José Lisboa Moreira de Oliveira
Carta aos Colossenses afirma que a pessoa
cristã já vive como ressuscitada e, como tal, é convidada a comprometer-se com
ações que expressem o essencial dessa condição que é a prática do amor ao
próximo (Cl 3,1-17). Isso nos
autoriza a dizer que a celebração da Páscoa cristã, enquanto memorial da
paixão, morte e ressurreição de Jesus, precisa ser traduzida em atos e gestos
concretos de amor ao próximo, distintivo único e fundamental da identidade do
discípulo e da discípula de Jesus (Jo 13,15). Assim sendo,
a celebração da Páscoa deve ser uma verdadeira primavera que expulse todo e
qualquer mofo e frieza da Igreja e a faça pulsar de vitalidade e de acolhida da
vida. Não cabe celebrar a Páscoa num contexto de rigidez e de falta de
misericórdia, num ambiente em que as leis e as normas estão acima da vida das
pessoas (Mc 3,1-5). Não haverá Páscoa de Jesus numa
Igreja que condena e discrimina certos filhos e certas filhas de Deus; que
reserva os bancos de seus templos para aqueles que se autoproclamam perfeitos e
merecedores do céu. Além disso, a Páscoa deve ser a festa da libertação dos
pobres e dos oprimidos. E não se trata apenas de uma falsa libertação
"espiritual”, cuja recompensa é uma vida futura, programada para depois da
morte. Trata-se, como nos mostra a
experiência do Êxodo, de uma libertação a ser realizada aqui nesta terra. Uma
libertação que inclui terra, casa, comida, emprego, saúde, escola etc.
E para celebrar esta Páscoa os
cristãos e as cristãs precisam, como Javé, ver a opressão, descer até o
submundo dos pobres, sentir o cheiro da pobreza, tocar com os pés e as mãos os
sofrimentos dos injustiçados e excluídos e permanecer comprometidos com as suas
lutas por dias melhores (Ex 3,7-10). |
JOSÉ LISBOA MOREIRA DE OLIVEIRA.
Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor do Setor Vocações e Ministérios/CNBB.
Ex-Presidente do Inst. de Past. Vocacional. Foi gestor e professor do Centro de
Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade
Católica de Brasília.
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