Pe. Sérgio Dinis
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cada ano, na QUARTA-FEIRA DE CINZAS, os católicos iniciam o tempo da QUARESMA,
tempo no qual a liturgia da Igreja Católica nos convida a uma reflexão e
atuação sobre as nossas vidas, sobre o seu sentido, a sua origem, a sua missão,
o seu destino último.
Trata-se, portanto, de um tempo forte para a conversão que – em teologia e vida cristã – significa uma adequação
de nosso ser, existir e atuar à própria vida de Jesus Cristo, ao seu evangelho,
aos seus valores, às suas convicções, à sua proposta de vida: gastar a vida ao
serviço do evangelho, ou seja, a favor dos outros, especialmente dos mais
necessitados, para obter a vida eterna, a vida feliz, a vida plena.
Por isso, a Quaresma é um caminho bíblico,
pastoral, litúrgico e existencial, para cada crente, pessoalmente, e para a
comunidade cristã em geral, que começa com as cinzas e conclui com a noite da
luz, a noite do fogo e da luz: a noite santa da Páscoa de Ressurreição de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
A Quaresma simboliza, assinala e recorda um passo,
uma Páscoa, um itinerário a seguir de maneira permanente: a passagem do nada à
existência, das trevas à luz, da morte à vida, do insignificante à vida
abundante em Deus, por meio de seu Filho Jesus Cristo. E é que converter-nos
significa destruir, deixar para trás, queimar, tornar cinzas o homem velho, o
homem-sem-Cristo, para revestir-nos do homem novo, o homem-no-espírito, que é
fogo novo no mundo.
Na quarta-feira de Cinzas, enquanto o sacerdote
impõe as cinzas ao penitente, diz estas duas expressões alternadamente: “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”
e/ou “Lembra-te, que és pó e ao pó hás de voltar”. Sinal e palavras que expressam a nossa condição
de criaturas, a nossa absoluta dependência de Deus, o nosso peregrinar rumo a
uma pátria definitiva, a nossa caducidade…
A Quarta-Feira de Cinzas em particular e a Quaresma
em geral, são um tempo litúrgico e um convite a voltar nosso olhar e vida para
Deus e aos princípios do Evangelho. Assim, se a Quaresma é tempo para a
conversão, para melhorar no processo de humanização pessoal e comunitário,
então a Quaresma coincide com a própria vida de todo crente, com o ser e missão
de toda a Igreja e com a vocação da comunidade humana inteira.
A Quaresma é um convite a mudar aquilo que temos de
mudar, na busca de ser melhor e mais feliz, um convite a construir em vez de
destruir e a olhar e voltar para formas de vida mais justas, mais solidárias,
mais humanas. A Quaresma é um convite a buscar diligentemente novas formas de
ser e fazer Igreja, sendo melhores e mais autênticos discípulos do Crucificado
Ressuscitado.
O tempo litúrgico da Quaresma – como a nossa
própria existência – é percorrido com o olhar dirigido para a Páscoa da
Ressurreição e para a Páscoa definitiva em Deus. Páscoa de vida abundante que
se opõe a toda forma de discriminação e de envelhecimento do ser humano, da sua
dignidade, a toda forma de atropelo e violência, a toda forma de mentira,
maldade e morte, a toda forma de corrupção e divisão, a toda forma de
marginalização e opressão. Porque a Páscoa, como ponto de chegada, cume e
superação da Quaresma, é absoluta novidade de vida, da vida abundante que Deus
nos oferece e à qual Deus nos convida neste tempo e em todo momento.
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