terça-feira, 30 de abril de 2024

POR QUANTO TEMPO O SACERDOTE PODE FICAR NA PARÓQUIA?

Alberto Andrade, Redação A12

E

m nossa vida na Igreja, é comum acontecer mudanças e nomeações dos padres nas dioceses pelo Brasil.

Todos os anos, as comunidades têm novos párocos, outras recebem vigários. E claro, existe aquele misto de alegria em receber um sacerdote na paróquia e a saudade deixada por aqueles que partem para uma nova missão.

Mas geralmente nos perguntamos: "Tem um tempo determinado para cada padre ficar na paróquia?" , "Por que um padre fica mais anos do que outros?" , "Na hora que nos acostumamos com um sacerdote, ele é transferido, por quê? ".

O cânon 522 do Código de Direito Canônico fala exatamente como a Igreja determina o tempo de cada pároco.

"Importa que o pároco goze de estabilidade, e por isso seja nomeado por tempo indeterminado; só pode ser nomeado pelo Bispo diocesano por um prazo determinado, se isto tiver sido admitido pela Conferência episcopal, mediante decreto".

Sobre este assunto, o Padre José Carlos de Melo, o Padre Carlinhos da Arquidiocese de Aparecida, explicou que  essa quantidade de tempo de um padre na paróquia pode variar dependendo da Diocese.

"O Direito Canônico fala de uma estabilidade ao pároco (seis anos e mais seis), mas isso não significa que não possa sair antes (ou depois) disso. Neste período, podem aparecer outras necessidades ou situações que levam o Conselho Presbiteral a compensar a presença do sacerdote naquele mesmo lugar. Os motivos muitas vezes não precisam ser trazidos ao conhecimento de todos.

O Conselho Presbiteral é formado pelos bispos e alguns padres, onde as decisões sobre as transferências são pensadas e construídas.

"Essas reuniões exigem longas conversas e, às vezes, várias reuniões. Porém é importante elencar que as transferências de padres fazem parte da autoridade episcopal, é o múnus (fundamentação legal) do qual ele é revestido através do sacramento da Ordem no grau do episcopado, pela autoridade do Papa e da Igreja, mas também por sua paternidade espiritual”, diz o Padre Carlinhos.

As leis da Igreja esclarecem a necessidade de transferir os sacerdotes.

“Se o bem das almas ou a necessidade ou utilidade da Igreja já exigiu que o pároco seja transferido de sua paróquia, que dirige com eficiência, para outra paróquia ou outro ofício, o bispo proponha-lhe a transferência por escrito e o aconselhe a consentir, por amor a Deus e das almas”, está no cânon 1748 do Código de Direito Canônico.

As necessidades da Diocese, as ponderações do Conselho Presbiteral, a confiança na graça de Deus e a força da oração. Tudo isso sustenta o Bispo e o coloca em posição de certeza para promover as transferências. Claro que de acordo com seu discernimento, estes devem ser marcados pela missão de colaboração.

Padre Carlinhos nos fala também da riqueza nesse processo, em que um novo padre chega a uma comunidade.

"Antes da ordenação sacerdotal foram feitas várias perguntas ao candidato e através delas fez várias promessas para realizar bem a sua missão. Um sim dado um dia, somente se mantém como sim, se for reafirmado frequentemente. Neste contexto o novo pároco renova diante da comunidade o que prometeu na ordenação. Ao novo pároco é entregue a chave da Igreja. Colocado à frente de uma comunidade que ele tem a missão de governar .

O próprio sacerdote pode "controlar" esse tempo de permanência na paróquia, pedindo para sair ou ficar na comunidade?

Segundo as leis da Igreja, as transferências podem ser voluntárias ou por conformidade, isto é, com o consentimento do sacerdote ou pelo voto de obediência ao Bispo da igreja e seus sucessores , juramento proferido durante o ato de sua ordenação.

O padre Carlinhos novamente nos esclarece, enfatizando que as transferências sempre são oportunidade de renovação para os próprios sacerdotes, mas também para as comunidades paroquiais, exigindo por vezes um espírito de sacrifício e obediência.

"É o Senhor, que por meio do Espírito Santo indica este caminho, iluminando e abençoando os irmãos na nova missão que lhes é confiada. Outro motivo que leva o sacerdote a acolher com amor a nova missão é o “desapego”, e isso é humano e bom, embora se chore amizades fortes e importantes durante o tempo, curto ou longo, de permanência na paróquia , mas não se esqueça que o padre não é “seu” ou “nosso”, mas é da Igreja, da Arquidiocese e colaborador dos bispos. Isso não é arbitrário, é da natureza da vocação sacerdotal e episcopal. Não que se refere aos clérigos aceitam as transferências, este é um sinal de maturidade vocacional, como também de unidade. Toda mudança gera insegurança, oportunidade de crescimento. Quem não se desafia ou é desafiado também não cresce", concluiu o sacerdote.

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