quinta-feira, 13 de março de 2014

SOMOS PÓ E FIM

James Magalhães de Medeiros
James Magalhães de Medeiros
Grupo Mãos Dadas
MFC Maceió

E
is que estamos a viver mais uma quaresma. Através do profeta Joel somos convidados a voltar para o Senhor com o coração, com jejuns, lágrimas e gemidos. Na leitura da segunda carta de São Paulo aos Coríntios somos todos levados para no conciliar com Deus. Finalmente, no evangelho de Jesus Cristo, segundo Mateus, somos conduzidos para sermos humildes em nossa vida cristã, a fim de que possamos receber a recompensa do Pai.

Nesse contexto, três pontos se destacam para o nosso recolhimento cristão: o jejum, a oração, e a humildade, num mundo de consumo, excludente e capitalista, que fomenta a cultura do bem-estar.

Com muita sabedoria, a Igreja Católica nos convida para a Campanha da Fraternidade deste ano com o lema: É para a liberdade que Cristo nos libertou (Gl 5,1), e o tema: Fraternidade e tráfico humano, a ser pensada durante a quaresma, como itinerário de libertação pessoal, comunitária e social. Nas sábias palavras do papa Francisco, ditas em Lampedusa, na Itália (2013): “A cultura do bem-estar, que nos leva a pensar em nós mesmos, torna-nos insensíveis aos gritos dos outros; faz-nos viver como se fôssemos bolhas de sabão: são bonitas, mas não são nada, são pura ilusão do fútil, do provisório. Esta cultura do bem-estar leva à indiferença a respeito dos outros; antes, leva à globalização da indiferença. Habituamo-nos ao sofrimento do outro; não nos diz respeito, não nos interessa, não é responsabilidade nossa!”.

Na ilusão de ter uma vida melhor, muitas pessoas são vítimas de organizações criminosas, transformando-se em objeto do tráfico humano, considerada uma das atividades mais rentáveis nos últimos anos, chamando a atenção de organismos e governos do mundo para o combate imediato a esse tipo de crime. No editorial do jornal Gazeta de Alagoas, do dia 05/03, segundo a Organização das Nações Unidas, o tráfico de pessoas movimenta anualmente 32 bilhões de dólares em todo o mundo, sendo que 85% são para exploração sexual, cujas vítimas são crianças e adolescentes e de comunidades carentes.

Vamos aproveitar bem o momento quaresmal para meditarmos sobre a Campanha da Fraternidade de 2014, e também mudarmos a nossa vida e tomarmos decisões em torno de questões tão dramáticas da condição de pessoa humana. Precisamos nos afastar do nosso bem-estar pessoal e familiar, do nosso imobilismo, para partilhar com o irmão excluído que necessita de nossa ação. Não esqueçamos que somos apenas cinza, pó, e fim, nada mais, e que a nossa passagem pelo planeta será lembrada pelas boas ações praticadas, enquanto criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus.


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