Havia
a grandiosidade de “não considerar como próprias as coisas que possuía”, que
maturidade! O bem estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de
bens. Confio em Deus, Ele será meu Provedor!
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ntramos no Domingo da Oitava de Páscoa
ou Domingo da Misericórdia, como o chamava São João Paulo II.
A
primeira leitura, Atos 4, 32-35, nos mostra uma comunidade de ressuscitados
que, apesar de viverem a vida comum, principalmente porque ainda não tinham
morrido, mas permitem que o batismo lhes proporcione uma vida de ressuscitados,
ou seja, uma vida pautada pelos valores evangélicos, assim, viviam como se nada
possuíssem, apesar de possuírem bens, mas sabiam fazer a partilha e, outro
sinal de ressurreição: não havia necessitados entre eles! Logo, apesar de
estarem no mundo, viviam de modo tal que a partilha de bens funcionava e
proporcionava uma sociedade igualitária. Havia a grandiosidade de “não
considerar como próprias as coisas que possuía”, que maturidade! O bem
estar do outro está acima de meu providencial acúmulo de bens. Confio em Deus,
Ele será meu Provedor!
De
fato, viver assim, não é para qualquer um! É preciso ser maduro e ter vivido a
experiência de ressurreição. Uso as coisas que passam, como se não precisasse
delas. Deus e a própria Comunidade me socorrerão caso haja uma emergência! Até
onde em minha vida concreta vivo esse “já aí e ainda não?” Já
ressuscitados pela fé, pela crença num Deus Providente, mas ainda não,
enquanto, concretamente, não sei nada sobre o dia de amanhã, apesar de viver na
esperança e na confiança na Palavra de Deus!
Havia
um experimento dentro da formação da vida religiosa, em que o candidato deveria
sair da casa religiosa, sem dinheiro algum e passar um mês apenas confiando na
Providência, que saciaria suas necessidade, através da generosidade das pessoas.
Comer, beber, dormir, banhar-se, tudo no literal “ao Deus dará”! Muitos
nãos foram dados, muitos momentos constrangedores e muitas vezes tidos por
vagabundos, mas esse exercício, inclusive de receber nãos e até corridas, fazia
parte da formação de crer na Providência. Quantas pessoas generosas, bem
intencionadas, quantas partilhas de bens e de vida, quanta riqueza nessa
experiência de pobreza! Deus seja louvado!
Para
que tenhamos a consciência de que é preciso ter fé para crer na Palavra de
Deus, o Evangelho, extraído de João 20, 19-31 nos relata a aparição de Jesus
aos discípulos, menos a Tiago que estava fora, mais tarde ele diz não acreditar
na comunidade, até que Jesus, oito dias depois, aparece novamente e, aí, Tiago
presente! A conversão se realiza e ouvimos do Senhor a maravilhosa
bem-aventurança dirigida a nós, hoje: “Bem-aventurados os que creram sem
terem visto!” Do mesmo modo, bem-aventurados os que partilham, os que
confiam na Providência sem acumularem nada para si! Evidentemente, nossa situação
sócio econômica, nos leva a programar alguma reserva para nós e para nossos
dependentes. Assim é hoje a sociedade que fala em aposentadoria, em pensão,
recebimento de encargos, tudo para a manutenção da pessoa e a preservação de
sua dignidade; contudo, a Lei da Caridade deverá falar mais alto dentro de meus
interesses particulares.
Na
perícope do Evangelho de hoje temos a efusão do Espírito Santo para o perdão
dos pecados. Essa efusão é feita sobre toda a Comunidade presente e não apenas
sobre os líderes. Aqui, mais uma vez, repousa nossa responsabilidade em relação
ao mais frágil, desta vez, frágil em relação aos deveres morais e espirituais.
Devo perdoar, sempre! Dentro da aparição de Cristo ressuscitado, ele me confia
a missão de perdoar os pecados de todos os meus irmãos. É algo exigente, é
verdade, mas o Senhor assim mandou, e mandou logo após nos desejar e dar a paz.
Portanto, recebemos o Espírito Santo para sermos os mensageiros do perdão e da
paz! Por isso São João Paulo II, denominou este domingo como o “DOMINGO DA
MISERICÓRDIA”! Ser possuidor de paz e perdoar é também sinal de ser
ressuscitado.
Concluindo,
vamos transcrever algumas frases da segunda leitura, tirada da 1ª Carta de João
5, 1-6. “Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus
mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo”.
Vencer
o mundo, já aí viver como ressuscitado, apesar de ainda não o estar.
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