Deonira L. Viganó La Rosa - Terapeuta de Casal e Família
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No
fracasso conjugal, parece que os casais não costumam considerar como
importantes os problemas com a família ampliada (a família dele + a família
dela). Este tema merece análise.
DEBAIXO DO VÉU DA NOIVA E DA CASACA DO NOIVO...
O
casamento tende a ser erroneamente entendido como a união de dois indivíduos. O
que ele realmente representa é “a união de duas famílias”, sistemas
extremamente complexos. Cada nubente carrega ao altar seu “kit familiar”.
A afirmação de que existem seis no leito conjugal é até suave em relação à
realidade.
Às
vezes, a incapacidade de estabelecer um relacionamento de casal indica que os
pretendentes ainda estão muito emaranhados com suas próprias famílias e se
tornam incapazes de definir um novo sistema e aceitar as implicações desse
realinhamento. Os parentes por afinidade podem ser intrusivos demais e o novo
casal ter medo de colocar limites.
ESTABELECENDO FRONTEIRAS E LIMITES
Como
o novo casal vai estabelecer um território com alguma independência da
influência dos pais dele e dela? O ideal para o novo casal seria manter
independência em relação à família e ao mesmo tempo manter laços carinhosos com
ela.
Um
grande número de problemas conjugais deriva de problemas não resolvidos com a
família dele e dela. É possível que um homem escolha uma esposa totalmente
inaceitável para seus pais e então deixe que ela lute com eles a batalha que
ele mesmo não foi capaz de travar, tornando-se assim um inocente espectador. Em
vésperas de casar-se, uma noiva lamentava que sua futura sogra ainda fazia
jantares para a ex-namorada do filho, agora seu noivo.
Um
recém-casado, ou até casado a mais tempo, pode estar sentindo que seus pais não
lhe deram "permissão" para ter um bom casamento e então “cumpre
a vontade deles” tornando-se um desastre na relação com a mulher (o
homem). E pode ser mais fácil para uma nora odiar sua sogra por ser "intrusiva"
do que enfrentar o marido por ele não se comprometer inteiramente com o
casamento e não querer colocar limites em relação aos de fora e da sua família.
Uma noiva se queixava que a sogra a recriminava porque não comia cebola e o
noivo nada dizia. Ele respondeu que esperava o momento adequado. Ela contestou:
Faz CINCO ANOS que você espera!
No
tempo de noivado e primeiros meses de casamento fica muito mais fácil
esclarecer as dificuldades e aceitar os membros da família ampliada do que
durante outros estágios posteriores do ciclo de vida. Esta é a hora de listar o
que incomoda, o que está bom, o que os dois vão conservar de suas famílias e
quais padrões não serão adotados de jeito nenhum.
A
falta de negociação antes e no começo do casamento será um problema para o
futuro desse casamento: o cônjuge deixará de representar quem ele é, e passará
mais vezes a representar o pai, a mãe, o irmão e a irmã.
OS PAIS TAMBÉM PRECISAM MUDAR
Os
pais precisam modificar a maneira de lidar com os filhos depois do casamento.
Uma cisão pode ser criada num casamento recente devido à intromissão dos pais,
em geral sem muita percepção do que está causando mal-estar.
Muita
ajuda benevolente pode ser tão danosa para o jovem casal quanto a censura
destrutiva.
Quando
os pais continuam a prover apoio financeiro, há uma barganha implícita ou
explícita sobre o direito que eles terão de ditar o modo de vida em troca
daquele apoio.
O
novo casal precisa aprender o poder da sua própria força como casal, e também a
força dos pais ou outros familiares. Deve conhecer o poder manipulativo da
família de origem.
O
casamento requer que o casal negocie novos relacionamentos com irmãos, avós,
sobrinhos e amigos. Com frequência, as mulheres se aproximam mais da sua
família de origem e os homens se afastam mais, mudando seu vínculo primário
para a nova família nuclear (ciúmes).
O
aumento da tensão dos pais em relação ao filho ou filha, ao genro ou nora,
provavelmente seja uma manifestação do sentimento de perda do filho ou filha e
não precisa ser tomada como algo pessoal.
Quando
os pais ou familiares interferem demais na nova família, um sinal vermelho está
aceso: indica que o novo casal está fragilizado e ainda não estabeleceu limites
claros para sua família e, portanto, torna-se corresponsável pela invasão dos
pais. Precisa fortalecer-se e conquistar o respeito.
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