Heloisa Guimarães
Psicóloga formada pela Universidade Metodista
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e forma lenta e gradativa, alguns segmentos
culturais veem destruindo o papel que a família representa na sociedade. Essa mesma pseudo cultura está cada vez mais
enfatizando o individualismo, o egocentrismo e fazendo com que o ser humano se
distancie de um relacionamento saudável e enriquecedor que só o ambiente
familiar proporciona.
Esse conceito de pensar em si e não nos
outros, fez com que a família perdesse o valor.
Não existe mais respeito aos pais, amor pelos
pais e obediência aos pais.
Atualmente até a figura materna que
anteriormente era muito valorizada, deixou de ser respeitada. Hoje os filhos
tratam a mãe com menos reverência, com menos afeto e menos amor.
A figura paterna sempre foi mal divulgada,
mal compreendida, pois no passado o pai representava o “provedor-ausente”, onde
a família tinha o que comer, mas não tinha o convívio, o afeto e o carinho do
pai.
Com o passar dos tempos, os meios de
comunicação começaram a desvalorizar não somente a figura do pai, mas a imagem
do homem.
É só você assistir um filme ou uma propaganda
comercial e verificar como a figura paterna é ridicularizada, e como o homem é
desvalorizado. Tudo o que venha a representar a imagem do pai, ou a imagem do
homem, é projetado de modo pejorativo.
No entanto é importante ressaltar que nem o homem
e nem a mulher é superior um ao outro. Cada um desempenha um papel diferente e
importante na família e na sociedade. Para que haja uma família estruturada é
necessário haver o homem e a mulher, cada um desempenhando o seu papel, de pai
e de mãe.
O sociólogo David Popenoe em seu livro: “Life
Without Father”, comenta que, “enquanto a mãe proporciona uma importante
flexibilidade e harmonia na disciplina
dos filhos, o pai proporciona o desenvolvimento e a solidez da
personalidade”.
O Dr. David Blankenhom, autor do livro:
“Fatherless America: confronting our most urgent social problem”, afirma que “a
mãe cuida mais das necessidades físicas e emocionais dos filhos, e o pai
volta-se mais para as características da personalidade, necessárias para o
futuro, especialmente qualidades como a independência e a capacidade de testar
e assumir riscos”.
Como ficou constatado nos dois depoimentos,
tanto o pai como a mãe são elementos primordiais na educação e equilíbrio da
vida dos filhos, ambos atuando na formação do ser humano.
O relacionamento pai-filho é o relacionamento
mais complexo na vida de um homem. A conexão resultante desse relacionamento é
o que molda a vida do filho. Se não houver conexão, o filho ferido carrega essa
marca por toda a vida. Todos os homens têm essa necessidade de ter um
relacionamento profundo com seu pai. O relacionamento pai-filho afeta todos os
outros relacionamentos na vida do homem, inclusive as opções de vida que ele
faz.
Segundo o psicólogo Charles Williams, existem
cinco estágios no relacionamento pai-filho:
1)
Ideal - a criança idealiza o pai, achando que ele é
capaz de fazer qualquer coisa. Nessa fase o filho imita o pai: caminha como
ele; fala como ele e coloca suas roupas e sapatos. Nessa fase a criança quer
agradar o pai, ser aceita e receber sua aprovação.
2)
Discórdia - na adolescência começa o período da
discórdia, gerando conflitos entre pai e filho. Geralmente os adolescentes
rejeitam as idéias, valores e direção dos pais e passam a buscar sua própria
independência.
3)
Evolução - na fase jovem-adulto, o filho geralmente está
emocionalmente distante do pai e muitas vezes ignora sua presença. Na tentativa
de ser diferente do pai, e de buscar sua própria identidade, a discórdia entre
eles aumenta e o relacionamento parece mais como uma competição entre ambos.
4)
Aceitação - entre os 30-40 anos, o filho começa a aceitar
o pai como ele realmente é; a enxergar e admirar suas qualidades. Tanto o pai
como o filho começam a aceitar as diferenças um do outro e o jeito de ser de
cada um. Nessa fase começa a haver um melhor relacionamento entre eles, e na
conversa eles expressam suas próprias opiniões, sem entrarem em choque um com o
outro.
5)
Patrimônio - nessa fase adulta, o filho aos 50 anos de
idade, começa a trocar as lembranças difíceis do relacionamento por uma
admiração e respeito pela difícil tarefa de ser pai. Muitos filhos nessa fase
adulta se tornam semelhantes aos seus pais, seja no bom ou no mal
comportamento. Muitos filhos adultos que não conseguiram resolver seus
problemas com seus pais, porque eles são idosos ou porque eles faleceram, vêem
a repetição dos mesmos erros no relacionamento com seus próprios filhos.
Charles Colson, que lidera um trabalho
evangelizador nas prisões americanas, afirma: “através do meu ministério, eu
tenho visto o terrível preço que a América paga, pela ausência da figura
paterna na vida dos filhos. Rapazes que cresceram sem pai, tem duas vezes mais
probabilidade de serem presos. 60% dos estupradores, e 72% dos adolescentes que
cometem assassinatos, nunca conheceram, ou nunca viveram com seus pais. E esse
tipo de problema não se refere a uma só classe social, raça ou sexo. Até a
garota branca, da alta sociedade, criada sem pai, tem cinco vezes mais
possibilidade de engravidar na adolescência”.
A ausência do relacionamento paterno, seja
por divórcio, separação, excesso de trabalho, descaso, etc, afeta drasticamente
a vida dos filhos. As estatísticas mostram que o número de jovens que cometem
delitos é maior entre os que foram criados longe do pai.
De acordo com a estatística mencionada, fica
evidente a importância do pai na vida dos filhos, pois ele é a figura que
representa a lei e impõe respeito. A atenção que o pai dedica ao filho,
desenvolve nele a auto-estima e o amor próprio.
O papel dos pais no relacionamento com seus
filhos é amar, apoiar, compreender e dialogar.
O relacionamento pai-filho deve ser iniciado
quando a criança ainda é pequena. O pai deverá ser gentil e brincar com o bebê,
e na medida que os filhos forem crescendo procurar conversar com eles, ouvir o
que eles têm a dizer, sair juntos, ter uma convivência diária e participação em
tarefas conjuntas.
Na adolescência, os filhos precisam saber que
o pai está do lado deles e que está aberto para aceitá-los nesse período de
mudanças físicas, comportamentais e emocionais.
Se o seu filho precisa ser consolado, não
diga: “que ele é homem, e que homem não chora”; console ele, o abrace e diga
que você está do seu lado.
Quando seu filho estiver mais maduro, ensine
a ele como ser adulto, como ser homem, como ser pai, como se trata uma mulher,
como ter os cuidados consigo próprio e como ele deverá cuidar da família que
ele terá no futuro.
Fale de você mesmo, do seu sucesso, do seu
fracasso. Deixe ele ver que você se levantou, após a queda. Diga a ele, no
momento certo: “eu estou orgulhoso de você”.
Acima de tudo seja um pai que ensina pelos
seus próprios exemplos. Lembre-se de que o filho estuda o pai e o observa em
todos os detalhes.
Se você é um adulto e está cheio de
ressentimentos pelo seu pai:
1)
Perdoe - esse é o primeiro passo para curar sua emoção
e fazer com que você prossiga com a sua vida;
2)
Mude - mude sua atitude. Perdoe e coloque sua
energia em novos alvos;
3)
Fale sobre seus sentimentos - com
uma pessoa em quem você confie (Deus, esposa, amigo, …);
4)
Abaixe suas expectativas - lembre-se que seu pai é homem, é humano, e
não o “super man”;
5)
Estabeleça limites - assuma responsabilidade por suas ações e não
culpe seu pai pelas escolhas que você fez;
6)
Esteja aberto para a cura - quando você perdoar e ficar livre das mágoas
e ressentimentos, esteja aberto para a paz que advirá dessa experiência e tenha
uma nova atitude;
7)
Encontre o amor perdido - fique livre das dolorosas memórias (ausência
do pai, abandono pelo pai, não se sentir amado pelo pai, brigas com ele, surras
dele, etc..) e procure amar o seu pai como ele é;
8)
Veja o lado bom - mude sua visão à respeito do seu pai. Veja o
que há de bom nele, e os pontos positivos no seu relacionamento com ele. Se você não vê nada de bom no seu pai, ou no
seu relacionamento com ele, mesmo assim, o perdoe;
9)
Mudança física - quando você verdadeiramente perdoar o seu
pai, você experimentará mudanças físicas e emocionais. Esteja preparado para
essas mudanças e permita que elas se integrem na sua vida.
Nossos pais muitas vezes não correspondem, ou
não corresponderam aos nossos desejos interiores e as nossas carências
afetivas. Muitos filhos talvez nunca receberam de seus pais uma palavra de amor
ou um gesto de afeto.
“A
realidade de um pai terreno, muitas vezes insensível, violento, egocêntrico,
exigente, que não dá o valor que merecemos, nos dificulta conhecer, compreender
e confiar em Deus, que é um Deus amoroso, misericordioso e rico em perdão.”
Deus como um pai amoroso, nos ama sem nenhum
interesse. Não importa quem somos, o que temos, ou o que fazemos, Ele nos ama
incondicionalmente.
Deus como um pai misericordioso, conhece
nossas fraquezas, conhece nossos pecados e Ele sente compaixão pelos nossos
pecados e fraquezas.
O maior exemplo de amor que Deus nos deu, foi
enviar seu único filho, Jesus Cristo, para nos resgatar da morte eterna.
É muito importante que cada um de nós
reconheçamos nossos pecados, e que possamos pedir a Deus, através de Jesus
Cristo, o perdão pelos nossos erros. Só assim nós conseguiremos perdoar os
nossos pais, e todas as pessoas que nos feriram durante nossa jornada de vida.
Quando nos tornamos filhos de Deus e colocamos nossa confiança em Jesus Cristo como
Senhor, os nossos pecados serão perdoados e esquecidos, e nosso espírito
regenerado.
Reconcilie-se com o Senhor, porque você tem
um pai sim, um pai digno de ser imitado, que não o abandona, que está sempre do
seu lado, que o ouve em qualquer circunstância, que o livra do perigo, que o
protege e que o ama.
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