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liturgia deste domingo nos apresenta, para
nossa reflexão, o tema da humildade. Na primeira leitura, o Profeta Sofonias
nos recomenda a humildade para encontrarmos refúgio no Senhor e para a prática
da justiça. Isto porque o humilde é pobre, sem poder e sem riqueza. Sua
confiança está apenas no Senhor e não nos bens terrenos e nem na ação maléfica
para garantir a estabilidade.
No contexto da
liturgia de hoje, o conceito de pobre deixa de ser maldição e passa a ser
bênção. O rico está de tal modo fascinado pelo conforto e segurança que o
dinheiro traz, que se esquece de que tudo deve estar subordinado à justiça, à
ética emanada da Lei de Deus, a Lei do Amor. O pobre, pelo contrário, confia
plenamente no Senhor, em sua Providência, vivendo a justiça dos filhos de Deus,
que nos torna irmãos de todos os homens.
No Evangelho, Jesus
aprofunda o conceito de pobre e acrescenta pobres em espírito, ou seja, é
bem-aventurado aquele que desapegado dos bens deste mundo, desapega-se também
de atitudes nada fraternas como a arrogância, o poder opressor, e se compromete
na construção de uma sociedade alicerçada na partilha de todos os bens,
materiais ou não, e na fraternidade de seus pensamentos e ações.
Jesus declara
bem-aventurado um mundo novo, de acordo com os planos do Pai. Ele quer salvar
aqueles que ainda vivem no mundo antigo, corrompido, onde os únicos valores são
riqueza, poder e glória. Jesus nos propõe desapego dos bens materiais, serviço
e humildade. Esses são os valores da nova sociedade, vividos por aqueles que
desejam construir o Reino de Deus. Nela todos serão felizes e não apenas um
pequeno grupo de privilegiados.
Quando o Senhor fez
seu sermão do alto da montanha, olhou em sua volta e encontrou a imensa multidão de sofredores, injustiçados,
cansados, sobrecarregados com todos os tipos de fardos que podemos imaginar.
São Paulo, em sua Carta aos Coríntios, mostra um espelho aos seus seguidores e
comenta que sua comunidade é formada por fracos, desprezados, pessoas sem
importância e valor. Esses foram os escolhidos por Deus para manifestar, neles,
o carinho de sua glória. É a nova sociedade, onde Deus impera com sua justiça
de amor.
Caríssimos irmãos,
como somos nós? Como está nossa paróquia, nossa associação religiosa? Vivemos
essa nova sociedade promulgada por Jesus, do alto da montanha, onde o pobre, o
pecador são acolhidos com carinho e humildade de nossa parte, ou nossa vida
cristã mostra exatamente o contrário do que Nosso Senhor ensinou?
Que o projeto de
Jesus, para uma nova sociedade, esteja presente não apenas em nossa vida
eclesial, mas também em nossa casa, em nosso trabalho profissional, em tudo
onde estivermos atuando. Bem-aventurados aqueles que renunciam a seus conceitos
e verdades, para seguir integralmente os ensinamentos do Senhor!
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