Dom Sergio da Rocha
Cardeal Arcebispo de Brasília
P
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ara
falar da presença dos seus discípulos no mundo, Jesus recorre às sugestivas
imagens do sal e da luz, cuja importância era bastante conhecida pelas pessoas
que o ouviam. O sal, apreciado por dar sabor e preservar os alimentos, e a luz,
por iluminar a casa ou o caminho durante a noite e por aquecer no frio.
A
presença do sal nos alimentos ou da luz na escuridão é percebida facilmente,
porém, não de modo ostensivo. O sal não se mostra como tal nos alimentos, sendo
sentido apenas o seu sabor. A luz se espalha pelos ambientes. A presença
discreta, mas facilmente perceptível, do sal e da luz expressa como o cristão
deve agir no mundo: com vigor e humildade, com o testemunho corajoso e a
simplicidade de vida.
O
testemunho de São Paulo, recordado na segunda leitura, é um precioso exemplo
disso ao afirmar que o anúncio do Evangelho não depende da “linguagem
elevada ou do prestígio da sabedoria humana” (1Cor 2,1). A força e a
sabedoria de Deus são manifestadas muitas vezes na pequenez e na fragilidade
experimentada pelos discípulos de Cristo, como “demonstração do poder do
Espírito”. Não é por si mesmos, mas pela graça de Deus, que os discípulos
se tornam “sal da terra” e “luz do mundo”. Eles recebem de Deus o
sabor que dá sentido à vida e a luz para iluminar o mundo. Eles podem ser luz
somente na medida em que são iluminados; apenas podem dar sabor, na medida em
que o receberem de Cristo. Esta perspectiva se expressa também nas palavras
conclusivas do Evangelho proclamado: “para que vejam as vossas boas obras
e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16), afirma Jesus.
O testemunho cristão deve levar a glorificar a Deus e não ser motivo de
vaidade.
O
profeta Isaías anuncia as condições para que a “luz” possa brilhar “como
a aurora” ou como “o meio dia”: a vivência da caridade e da
misericórdia para com os famintos, os pobres e os peregrinos; a superação da
violência e da maldade. O Salmo 111, hoje meditado, afirma que é “feliz
o homem caridoso e prestativo” e que “o bem praticado pelo justo
permanece para sempre”.
Sal
e luz não são apenas para dias de festa, mas também na vida cotidiana, a
começar da própria casa, assim como, a luz “ilumina os que estão na casa”.
Apesar das muitas dificuldades para a vivência cristã em família, sentida por
tantas pessoas, ninguém está dispensado de fazer o máximo possível. A chama da
fé em Cristo, simbolizada pela vela recebida no Batismo, possa brilhar em casa,
no trabalho, na escola e em toda parte, alimentada sempre mais pela oração,
pela Palavra e pela Eucaristia.
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