os povos da terra, como prometera a
Abraão.
Esse
povo foi muitas vezes infiel à aliança. O cativeiro de Babilónia serviu para o
purificar. O Senhor anunciou então, pelos profetas, uma nova aliança.
Derramaria sobre os seus corações uma água pura e escreveria neles a Sua lei.
Jesus
veio lavar-nos com o Seu sangue e santificar os corações pela água do Baptismo.
Foi Ele o mediador da aliança nova e eterna e o fundador do novo Povo de Deus,
a Santa Igreja.
RECONCILIADOS COM DEUS
Pelo
Batismo fomos reconciliados com Deus no sangue de Jesus e ficámos a fazer parte
da Sua Igreja. Ele entregou-se por ela para que fosse santa e imaculada a Seus
olhos (Ef.5,25-26). No Credo dizemos: Creio na Igreja Santa. E é-o de verdade.
Formada por pecadores não deixa de ser santa, porque tem em si a fonte da graça
e é guiada e santificada pelo Espírito Santo, que transforma os corações dos
seus membros. É formada pelos santos do Céu, que chegaram já à meta, pelas
almas do Purgatório, que se purificam dos restos do pecado e pelos que, na
terra, receberam a graça do Baptismo, que os torna santos. Apoiados pela graça
e conduzidos pela ação do Paráclito, vamos lutando por alcançar a santidade a
que Deus nos chama.
Somos
de verdade, como diz S. Pedro, o povo santo de Deus: “Vós, porém, sois uma
geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo adquirido por
Deus, para que publiqueis as perfeições d’Aquele que das trevas vos chamou à
luz admirável.
Vós, que outrora “não éreis Seu povo”, agora
sois povo de Deus: vós, “que não tínheis alcançado misericórdia”, agora
alcançastes misericórdia (1Ped 2, 9).
Alguns
olham para os defeitos dos cristãos e não conseguem reconhecer a santidade da
Igreja. Para nós a sorte é que a Igreja tenha pecadores, senão estaríamos nós
excluídos da salvação. Mas não podemos ficar tranquilamente em nossos pecados.
Temos de lutar por lavá-los uma vez e outra e parecer-nos com Cristo. Temos de
dar testemunho da santidade da Igreja com as nossas vidas.
Caríssimos, - continua o Apóstolo – rogo-vos
que, como estrangeiros e peregrinos nesta terra, vos abstenhais dos desejos
carnais que combatem contra a alma. Comportai-vos exemplarmente entre os
gentios, para que, mesmo naquilo que vos caluniam como malfeitores, cheguem,
reparando nas vossas boas obras, a dar glória a Deus no dia em que Ele os
visitar. (1Ped 2,10)
OS DOZE APÓSTOLOS
Jesus
escolheu os Doze para andarem com Ele e para os preparar para a missão de
anunciar a Boa Nova a todos os homens. Escolheu homens com defeitos. Um deles
viria mesmo a atraiçoá-Lo. O Senhor sabia disso e quis ensinar-nos a vê-Lo a
Ele nos que pôs à frente da Sua Igreja ao longo dos tempos. Muitos foram
grandes santos, outros nem tanto, alguns até escandalizaram com a sua vida.
Há
anos, na visita de Bento XVI aos Estados Unidos os meios de comunicação puseram
em primeiro plano escândalos de sacerdotes. Alguns aproveitaram isto para
atacar a Igreja, exagerando e falando só das coisas negativas.
Alguns
casos foram verdadeiros, o que o Santo Padre deplorou. Mas foi apenas uma
pequeníssima minoria de sacerdotes. Noutras profissões, como de professores, a
percentagem era bem maior -dizia, há anos, um estudo realizado. Mas disso não
falavam os jornalistas.
Jesus
correu o risco de escolher homens com defeitos. Ele quer que rezemos por
sacerdotes e bispos. E para que haja vocações e os seminários funcionem bem.
Não atiramos pedras aos outros. A Igreja condena os erros seja de quem for, mas
ama as pessoas e oferece-lhes sempre o perdão de Deus.
Não
é assim com os meios de comunicação. Primeiro incitam as pessoas a fazer o mal,
defendendo todas as perversões e empurrando-as para elas com espetáculos
degradantes que apresenta. Depois vêm para a praça pública julgá-las e
condená-las sem lhes dar sequer possibilidade de se defender.
Jesus
entregou aos Apóstolos e aos seus sucessores até ao fim dos tempos os Seus
poderes divinos: ensinar o Seu Evangelho, santificar as almas com a Eucaristia
e os outros sacramentos e guiá-las em Seu nome e com a Sua autoridade. A Igreja
de Cristo é Apostólica. Está fundada sobre Pedro e os Apóstolos. E só essa é a
Igreja de Cristo em que podemos encontrar a salvação.
O
demónio fez guerra à Igreja ao longo dos séculos. Através das perseguições, das
heresias, dos escândalos de alguns eclesiásticos, através de cismas e divisões.
Mas não conseguirá destrui-la e vencê-la, como Jesus prometeu a Pedro: “Tu és
Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).
Temos
de estar bem seguros e dizer com entusiasmo: Creio na Igreja Una, Santa, Católica
e Apostólica. Temos de estar bem unidos ao sucessor de Pedro e agradecer a
Jesus os papas extraordinários que tem dado à Sua Igreja nos últimos séculos.
É
muito bonita a história contada pelo grande escritor inglês Chesterton,
convertido à fé católica: Um dia foi bater à porta do faraó um mendigo de
cabelos desgrenhados que lhe disse: -passa para cá os teus tesouros. O faraó no
seu trono disse aos soldados: – expulsai daqui este insolente. Mas o mendigo
respondeu-lhe: -Eu sou mais forte do que tu. Eu sou o tempo.
O
mendigo foi bater à porta de outros grandes impérios e a cena foi-se repetindo.
Um
dia apareceu na praça de S. Pedro, em Roma e encontrou-se com um velhinho
vestido de branco que lhe disse: – Bem-vindo, ó tempo. Eu sou mais forte do que
tu: eu sou a eternidade.
Vamos
rezar mais pelo Santo Padre e estar atentos aos seus ensinamentos. E peçamos à
Virgem, Mãe da Igreja, que os cristãos saibam estar bem unidos a ele.
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