Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Perdoar
não é impunidade, mas possibilitar ao outro o arrependimento, a conversão,
zerar a ocorrência. Quem ama não pune, isso seria, legalizar a exclusão; quem
ama quer salvar, quer dar vida, daí o esforço inteligente de recuperação.
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Liturgia nos leva a um maior aprofundamento do
mistério de Jesus. Iniciamos pela mensagem dos Atos dos Apóstolos 3,
13-15.17-19, nossa primeira leitura, que nos alerta sobre a glorificação que
Deus proporcionou a seu servo Jesus, o Santo e o Justo, autor da vida, com a
ressurreição.
Pedro
diz que as profecias foram cumpridas no tocante ao sofrimento do Ungido e sua
morte e manda que o povo se arrependa e se converta para que os pecados sejam
perdoados. Pedro vê o povo como culpado, já que a opção por Barrabás, para que
sobrevivesse no lugar de Jesus Cristo, foi uma escolha daquele povo, mesmo que
por ignorância e indicação do Sinédrio.
A
segunda leitura, 1 Jo 2,2-5 continua a apresentação de Jesus como o Justo,
vítima de expiação pelos nossos pecados, pelos pecados do mundo inteiro.
João
Evangelista, como Pedro, nos Atos, dá também sua orientação e, aqui, é que
deveremos guardar seus mandamentos como sinal que o conhecemos e somos de seu
grupo. João até chama de mentiroso quem diz que conhece a Deus, mas não guarda
os seus mandamentos e, pelo contrário, aquele que os guarda tem plenamente em
si o amor de Deus.
No
Evangelho, extraído de Lucas 24, 35-48, o também autor dos Atos, Lucas
Evangelista, fala em seu Evangelho das aparições de Jesus ressuscitado e de sua
missão de consolar e alegrar os discípulos. E em suas aparições, a saudação: “A
paz esteja convosco!” O Senhor não se cansa de dar mostras e sinais de que está
ressuscitado e, finalmente, abre-lhes a inteligência para entenderem as
Escrituras. Ele dá destaque ao anúncio da conversão e do perdão dos pecados.
Poderemos
também, perceber em nossa vida, quais os sinais que transmitimos às pessoas, de
que cremos na ressurreição de Jesus e de que somos homens e mulheres novos?
Como está nossa conversão, ou seja, nossa mudança de vida?
Acreditamos
que o Amor do Senhor nos perdoou os pecados e também nós, somos adeptos do
perdão ou curtimos a necessidade de uma penalização educativa? Temos como muito
importante o outro remoer a culpa de um ato infeliz? Somos adeptos da “lei do
talião”?
Perdoar
não é impunidade, mas possibilitar ao outro o arrependimento, a conversão,
zerar a ocorrência. Quem ama não pune, isso seria, legalizar a exclusão; quem
ama quer salvar, quer dar vida, daí o esforço inteligente de recuperação. Não
se trata de castigar, de penalizar o infrator, mas de recuperá-lo e, com isso,
reintegrá-lo plenamente, tirá-lo da marginalização ou marginalidade. O Amor
quer vida e vida em abundância! Como ter a plenitude da paz se sabemos que
alguém está à margem e sofre, pouco importa se esse alguém tem culpa ou não!
Realmente foi dada a essa pessoa a oportunidade de se converter, de ser
resgatada?
E
eu? Aceito que errei e que preciso me converter? Tenho real desejo de retornar
à roda da qual me expulsei por atitudes egoístas? É preciso muita humidade! Ter
consciência de que errar, pecar, foi opção sua, mesmo que influenciado por
terceiros ou por situações favoráveis a isso. Se conscientemente me converto
será mais difícil voltar ao mesmo erro.
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