Dom Paulo Cezar
Costa, Arcebispo de Brasília
VÓS SEREIS
TESTEMUNHAS DE TUDO ISSO!
C |
elebramos hoje a ASCENSÃO DO SENHOR.
A Palavra de Deus que ouvimos, apresenta-nos a Ascensão como caminho de
glorificação de Jesus (At 1, 3-11; Lc 24, 46-53). A ascensão é a
expressão plena e definitiva da Páscoa. O Senhor Jesus sofreu a morte,
ressuscitou e agora está sentado à direita do Pai: “(…) Ele manifestou sua
força em Cristo, quando o ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita
nos céus” (Ef 1, 20). A cabeça foi glorificada e também o corpo.
Todos aqueles e aquelas que seguem o Senhor Jesus neste mundo, como seus
discípulos e discípulas, participarão desta mesma glória do Senhor ressuscitado
e exaltado, pois Ele é a cabeça da Igreja, e a Igreja é o seu corpo. A vitória
da cabeça é também vitória do corpo. O prefácio da solenidade expressa bem esta
realidade: “Ele nossa cabeça e princípio, subiu ao céu, não para afastar-se
de nossa humanidade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à gloria
da imortalidade” (prefácio da Ascensão do Senhor I).
O Senhor foi ao Pai.
O Evangelho descreve a cena com beleza: “Jesus levou-os para fora, até perto
de Betânia. Ali ergueu as mãos e abençoou-os. Enquanto os abençoava, afastou-se
deles e foi levado para o céu” (Lc 24, 50 – 51). Jesus ressuscitado
é o sumo sacerdote que cumpriu o sacrifício definitivo da sua morte e
ressurreição. Por isso, Ele, como Senhor, abençoa os seus. O gesto dos
discípulos é de adoração: prostram-se diante d’Ele. A adoração será também a
atitude da Igreja, fiel discípula do Senhor, no decorrer da história até o fim
dos séculos.
Mas qual é o papel
dos discípulos agora? Devem ser testemunhas de Jesus Cristo neste mundo. Devem
fazer com que o Evangelho parta de Jerusalém e chegue até os confins da terra: “O
Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e, no seu nome, serão
anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por
Jerusalém. Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24, 46-48). Ser
testemunha implica testemunhar com a vida, com as palavras tudo aquilo que
viveram. Os apóstolos cumpriram a esta missão.
Jesus promete aos
discípulos que os há de assistir no cumprimento da missão e vai lhes mandar o
Espírito Santo: “Mas recebereis o poder do Espírito Santo que descerá sobre
vós para serdes minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e na Samaria,
e até os confins da terra” (At 1, 8). Os discípulos receberam o
Espírito e conduzidos pelo Espírito fizeram com que a obra da evangelização
saísse de Jerusalém e chegasse até Roma, centro do mundo de então. O Espírito é
aquele que conduz a Igreja a sair de si e a anunciar, a testemunhar Jesus
Cristo. O objeto do testemunho é Jesus Cristo morto e ressuscitado. O Espírito
coloca a Igreja e cada um de nós na estrada da missão.
Que a celebração da ASCENSÃO
DO SENHOR nos ajude a perceber que o Senhor foi ao Pai, mas está, de uma
forma nova, no meio de nós, e que Se dá a nós por meio da Palavra, da
Eucaristia, do irmão pobre e necessitado.
Coloquemo-nos, então, no caminho da missão, anunciando Jesus Cristo para
tantas pessoas que esperam o nosso anúncio, o nosso testemunho.
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