“JESUS
RETRIBUIRÁ A CADA UM
DE ACORDO COM
A SUA CONDUTA!”
Pe. Leomar
Antonio Montagna
Arquidiocese
de Maringá – PR
N
|
a Liturgia deste XXII DOMINGO DO TEMPO COMUM, veremos, na 1ª Leitura (Jr 20, 7-9),
o drama interno de alguém que se entrega completamente à atividade profética e
sofre hostilidade e perseguição. Frente aos desafios, o profeta Jeremias não
encontrou apoio nem na sua família nem na sociedade, sofreu angústia, crise
pessoal e pensou em abandonar a sua missão profética. Fácil seria acomodar-se
para ganhar o êxito e o aplauso! Os profetas verdadeiros, os cristãos
verdadeiros, não costumam ser populares e, frequentemente, terminam mal por
denunciar injustiças. O profeta é a figura de Jesus no seu caminho de paixão e
de todo cristão que quiser ser consequente com a sua fé. Algumas vezes, o
profeta tem a tentação de cair fora ou até de deixar de existir: “Maldito
o dia em que nasci! Nem abençoado seja o dia em que minha mãe me deu à luz.
Maldito o homem que levou a notícia a meu pai e que o cumulou de felicidade ao
dizer-lhe: Nasceu-te um menino! Por que não me matou, antes de eu sair do
ventre materno?! Minha mãe teria sido meu túmulo e eu ficaria para sempre
guardado em suas entranhas! Por que saí do seu seio? Para só contemplar
tormentos e misérias, e na vergonha consumir meus dias?” (Jr 20,
14-17).
Mas, sustentado pela
Palavra, não desiste e, pela Palavra, compreende sua missão: “Foi-me
dirigida nestes termos a palavra do Senhor: Antes que no seio fosses formado,
eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te
havia designado profeta das nações. Porquanto irás procurar todos aqueles aos
quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar. Não deverás temê-los
porque estarei contigo para livrar-te. Eis que coloco minhas palavras nos teus
lábios. Vê: dou-te hoje poder sobre as nações e sobre os reinos para arrancares
e demolires, para arruinares e destruíres, para edificares e plantares” (Jr
1, 4-10). Por fim, o profeta percebe que Deus está ao seu lado, amparando-o
com sua presença e força, então, sua confiança em Deus permanece inabalável.
Na 2ª Leitura (Rm
12, 1-2), Deus nos faz um apelo: “Não vos conformeis com este mundo,
mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito, para que possais
discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, o que lhe agrada e o que é
perfeito”.
No Evangelho (Mt
16, 21-27), apresentamos algumas chaves de leitura para uma melhor
compreensão:
1ª) Jesus vai à
Jerusalém, isto é, assume o compromisso com a cruz: renúncia,
aceitação. Essas são as condições para o seguimento: renunciar a ser o centro
de si mesmo ou a buscar o caminho mais fácil, ter medo das consequências. Não
fazer como Pedro, que queria um caminho mais fácil, triunfante, vencer a
qualquer preço, queria um Jesus bem-sucedido, Jesus do sucesso, com isso,
tornou-se um obstáculo ao Reino. Jesus vence essa tentação. Alguns querem
seguir Jesus do jeito que pensam, imaginam ou querem, mas não necessariamente
devemos oferecer ao povo o que este quer, mas o que precisa.
Alguns querem que toda
a Igreja seja reduzida à sua ‘pequena cabecinha’. Sempre comento: “É
melhor errar com a Igreja do que querer acertar sozinho”.
2ª) Jesus é o
centro: “Convém que Ele cresça e eu diminua”. O mundo e os
bens não são o fim último para o ser humano. É preciso renunciar aos apegos,
mesmo aos mais afetivos. O mundo se torna menos humano à medida que deixamos de
seguir o Cristo, isto é, perdemos o sentido do sobrenatural. A economia, o
lucro, não podem comandar tudo, isso levaria a perdas humanas, ecológicas,
sociais, espirituais etc.
3ª) Jesus retribuirá
a cada um de acordo com sua conduta: O céu ou o inferno começam aqui, na
história. O ser humano é o único que sabe e pode antever o seu fim. Mas aqui
mesmo, antes de passarmos à vida eterna, há recompensas existenciais
importantes quando nos doamos ao que é bom e justo. Quando ajudamos, quando
somos generosos, ficamos felizes. Devemos permitir aos outros que, também, nos
ajudem. O Senhor espera que façamos o bem nas coisas de nosso dia a dia.
Recentemente, o Papa
Francisco assim se expressava, em uma de suas homilias:
Quando tocamos
em algo, deixamos as nossas impressões digitais. Quando tocamos as vidas das pessoas,
deixamos nossa identidade. A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é
muito melhor quando os outros estão felizes por causa de você. Seja fiel ao
tocar os corações dos outros, seja uma inspiração. Nada é mais importante e
digno de praticar do que ser um canal das bênçãos de Deus. Nada na natureza
vive para si mesmo. Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem
seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham
sua fragrância para si. Jesus não se sacrificou por si mesmo, mas por nós.
Viver para os outros é uma regra da natureza. Todos nós nascemos para ajudar
uns aos outros. Não importa quão difícil seja a situação em que você se
encontra; continue fazendo o bem aos outros.
Boa reflexão e que possamos produzir muitos frutos
para o Reino de Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Informe sempre no final do seu comentário o seu nome e a sua Cidade.