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I |
niciamos
um novo ciclo na vida da Igreja: o Tempo do Advento. Este período, que culmina
na celebração do Natal, não é apenas uma contagem regressiva para uma festa,
mas um convite profundo à vigilância e à esperança em meio às
distrações do nosso dia a dia.
As leituras do Primeiro Domingo do Advento (Ano A)
nos oferecem um roteiro claro para este despertar espiritual, contrastando a
sonolência do mundo com a urgência do Reino de Deus.
O Evangelho de Mateus utiliza a imagem perturbadora do
dilúvio: "como nos dias de Noé [...] comiam, bebiam [...] e não perceberam
nada". Jesus alerta que Sua vinda — seja no fim dos tempos, seja no fim de
nossas próprias vidas — será súbita.
Esta passagem não busca nos amedrontar, mas nos fazer
refletir: Com o que estamos realmente ocupados? Nossas rotinas diárias, embora
necessárias, podem nos anestesiar para a realidade maior da nossa existência e
do nosso destino eterno. A vigilância cristã não é ansiedade, mas sim uma
prontidão alegre e consciente, que se manifesta em viver com propósito, amor e
caridade agora, e não amanhã.
Em contrapartida à sobriedade do Evangelho, a profecia
de Isaías nos inunda de esperança. Ele vislumbra um futuro glorioso onde as
nações afluem ao monte do Senhor. O mais impactante é a imagem das armas de
guerra transformadas em ferramentas de paz: "Transformarão suas espadas em
arados e suas lanças em foices".
Este texto é um poderoso lembrete de que o Advento é
um tempo de conversão ativa. Somos chamados a ser agentes dessa
transformação, começando em nossos próprios corações e lares, buscando a paz
onde há conflito e a justiça onde há opressão.
São Paulo na Carta aos Romanos é direto e pragmático:
"Já é hora de despertar". Ele nos desafia a abandonar "as obras
das trevas" (bebedeiras, desonestidade, ciúmes) e a "revestir-nos do
Senhor Jesus Cristo".
O Advento é, essencialmente, uma "troca de
roupa" espiritual. É deixar de lado o que nos afasta de Deus e do próximo,
e assumir a identidade de Cristo.
Neste Primeiro Domingo do Advento, a mensagem é clara: Acorde! O Senhor está vindo. Que aproveitemos este tempo para alinhar nossas vidas à esperança que celebramos. Que nossa vigilância se traduza em ações concretas de paz e nossa esperança nos inspire a "caminhar na luz do Senhor". É tempo de preparar o caminho, não apenas para o bebê na manjedoura, mas para o Cristo que vive e reina em nosso meio.

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