Antônio Carlos Santini
Comunidade Católica Nova Aliança
N
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o Evangelho
proclamado por São Lucas (Lc 9,18-24) neste domingo, mostra-se à luz do
dia o contraste entre a multidão e o discípulo. A turba levanta hipóteses sobre
Jesus, mas não o conhece. O discípulo, acima da carne e do sangue, sabe
identificar o Mestre.
Eis a reflexão de
André Louf: “Somente aquele que é discípulo conhece a Jesus em sua identidade
profunda. O discípulo – isto é, aquele que deixou tudo para segui-lo, que
caminha com ele, que vive em sua intimidade e que, como ele, não tem uma pedra
onde repousar a cabeça. Só esta proximidade de cada dia, de cada hora,
entreabre a porta do conhecimento de Jesus.
Mas é preciso não se
enganar. Bem disse Pedro: o Messias de Deus. E Jesus não recusa essa
identidade. Mas Pedro sabe exatamente o que isso significa? Quem esse Messias
de Deus? Tão logo ele pronunciou este nome prestigioso, Jesus intervém para
proibir que ele seja revelado. ‘Primeiro – acrescenta ele – é preciso que o
Filho do homem sofra muito, que ele seja rejeitado pelos anciãos, que seja
morto e, ao terceiro dia, ressuscite’.
Está claro que Pedro
não pensava em tudo isto quando saudou Jesus com o nome de Messias. Ao menos
por enquanto, ele não o saberia compreender, nem anunciar. Mais tarde ele o
compreenderá. Quando o Messias tiver completado sua corrida, quanto tiver
atravessado o sofrimento e a morte, quando for elevado sobre a cruz e, através
da cruz, o Pai o tiver salvado e revestido de glória.
Mas será necessário
algo a mais por parte de Pedro. Por sua vez, Pedro deverá ter caminhado sobre o
mesmo caminho, ter carregado a mesma cruz. Para compreender a Deus, não há
outro caminho a não ser Jesus crucificado. “E não há outro caminho para
compreender Jesus crucificado a não ser a cruz. A cruz só pode ser compreendida
pela cruz, isto é, por aquele que a carrega, que a leva, por sua vez, atrás de
Jesus.”
Não é uma pequena
conversão, não é um breve trajeto aquele que nos permite abrir mão da imagem
sonhada de um Messias glorioso, um Cristo vencedor, de cuja glória
participaremos todos. Bem antes, vem o áspero tempo da cruz, a trilha do
Calvário, o único lugar onde o Mestre e o discípulo chegam à verdadeira
comunhão.
Sim, há grupos
cristãos pregando a felicidade aqui na Terra e o fim de todo sofrimento.
Deveriam aprender com Pedro...
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