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urante o
ano inteiro celebramos a vida de Cristo, desde a sua Encarnação no seio da
Virgem Maria, passando pelo seu Nascimento, Paixão, Morte, Ressurreição, até a
sua Ascensão e a vinda do Espírito Santo.
Mas
enquanto civilmente se comemoram fatos passados que aconteceram uma vez e não
acontecerão mais (muito embora esses fatos influenciem a nossa vida até os
dias de hoje), no Ano Litúrgico, além da comemoração, vivemos na
atualidade, no dia a dia de nossas vidas, todos os aspectos da salvação operada
por Cristo. A celebração dos acontecimentos da Salvação é atualizada, tornada
presente na vida atual dos que creem. Por exemplo: no dia 7 de Setembro
comemoramos o Dia da Independência do Brasil.
Pois
bem, esse fato aconteceu uma única vez na História do mundo. Já do ponto de
vista religioso, no Ano Litúrgico, a cada Natal é Cristo que nasce no meio das
famílias humanas, é Cristo que sofre e morre na cruz na Semana Santa, é Cristo
que ressuscita na Páscoa, é Cristo que derrama o Espírito Santo sobre a Igreja
no dia de Pentecostes. De forma que, ao fazermos memória das atitudes e dos
fatos ocorridos com Jesus no passado, essas mesmas atitudes e fatos tornam-se
presentes e atuantes, acontecem hoje, no aqui e agora da vida dos crentes.
ORGANIZAÇÃO DO ANO
LITÚRGICO
Com base
no que comentamos acima, podemos perceber que existiu a necessidade de
organizarmos essas comemorações. E assim a Igreja fez, ao longo de séculos,
estabelecendo um calendário de datas a serem seguidas, que ficou sendo
denominado de “Ano Litúrgico” ou “Calendário Litúrgico”.
O
Ano Civil começa em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro. Já o Ano
Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do
Natal) e termina no sábado anterior a ele. Podemos perceber, também, que o
Ano Litúrgico está dividido em “Tempos Litúrgicos”, como veremos a seguir.
Antes,
porém, vale a pena lembrar que o Ano Litúrgico é composto de dias, e que esses
dias são santificados pelas celebrações litúrgicas do povo de Deus,
principalmente pelo Sacrifício Eucarístico e pela Liturgia das Horas. Por esses
dias serem santificados, eles passam a ser denominados dias litúrgicos. A
celebração do Domingo e das Solenidades, porém, começa com as Vésperas (na
parte da tarde) do dia anterior.
Dentre
os Dias Litúrgicos da semana, no primeiro dia, ou seja, no Domingo (Dia do
Senhor), a Igreja celebra o Mistério Pascal de Jesus, obedecendo à tradição
dos Apóstolos. Por esse motivo, o Domingo deve ser tido como o principal dia de
festa.
Cada
rito litúrgico da Igreja Católica tem o seu Calendário Litúrgico próprio, com
mais ou menos diferenças em relação ao Calendário Litúrgico do Rito romano, o
mais conhecido. No entanto, para todos os ritos litúrgicos é idêntico o
significado do Ano litúrgico, assim como a existência dos diversos tempos
litúrgicos e das principais festas litúrgicas.
A
Igreja estabeleceu, para o Rito romano, uma sequência de leituras bíblicas que
se repetem a cada três anos, nos domingos e nas solenidades. As leituras desses
dias são divididas em ano A, B e C. No ano A leem-se as leituras do Evangelho
de São Mateus; no ano B, o de São Marcos e no ano C, o de São Lucas. Já o
Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente as
grandes Festas e Solenidades.
Nos
dias da semana do Tempo Comum, há leituras diferentes para os anos pares e para
os anos ímpares, tirando o Evangelho, que se repete de ano a ano. Deste modo,
os católicos, de três em três anos, se acompanharem a liturgia diária, terão
lido quase toda a Bíblia.
TEMPOS LITÚRGICOS
Estes
tempos litúrgicos existem em toda a Igreja Católica. Há apenas algumas
diferenças entre os vários ritos, nomeadamente em relação à duração de cada um
e à data e importância de determinadas festividades. A descrição que se segue
corresponde ao Rito romano.
TEMPO DO ADVENTO
O Tempo
do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as
solenidades do Natal, em que comemoramos a primeira vinda do Filho de Deus
entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, se voltam
os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos.
Por esse duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa
expectativa da vinda do Messias, além de se apresentar como um tempo de
purificação de vida.
O
tempo do Advento inicia-se quatro domingos antes do Natal e termina no dia 24
de dezembro, desembocando na comemoração do nascimento de Cristo. É um tempo de
festa, mas de alegria moderada.
TEMPO DO NATAL
Após a
celebração anual da Páscoa, a comemoração mais venerável para a Igreja é o
Natal do Senhor e suas primeiras manifestações, pois o Natal é um tempo de fé,
alegria e acolhimento do Filho de Deus que se fez Homem. O tempo do Natal vai
da véspera do Natal de Nosso Senhor até o domingo depois da festa da Epifania,
em que se comemora o Batismo de Jesus. No ciclo do Natal são celebradas as
festas da Sagrada Família, de Santa Maria, Mãe de Deus e do Batismo de Jesus.
TEMPO DA QUARESMA
O Tempo
da Quaresma é um tempo forte de conversão e penitência, jejum, esmola e oração.
É um tempo de preparação para a Páscoa do Senhor, e dura cerca de quarenta
dias. Neste período não se diz o Aleluia, nem se colocam flores na Igreja, não
devem ser usados muitos instrumentos e não se canta o Glória a Deus nas
alturas, para que as manifestações de alegria sejam expressas de forma mais
intensa no tempo que se segue, a Páscoa.
A
Quaresma inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, e termina na manhã de
Quinta-feira Santa.
TRÍDUO PASCAL
O Tríduo
Pascal começa com a Missa da Santa Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa. Neste
dia, é celebrada a Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, e comemora-se o
gesto de humildade de Jesus ao lavar os pés dos discípulos.
Na
Sexta-Feira Santa celebra-se a Paixão e Morte de Jesus Cristo. É o único dia do
ano que não tem Missa, acontece apenas uma Celebração da Palavra chamada de
“Ação ou Ato Litúrgico”.
Durante
o Sábado Santo, a Igreja não exerce qualquer ato litúrgico, permanecendo em
contemplação de Jesus morto e sepultado. Na noite de Sábado Santo, já
pertencente ao Domingo de Páscoa, acontece a solene Vigília pascal. Conclui-se,
então, o Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-Feira, Sexta-Feira e o Sábado
Santo, que prepara o ponto máximo da Páscoa: o Domingo da Ressurreição.
TEMPO PASCAL
A Festa
da Páscoa ou da Ressurreição do Senhor, se estende por cinquenta dias entre o
domingo de Páscoa e o domingo de Pentecostes, comemorando a volta de Cristo ao
Pai na Ascensão, e o envio do Espírito Santo. Estas sete semanas devem ser
celebradas com alegria e exultação, como se fosse um só dia de festa, ou,
melhor ainda, como se fossem um grande domingo, vivendo uma espiritualidade de
alegria no Cristo Ressuscitado e crendo firmemente na vida eterna.
TEMPO COMUM
Além dos
tempos que têm características próprias, restam no ciclo anual trinta e três ou
trinta e quatro semanas nas quais são celebrados, na sua globalidade, os
Mistérios de Cristo. Comemora-se o próprio Mistério de Cristo em sua plenitude,
principalmente aos domingos. É um período sem grandes acontecimentos, mas que
nos mostra que Deus se faz presente nas coisas mais simples. É um tempo de
esperança acolhimento da Palavra de Deus. Este tempo é chamado de Tempo Comum,
mas não tem nada de vazio. É o tempo da Igreja continuar a obra de Cristo nas
lutas e no trabalho pelo Reino.
O
Tempo Comum é dividido em duas partes: a primeira fica compreendida entre os
tempos do Natal e da Quaresma, e é um momento de esperança e de escuta da
Palavra onde devemos anunciar o Reino de Deus.
A
segunda parte fica entre os tempos da Páscoa e do Advento, e é o momento de o
cristão colocar em prática a vivência do Reino e ser sinal de Cristo no mundo,
ou como o mesmo Jesus disse, ser sal da terra e luz do mundo.
O Tempo Comum é ainda tempo privilegiado para celebrar as memórias da Virgem Maria e dos Santos.
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