Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
C
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om a solenidade de
Pentecostes, estamos concluindo o Tempo Pascal, suplicando a presença do
Espírito Santo. “Enviai o vosso Espírito, Senhor, e renovai a face da
terra”, rezamos no Salmo 103. “Daí aos corações vossos sete dons”,
pedimos através do hino litúrgico conhecido como “Sequência” de
Pentecostes.
Pentecostes era uma
festa hebraica, celebrada cinquenta dias após a Páscoa. Era, originalmente, uma
festa de caráter agrícola, pois nela se ofertavam a Deus as primícias dos
campos. Com o passar do tempo, passou a ser dedicada à celebração da Aliança no
Sinai. Conforme narra o livro dos Atos
dos Apóstolos (At 2,1-11), quando era celebrada a antiga festa de
Pentecostes, em Jerusalém, no início da pregação apostólica, aconteceu a efusão
do Espírito Santo sobre os discípulos reunidos no cenáculo. Por isso,
Pentecostes recebeu um novo significado para os cristãos, passando a celebrar a
vinda do Espírito Santo.
Nós cremos no Espírito
Santo “que procede do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é adorado e
glorificado”, conforme rezamos na fórmula mais longa do “Creio” (Credo
Niceno-Constantinopolitano). Nós cremos no Espírito da Verdade, o Defensor,
o Consolador (Jo 14,26), que nos ilumina e fortalece na vivência e no
testemunho do Evangelho. Por isso, confiantes, suplicamos a sua presença,
unidos à Igreja presente no mundo inteiro.
A Liturgia da Palavra
nos fala do Espírito Santo. O livro dos Atos dos Apóstolos mostra o Espírito
iluminando e animando os discípulos a anunciar o Evangelho, unindo os que
falavam línguas diferentes e fazendo-os compreender a pregação dos Apóstolos, “pois
cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua” (At 2,8). A
unidade das línguas, dom do Espírito, se contrapõe à divisão ocorrida em Babel.
S. Paulo também se refere à unidade na diversidade de dons e ministérios
provenientes do mesmo Espírito, em vista do bem comum (1Cor 12,5-6),
motivando os cristãos a viverem unidos. O Evangelho segundo João, ao relacionar
o dom do Espírito ao Senhor Ressuscitado, destaca o perdão e a paz, assim como
o envio em missão. “Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,21),
afirma Jesus. Assim sendo, nós somos convidados a acolher, hoje, o Espírito da
unidade, do perdão e da paz, o Espírito que nos anima e fortalece na vida
cristã, especialmente, no testemunho cotidiano da fé. Rezemos, especialmente,
pela unidade, concluindo a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
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