sábado, 17 de junho de 2023

REFLEXÃO LITÚRGICA DO 11º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 18/06/2023

Cônego Rui José de Barros Guerreiro

SEREIS PARA MIM UMA NAÇÃO SANTA

A

pós o pecado dos primeiros pais Deus prometeu-lhes a vinda dum salvador que os libertasse da escravidão do demónio. Muitos séculos mais tarde chamaram Abraão para fazer dele o pai dum grande povo. Nele seriam abençoadas todas as nações da terra.

Passados quatrocentos anos Deus tirou os descendentes de Abraão da escravidão do Egipto e conduziu-os pela mão de Moisés para a terra de Israel, que prometera ao santo patriarca. No deserto do Sinai celebrou com eles uma aliança. Seriam o Seu povo, que Ele protegeria entre todos os povos da terra. E eles comprometiam-se a cumprir as leis que o Senhor lhes entregava. Ensinou-os por meio de Moisés e dos profetas, preparando-os para a chegada do Messias.

O povo de Israel foi como que um alfobre preparado por Deus. Dele sairia o Messias para levar a Sua luz a todos os povos da terra, como prometera a Abraão.

Esse povo foi muitas vezes infiel à aliança. O cativeiro de Babilónia serviu para o purificar. O Senhor anunciou então, pelos profetas, uma nova aliança. Derramaria sobre os seus corações uma água pura e escreveria neles a Sua lei.

Jesus veio lavar-nos com o Seu sangue e santificar os corações pela água do Baptismo. Foi Ele o mediador da aliança nova e eterna e o fundador do novo Povo de Deus, a Santa Igreja.

RECONCILIADOS COM DEUS

Pelo Batismo fomos reconciliados com Deus no sangue de Jesus e ficámos a fazer parte da Sua Igreja. Ele entregou-se por ela para que fosse santa e imaculada a Seus olhos (Ef.5,25-26). No Credo dizemos: Creio na Igreja Santa. E é-o de verdade. Formada por pecadores não deixa de ser santa, porque tem em si a fonte da graça e é guiada e santificada pelo Espírito Santo, que transforma os corações dos seus membros. É formada pelos santos do Céu, que chegaram já à meta, pelas almas do Purgatório, que se purificam dos restos do pecado e pelos que, na terra, receberam a graça do Baptismo, que os torna santos. Apoiados pela graça e conduzidos pela ação do Paráclito, vamos lutando por alcançar a santidade a que Deus nos chama.

Somos de verdade, como diz S. Pedro, o povo santo de Deus: “Vós, porém, sois uma geração escolhida, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo adquirido por Deus, para que publiqueis as perfeições d’Aquele que das trevas vos chamou à luz admirável.

 Vós, que outrora “não éreis Seu povo”, agora sois povo de Deus: vós, “que não tínheis alcançado misericórdia”, agora alcançastes misericórdia (1Ped 2, 9).

Alguns olham para os defeitos dos cristãos e não conseguem reconhecer a santidade da Igreja. Para nós a sorte é que a Igreja tenha pecadores, senão estaríamos nós excluídos da salvação. Mas não podemos ficar tranquilamente em nossos pecados. Temos de lutar por lavá-los uma vez e outra e parecer-nos com Cristo. Temos de dar testemunho da santidade da Igreja com as nossas vidas.

 Caríssimos, - continua o Apóstolo – rogo-vos que, como estrangeiros e peregrinos nesta terra, vos abstenhais dos desejos carnais que combatem contra a alma. Comportai-vos exemplarmente entre os gentios, para que, mesmo naquilo que vos caluniam como malfeitores, cheguem, reparando nas vossas boas obras, a dar glória a Deus no dia em que Ele os visitar. (1Ped 2,10)

OS DOZE APÓSTOLOS

Jesus escolheu os Doze para andarem com Ele e para os preparar para a missão de anunciar a Boa Nova a todos os homens. Escolheu homens com defeitos. Um deles viria mesmo a atraiçoá-Lo. O Senhor sabia disso e quis ensinar-nos a vê-Lo a Ele nos que pôs à frente da Sua Igreja ao longo dos tempos. Muitos foram grandes santos, outros nem tanto, alguns até escandalizaram com a sua vida.

Há anos, na visita de Bento XVI aos Estados Unidos os meios de comunicação puseram em primeiro plano escândalos de sacerdotes. Alguns aproveitaram isto para atacar a Igreja, exagerando e falando só das coisas negativas.

Alguns casos foram verdadeiros, o que o Santo Padre deplorou. Mas foi apenas uma pequeníssima minoria de sacerdotes. Noutras profissões, como de professores, a percentagem era bem maior -dizia, há anos, um estudo realizado. Mas disso não falavam os jornalistas.

Jesus correu o risco de escolher homens com defeitos. Ele quer que rezemos por sacerdotes e bispos. E para que haja vocações e os seminários funcionem bem. Não atiramos pedras aos outros. A Igreja condena os erros seja de quem for, mas ama as pessoas e oferece-lhes sempre o perdão de Deus.

Não é assim com os meios de comunicação. Primeiro incitam as pessoas a fazer o mal, defendendo todas as perversões e empurrando-as para elas com espetáculos degradantes que apresenta. Depois vêm para a praça pública julgá-las e condená-las sem lhes dar sequer possibilidade de se defender.

Jesus entregou aos Apóstolos e aos seus sucessores até ao fim dos tempos os Seus poderes divinos: ensinar o Seu Evangelho, santificar as almas com a Eucaristia e os outros sacramentos e guiá-las em Seu nome e com a Sua autoridade. A Igreja de Cristo é Apostólica. Está fundada sobre Pedro e os Apóstolos. E só essa é a Igreja de Cristo em que podemos encontrar a salvação.

O demónio fez guerra à Igreja ao longo dos séculos. Através das perseguições, das heresias, dos escândalos de alguns eclesiásticos, através de cismas e divisões. Mas não conseguirá destrui-la e vencê-la, como Jesus prometeu a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16,18).

Temos de estar bem seguros e dizer com entusiasmo: Creio na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Temos de estar bem unidos ao sucessor de Pedro e agradecer a Jesus os papas extraordinários que tem dado à Sua Igreja nos últimos séculos.

É muito bonita a história contada pelo grande escritor inglês Chesterton, convertido à fé católica: Um dia foi bater à porta do faraó um mendigo de cabelos desgrenhados que lhe disse: -passa para cá os teus tesouros. O faraó no seu trono disse aos soldados: – expulsai daqui este insolente. Mas o mendigo respondeu-lhe: -Eu sou mais forte do que tu. Eu sou o tempo.

O mendigo foi bater à porta de outros grandes impérios e a cena foi-se repetindo.

Um dia apareceu na praça de S. Pedro, em Roma e encontrou-se com um velhinho vestido de branco que lhe disse: – Bem-vindo, ó tempo. Eu sou mais forte do que tu: eu sou a eternidade.

Vamos rezar mais pelo Santo Padre e estar atentos aos seus ensinamentos. E peçamos à Virgem, Mãe da Igreja, que os cristãos saibam estar bem unidos a ele.

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