Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
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Livro de Neemias nos dá um relato do que
poderíamos chamar a “primeira celebração da Palavra”. Ela foi realizada
quando se percebeu a desordem que havia no meio do povo, onde cada um fazia o
que desejava. Por ignorância, não se praticava a Lei e o caos imperava.
Esdras,
doutor da Lei mosaica, foi enviado por Artaxerxes, rei persa, a Jerusalém, para
colocar ordem na cidade.
Ele
preparou o povo e esperou o primeiro dia do novo ano para fazer uma solene
celebração litúrgica, com todas as pessoas capazes de compreender.
Os
convocados compareceram, com absoluta boa vontade e sabiam que a solenidade
duraria muitas horas, e na verdade era o Senhor quem os convocava.
Esdras,
consciente de que o momento era emblemático, usou de sua sensibilidade para
demonstrar ao povo a grandeza do momento: mandou erguer um estrado de madeira,
em um lugar visível a todos, e nele criou um ponto elevado para ser o
local da tribuna, onde seria proclamada a Lei do Senhor. Era necessário
que todos o vissem e ouvissem quando fosse abrir o livro e fazer sua leitura.
Quando
isso aconteceu, o povo todo ficou de pé e o ouvia com atenção. Esdras explicava
seu sentido para que o povo pudesse compreender a leitura. Ao final da
proclamação o povo disse Amém! Amém! e se prostrou por terra. Era o Senhor que
falava através de Esdras e a prostração foi o sinal de que todos estavam
conscientes disso.
O
povo, conhecedor de suas próprias falhas, chorava, contudo Esdras chamava-lhes
a atenção para o aspecto da amizade de Deus; ela é mais importante que tudo,
daí não chorar, mas festejar. Mais ainda, a alegria do Senhor é e será a força
do povo. Por outro lado, sentir-se pecador, deve ser celebrado com alegria,
pois ter essa consciência é um dom de Deus!
São
Lucas, logo no início de seu Evangelho, escreveu: “...história dos
acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por
aqueles ministros da palavra”. O evangelista nos diz que o que vai narrar
não é uma fábula, mas aconteceu realmente e nos foi transmitido pelos
servidores de Jesus Cristo, o personagem central de seus relatos.
Para
mostrar a todos a excelência de Jesus dentro da tradição dos profetas, Lucas
recorda o dia em que o Mestre, com trinta anos de idade, foi à sinagoga e o
presidente dela convidou-o a fazer a segunda leitura do dia. Jesus abriu o rolo
que continha os escritos que falavam sobre sua vinda, mas indecifráveis até
então. Escolheu o texto do profeta Isaías que diz: “O Espírito do Senhor
está sobre mim e...enviou-me a anunciar a boa nova aos pobres”. Ao enrolar
o volume e entregá-lo ao assistente, Jesus diz, com esse gesto, que todos os
escritos do Antigo Testamento acabaram, naquele instante, de cumprir sua
missão: conduzir as pessoas até ele. Por isso podem ser enrolados e guardados.
Nesse
exato momento, todos os olhos estão voltados para ele. Todos desejam ouvir o
que o Mestre irá dizer. Começaram os novos tempos!
Se
hoje continuamos a ler textos do Antigo Testamento, os lemos antes dos do Novo,
pois eles são indispensáveis para nossa preparação à acolhida de Jesus Cristo.
A partir da homilia de Jesus, após as leituras bíblicas, sabemos que ela deverá estar dentro da realidade das pessoas e sempre ser mensagem de alegria, de esperança em Deus.
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