sábado, 12 de março de 2022

Reflexão Litúrgica do II DOMINGO DA QUARESMA - 13/03/2022

Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília

CONTEMPLADORES DA BELEZA QUE SALVA

H

oje, neste II DOMINGO DA QUARESMA, contemplamos a cena da transfiguração (Lc 9, 28-36). Na montanha, com Pedro, Tiago e João, contemplamos a beleza do Senhor. Contemplamos uma beleza que salva, que dá sentido à nossa vida pessoal e ao nosso caminho de Igreja. Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João e sobe à montanha para orar. Lucas nos apresenta Jesus rezando, significando, para o evangelista, que este é um momento importante do ministério de Jesus.  “Enquanto orava, o aspecto do seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura”. O rosto de Jesus se torna bonito, radioso. É a beleza de Jesus que contemplamos.

São João Paulo II, na Novo Millenium Ineunte pergunta: “Não é porventura, papel da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da história, fazer resplandecer o seu rosto diante das novas gerações do novo milênio?” A cena que contemplamos apresenta um rosto radiante e bonito de Cristo. Cabe aqui a pergunta: Que face de Cristo estamos apresentando? São João Paulo II diz que “o nosso testemunho será pobre se não formos, antes, contempladores do rosto de Cristo”. Sermos contempladores do rosto de Cristo: aqui está o segredo para o nosso caminho de Igreja, para o nosso caminho pessoal.  Contemplando a beleza de Cristo, encontramos Nele o verdadeiro sentido da vida humana. Nele, o ser humano encontra o seu caminho, pois o mistério de Cristo revela ao homem o que é ser homem, pois Cristo é o homem segundo o projeto de Deus. A um homem que corre o risco de perder o sentido do que é ser homem, pois vai perdendo a sua origem e o seu destino, a Igreja lhe apresenta Cristo, ele é o sentido do homem. Somente Nele encontramos a nossa verdadeira vocação.

Um segundo aspecto é a transformação da veste de Jesus que se tornou de fulgurante brancura.  A veste de Jesus, para os Padres da Igreja, simbolizava a Igreja, veste de um tecido só, como se lê em Jo 19, 23. Diz São Cipriano, falando da Igreja: “Este sacramento da unidade, este vínculo de concórdia inviolada e sem rachadura, é figurado também pela túnica do Senhor Jesus Cristo. Os apóstolos contemplam esta veste bonita, resplandecente. É a Igreja na sua santidade, que será mais radiante ou não de acordo com o nosso testemunho, com a nossa doação”.

Moisés e Elias conversam com Jesus. Moisés e Elias significam a Lei e os Profetas. Significa o Antigo Testamento que se cumpre em Jesus. Jesus é o centro das Escrituras.  Jesus só pode ser entendido no contexto das Escrituras. São Lucas narra sobre o que conversavam: falavam da sua partida que iria se consumar em Jerusalém”, isto é, falavam da morte de Jesus que se daria em Jerusalém. A morte é descrita com a palavra êxodos, termo único no Novo Testamento. Jesus é apresentado como o novo Moisés que através do mar da morte, leva o novo Israel, ao reino dos céus, para a glória do Pai. O seu êxodo se realiza através da cruz. A cruz é central no cristianismo.

Que este Evangelho nos ajude, nesta preparação para a Páscoa, a subimos a montanha na companhia de Pedro, Tiago e João e contemplamos a cena da transfiguração. Tomemos consciência de que esta glória da transfiguração resplandece também em nós, seus filhos adotivos.

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