quarta-feira, 3 de abril de 2024

TEMPO PASCAL

 

José Lisboa Moreira de Oliveira

A

 Carta aos Colossenses afirma que a pessoa cristã já vive como ressuscitada e, como tal, é convidada a comprometer-se com ações que expressem o essencial dessa condição que é a prática do amor ao próximo (Cl 3,1-17).

    Isso nos autoriza a dizer que a celebração da Páscoa cristã, enquanto memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus, precisa ser traduzida em atos e gestos concretos de amor ao próximo, distintivo único e fundamental da identidade do discípulo e da discípula de Jesus (Jo 13,15).

    Assim sendo, a celebração da Páscoa deve ser uma verdadeira primavera que expulse todo e qualquer mofo e frieza da Igreja e a faça pulsar de vitalidade e de acolhida da vida. Não cabe celebrar a Páscoa num contexto de rigidez e de falta de misericórdia, num ambiente em que as leis e as normas estão acima da vida das pessoas (Mc 3,1-5).

Não haverá Páscoa de Jesus numa Igreja que condena e discrimina certos filhos e certas filhas de Deus; que reserva os bancos de seus templos para aqueles que se autoproclamam perfeitos e merecedores do céu. Além disso, a Páscoa deve ser a festa da libertação dos pobres e dos oprimidos. E não se trata apenas de uma falsa libertação "espiritual”, cuja recompensa é uma vida futura, programada para depois da morte.

Trata-se, como nos mostra a experiência do Êxodo, de uma libertação a ser realizada aqui nesta terra. Uma libertação que inclui terra, casa, comida, emprego, saúde, escola etc.

E para celebrar esta Páscoa os cristãos e as cristãs precisam, como Javé, ver a opressão, descer até o submundo dos pobres, sentir o cheiro da pobreza, tocar com os pés e as mãos os sofrimentos dos injustiçados e excluídos e permanecer comprometidos com as suas lutas por dias melhores (Ex 3,7-10).







JOSÉ LISBOA MOREIRA DE OLIVEIRA. Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor do Setor Vocações e Ministérios/CNBB. Ex-Presidente do Inst. de Past. Vocacional. Foi gestor e professor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília.

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