“DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER”
Dom José
Aparecido Gonçalves de Almeida
Arquidiocese de Brasília - DF
N
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este primeiro domingo
do mês de agosto, próximo da memória litúrgica do Cura d’Ars, a Igreja nos
convida a meditar sobre as vocações ao ministério ordenado e a rezar pelos
sacerdotes. A liturgia dominical descortina algumas características marcantes
missão de Cristo, que devem impregnar a vida dos bispos e presbíteros.
Os escritos de Isaías (Is.
55,1-3), aludem aos tempos do exílio da Babilônia. Os exilados, torturados
pela fome e pela sede, tentavam conseguir com as próprias forças o bem-estar.
Deus convida os exilados a procurar n’Ele os bens fundamentais: “apressai-vos,
vinde e comei”. E os convida a confiar na liberalidade com que os ama: “vinde
comprar sem dinheiro”. Deus convoca os famintos a crer na Sua Palavra.
Neste tempo de graves dificuldades, é bem fácil perguntar a Deus se Ele ainda
mantém suas promessas. Ao sentir a tentação de pedir que transforme as pedras
em pão, vamos ouvir de Jesus: “Não só de pão vive o homem, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus”.
A multiplicação dos
pães (Mt 14,13-21) alude aos sinais de Jesus que cumprem as promessas
messiânicas. Ao sair do barco, Jesus vê uma grande multidão, se compadece
deles, curando os que estavam doentes. O Messias compassivo que cura os
enfermos e passa o dia a ensinar. Ao cair da tarde, os discípulos sugerem mande
embora as multidões cansadas para comprarem comida nos povoados. A compaixão
dos discípulos não se traduz em iniciativas aptas a saciá-los. Jesus ordena aos
discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ficam perplexos: só têm
cinco pães e dois peixes. Jesus, com gestos que conhecemos bem, toma os pães e
os peixes, olha para o céu e pronuncia a bênção. Depois parte o pão e os
peixes. Dá-os aos discípulos para que distribuam às multidões. Envolve os
discípulos na sua missão messiânica: tem compaixão, ensina, dá de comer através
das mãos daqueles que nada tinham de próprio para dar a não ser os míseros
cinco pães e dois peixes. É o banquete messiânico. Deus não se cansa de
derramar os seus bens para o povo que ama qual Sua Esposa. Esta cena aponta
para a Eucaristia e o ministério daqueles a quem Jesus dirá depois: “Fazei
isto em memória de mim”. Deus cumpre as promessas em Jesus e por meio dos
que Ele constitui seus ministros.
“Quem nos separará do
amor de Cristo?” – pergunta o Apóstolo (Rm 8,35ss). E, em
seguida, professa a mais absoluta confiança no amor de Cristo, a quem ele
entrega a sua vida.
Os sacerdotes somos
chamados a nutrir a Esposa de Cristo com o Pão da Vida: “apascentar é ofício
de amor” (Agostinho). Mas resta o problema da fome no mundo. Ao
alimentar-nos com o banquete do Reino, Ele continua a nos dizer: “Dai-lhes
vós mesmos de comer”. É pelas mãos dos justos da Cidade de Deus que a fome
existente na cidade dos homens pode encontrar solução.
DEDIQUEMOS À VIRGEM MÃE DE DEUS ESTE DIA DE
ORAÇÃO PELOS SACERDOTES.
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