quarta-feira, 31 de julho de 2024

AS DOZE PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

 

A

 devoção ao Sagrado Coração de Jesus começou a ser propagada por uma grande santa da Igreja, Santa Margarida Maria Alacoque, monja consagrada na Ordem da Visitação, fundada por São Francisco de Sales.

Uma experiência mística de Santa Margarida Maria Alacoque, por visões que se deram entre 1673 e 1675, iniciou a devoção que foi se difundindo por toda a França.

Em 1856, o Papa Pio IX instituiu como solenidade o “Dia do Sagrado Coração de Jesus” e fixou, para acontecer, sempre às segundas sextas-feiras, após a Solenidade de Corpus Christi.

Como essa solenidade sempre acontece no mês de junho, a Igreja reserva este mês para se celebrar o Coração de Jesus e nesse período, muitas igrejas destacam a imagem do Sagrado Coração de Jesus.

As devoções, tanto ao Sagrado Coração de Jesus quanto ao Imaculado Coração de Maria, nos remetem ao amor de Deus pelo mundo. O Sagrado Coração foi transpassado pela lança na Paixão do Senhor e dele saiu sangue e água, o que representou a misericórdia derramada sobre nós. E o Imaculado Coração de Maria, com que ela amou a Deus e se doou à obra salvadora do filho.

Santa Margarida Maria Alacoque teve várias visões do Sagrado Coração de Jesus, quando o senhor lhe fez as seguintes promessas:

1ª PROMESSA:

“A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”.

2ª PROMESSA:

“Eu darei aos devotos de Meu Coração todas as graças necessárias a seu estado”.

3ª PROMESSA:

“Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”.

4ª PROMESSA:

“Eu os consolarei em todas as suas aflições”.

5ª PROMESSA:

“Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.

6ª PROMESSA:

“Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimento”.

7ª PROMESSA:

“Os pecadores encontrarão, em meu Coração, fonte inesgotável de misericórdias”.

8ª PROMESSA:

“As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.

9ª PROMESSA:

“As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”.

10ª PROMESSA:

“Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.

11ª PROMESSA:

“As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”.

12ª PROMESSA:

“A todos os que comunguem, nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.


Mensagem do dia... 31/07/2024

 


sábado, 27 de julho de 2024

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 17º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 28/07/2024

 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican  News

P

ara quem diz que a religião deve se preocupar apenas com o espírito, deverá surpreender o tema deste domingo onde na primeira leitura e no Evangelho o pão é multiplicado para que todos se alimentem bem. Na Sagrada Escritura, o verbo comer aparece quase mil vezes, enquanto rezar só umas cem.

Na primeira leitura, o profeta Eliseu não aceita comer, em uma situação de penúria, de fome mesmo, os 20 pães que um devoto de outro lugar lhe traz. Ele diz a esse bom homem que o distribua aos seus cem seguidores. O benfeitor diz ser impossível, que o pão é pouco e os ouvintes são cinco vezes mais. Eliseu ordena, confiando na Palavra de Deus dita a ele. “O homem distribuiu e ainda sobrou” nos diz a Sagrada Escritura.

Naquela época isso aconteceu, bem como outros sinais semelhantes, para que o povo confiasse só em Deus e não nos ídolos. Deus se preocupa com nossas necessidades materiais, mas quer a nossa colaboração. Por isso a multiplicação do que foi trazido, do esforço físico de quem trabalhou, da solicitude de quem o trouxe e da generosidade e fé do profeta, que não reteve o dom para si, mas ensinou o homem a partilhar o que Deus criou para todos.

A atitude de Eliseu faz Deus ser verdadeiro e não mentiroso, já que o Senhor havia dito “Comerão e ainda sobrará”.

Em nossa realidade social somos os primeiros a fazer Deus passar por mentiroso, quando vivemos no Brasil, país que faz parte do grupo G20, e apesar disso temos mais de 10 milhões de pessoas vivendo abaixo da “pobreza absoluta”. País tão rico e população tão pobre! Deus não é mentiroso, nós é que somos egoístas e não queremos renunciar a nossos pães que sobram para saciar a fome dos irmãos.

E não é só o pão. É a saúde, as vestes, o afeto, a educação, tudo aquilo que depende de nós, porque nós os temos, pouco até, mas os temos. Se confiarmos em Deus, Ele cumprirá sua Palavra e do pouco sobrará bastante.  Conta-se que São Vicente de Paulo ao chegar à cidade em que foi destinado como pároco, assistiu a morte de uma senhora e ficou penalizado por ter deixado sua filhinha de pouca idade. Após o sepultamento perguntou à população bastante pobre, quem tinha mais filhos e apareceu uma mãe com seus quatro filhos. Aí São Vicente entregou a ela a pequena órfã e ele acrescentou, mais ou menos assim: quem tem menos posses e mais filhos, sabe dividir e aceita o novo membro como bênção.

No Evangelho, ao mandar as pessoas se sentarem, Jesus quer dizer que todos são cidadãos livres, já que os escravos não se sentavam para comer. Mais ainda, no projeto de Jesus não ensina primeiro acumular para depois dividir, mas partilhar o que cada um possui, para que todos fiquem saciados.

Esta é a autêntica Eucaristia, o dom de Deus, associado ao esforço das pessoas, em vista da partilha, da fraternidade e da igualdade.

      E a Carta de Paulo aos Efésios nos diz que há “um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por meio de todos e permanece em todos”.

Que nosso testemunho de crer no Deus único e verdadeiro nos leve a colocar as mãos em nosso bolso e partilhar tudo aquilo que recebemos ou produzimos porque dele tudo recebemos para partilhar, para sermos irmãos.

Mensagem do dia... 27/07/2024

 

quarta-feira, 24 de julho de 2024

SANTA MARIA MADALENA: A APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS

 

Dom Vital Corbellini - Bispo de Marabá - PA

S

anta Maria Madalena, a apóstola dos apóstolos é festejada no dia vinte e dois de Julho, pelo calendário litúrgico romano. Ela foi a grande discípula do Senhor Jesus, a primeira a ver o Ressuscitado e proclamá-lo para os outros apóstolos, de modo que ela mereceu o título de ser a apóstola dos apóstolos.

Santo Agostinho interpretou esta missão de Santa Maria Madalena, para anunciar aos outros o Ressuscitado, como graça grandiosa dada pelo Senhor a uma mulher para servir de modelo para todas as pessoas seguidoras do Senhor Jesus. 

O ANÚNCIO DE

MARIA MADALENA AOS APÓSTOLOS

Maria Madalena anunciou aos apóstolos que o Senhor fora retirado do sepulcro (cf. Jo 20, 2). Os apóstolos foram até lá, no sepulcro e encontraram os panos de linho com que o corpo tinha sido envolvido. Pedro e João ficaram numa atitude de observação. Desta forma, os discípulos voltaram para o lugar onde moravam e de onde saíram pois eles correram para o sepulcro (cf. Jo 20,5-10). 

MARIA CONTINUOU NO SEPULCRO

Enquanto os dois apóstolos voltaram para casa, Maria permaneceu no sepulcro, estando do lado de fora, chorando (cf. Jo 20,11). Os seus olhos procuravam o Senhor sem encontrá-lo dando-se em lágrimas, segundo o relato do Evangelho de São João, que para Santo Agostinho os olhos de Madalena eram mais aflitos por Ele ter sido retirado do sepulcro do que por ter sido morto no lenho, pois tinha presente em Jesus o grande Mestre, cuja vida lhes fora subtraída.

A DOR PELO CHORO DE

MARIA MADALENA

Maria retinha uma dor junto ao sepulcro, estando numa situação de choro. No entanto ela inclinou-se para o interior do sepulcro (Jo, 20,11b). Segundo Santo Agostinho ela não ignorava que não se achava ali Aquele a quem procurava, uma vez que ela própria anunciou aos discípulos que o corpo do Senhor dali tinha sido retirado e vindo até o sepulcro, procuraram o corpo do Senhor e não o encontraram. Qual seria o significado do choro? Será que não dava crédito aos seus olhos? Ou seria ela movida por uma inspiração divina? Ela olhou dentro e viu dois anjos, sentados no lugar onde o corpo de Jesus fora colocado , um à cabeceira e outro aos pés (cfr. Jo 20,12). 

A PALAVRA DOS ANJOS

“Por que choras?” (Jo 20, 13). Os anjos censuraram as lágrimas de Maria Madalena, segundo Santo Agostinho, porque de certo modo eles anunciavam a alegria futura, o encontro com o Jesus Ressuscitado. Ela respondeu aos anjos que as pessoas levaram seu Senhor embora, indicando a parte pelo todo, assim como os fiéis confessaram que Jesus Cristo é Verbo, alma, carne, Ele foi crucificado, sepultado, sendo apenas a sua carne que foi sepultada e ela, Maria Madalena e outras pessoas não sabiam onde o puseram (cf. Jo 20, 13). Essa era segundo o bispo de Hipona a causa da dor, pois ela não sabia aonde ir para consolar aquela dor. No entanto a alegria sucederia aos choros, já anunciada pelos anjos que a ela censuravam o pranto.

Ela viu Jesus

Ela voltou-se e viu Jesus de pé, mas não o reconheceu, de modo que Jesus lhe disse: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”(Jo 20,15). Pensando que fosse o jardineiro ela queria saber onde tinha sido colocado o corpo do Senhor. Mas Jesus lhe disse: “Maria!” e ela lhe disse: “Rabbuni, que dizer: Mestre!” (Jo 20,16). O bispo de Hipona afirmou que Ela honrava um homem e Deus a quem suplicava um benefício e na qual tinha aprendido a discernir as realidades humanas e divinas. Ela chamava de Senhor, aquele do qual não era escrava para chegar por meio Dele, a quem era de fato, seu Senhor. Ela disse Rabbuni ao perceber o seu corpo, mas também o reconheceu com o coração, o Senhor. 

A palavra de Jesus

“Jesus lhe disse: ‘Não me toques, pois ainda não subi ao meu Pai. Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes Subo a meu Pai e vosso Pai, a meu Deus e vosso Deus’” (Jo 20,17). Para Santo Agostinho existe um ensinamento muito importante nas palavras de Jesus para Maria Madalena. Jesus lhe ensinou a fé para aquela mulher, que o chamou de Mestre, e Aquele jardineiro, o Senhor, que sendo o Ressuscitado semeava no coração dela, assim como em seu jardim, o grão de mostarda que deveria crescer pelas virtudes. Ele pediu para Maria Madalena para não o tocar pois Jesus quis que se cressem n’Ele assim, daquela forma, que tocando-o espiritualmente pois Ele próprio e o Pai são um (Jo 17, 21). A palavra de Jesus para não o tocar, aludia também à fé no seguidor e na seguidora de Cristo, reconhecendo-o igual ao Pai. 

A continuação do diálogo

com Maria Madalena

Jesus disse a ela que Ele não tinha subido ao seu Pai e ao Pai dela, para lá sem o tocar, quando ela crer Jesus como Deus, não desigual em relação ao Pai, mas sim igual a Ele. Jesus disse ao meu Deus e vosso Deus: “Meu tem o significado por natureza, vosso, por graça”. Jesus falou de sua condição humana e divina: “é meu Deus, sob o qual eu também sou homem, e é vosso, porque entre Ele e vós, sou Mediador”. Jesus é reconhecido na sua ressurreição como homem e como Deus, o verdadeiro e único Mediador entre Deus e a humanidade. 

“VI O SENHOR” (JO 20,18):

A APÓSTOLA DOS APÓSTOLOS

Maria Madalena foi enviada por Jesus para dizer aos apóstolos que ela viu o Senhor ressuscitado e contou o que Ele lhe havia dito (cfr. Jo 20,18). Maria Madalena tornou-se a grande anunciadora de Jesus Ressuscitado entre os discípulos do Senhor, a qual ela é considerada a Apóstola dos Apóstolos, a primeira pessoa, mulher a ver o Jesus Ressuscitado e o anunciou aos outros, aos discípulos. 

Nós somos chamados a ser como Maria Madalena, anunciadores da ressurreição do Senhor em nossas vidas de seguidores e de seguidoras do Senhor Jesus Cristo. Ao longo da vida nós temos momentos de oração, de convívio com o Ressuscitado pela eucaristia e outros sacramentos e também somos chamados a fazer obras de caridade, ajudando às pessoas necessitadas, pobres. Nós vivamos a alegria e o amor do Senhor que está em nosso meio e em todas as pessoas que lutam pela justiça, pela fraternidade, pelo amor neste mundo e um dia viver para sempre com o Senhor e com todas as pessoas que assumiram o mandamento do amor a Deus, ao próximo como a si mesmo, assim como fez Santa Maria Madalena.

Mensagem do dia... 24/07/2024


sábado, 20 de julho de 2024

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 16º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 21/07/2024

 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A

 primeira leitura nos mostra a repreensão que Deus, através do Profeta Jeremias, fez aos últimos reis de Israel daquele tempo, Joaquim e Sedecias, por não terem cuidado do povo que então foi levado, como escravo, para a Babilônia.

Como sempre, desde o Gênesis, Deus não se deixa derrotar pelas más ações humanas e o amor vence. Imediatamente após a chamada e atenção e ao aviso do castigo, o Senhor anuncia a vinda de pastores de verdade, que zelem pelo rebanho e vai mais além, o Senhor vai suscitar um rei dentre os descendentes de Davi. Esse rei “fará valer a justiça e a retidão na terra”.

Isso aconteceu com a vinda de Jesus Cristo, não trazendo de volta o esplendor de Salomão, mas a transformação dos corações.    Aí está o diferencial dos novos pastores, não dando primazia àquilo que poderá corromper os humanos e que passa, mas àquilo que os tornará filhos de Deus e irmãos de todos, àquilo que é eterno.

Também nós deveríamos, em um exame de consciência, verificar se não traímos a confiança em nós depositada por Deus, pela família, pelos amigos e até por nós mesmos, quando fomos infiéis aos nossos propósitos.

Para sabermos que estamos no bom caminho, se a autoridade, seja ela qual for, tem aprovação divina ou não, deveremos examinar o que é feito em favor da justiça e do direito, se a liderança é usada para servir, mesmo perdendo privilégios.

No Evangelho, São Marcos nos dá uma grande lição: a necessidade de, ao terminarmos um trabalho, fazermos sua avaliação à luz de Deus. É isso que significa os discípulos voltarem realizados de suas atividades pastorais e relatarem para Jesus o que havia acontecido. É necessário que o agente pastoral, que o leigo cristão, não sucumba no ativismo, mas o que fizer seja fruto da oração, que tenha escutado Deus. Não basta uma simples reflexão humana, é preciso rezar, dialogar com o Senhor e ouvir o que nos diz, em nossa mente e em nosso coração, de nossas atividades. Também é importante sentir, na oração, a comunidade, a família.

Após o exame com Jesus e um breve descanso, os discípulos voltam ao trabalho. É assim nossa vida?

    A segunda leitura nos traz São Paulo falando aos Efésios, dizendo que de dois povos, Jesus fez um só, “estabelecendo a paz”. Não existe mais judeus e pagãos.

O bom pastor busca e leva à unidade. Ele reconcilia os homens entre si e com Deus. E isso deve ser buscado sempre, mesmo com sacrifícios, pois Jesus a realizou em sua cruz. Nela ele destruiu a inimizade.

Que nada em nossa vida fique sem ser passado pelo filtro da fé, da caridade e que nossa presença seja propiciadora da amizade das pessoas entre si e com Deus. Sejamos bons pastores, conduzamos a ovelhas a nós confiadas ao prado da alegria, da justiça e da caridade. Que elas se sintam realizadas!


Mensagem do dia... 20/07/2024

 

quinta-feira, 18 de julho de 2024

SEJA FEITA A VONTADE DE DEUS!

O

 Apóstolo Marcos (Mc 3,20-35) nos apresenta as dificuldades enfrentadas por Jesus para anunciar o Evangelho, em sua cidade, até mesmo entre os seus parentes.

Entretanto, a Palavra de Deus proclama a vitória sobre o pecado por meio de Jesus Cristo. Ela já se encontra prefigurada na passagem do Gênesis que se refere à cabeça da serpente esmagada (Gn 3,15). É anunciada por Paulo, ao proclamar a ressurreição de Jesus e motivar a Comunidade de Corinto a não desanimar jamais. “Por isso, não desanimamos!”, afirma o Apóstolo (2Cor 4,16).

Marcos nos mostra ainda o poder de Jesus de libertar o homem, perdoando os pecados, razão de ser de nossa força e esperança no combate espiritual.  O tema principal é a misericórdia de Deus que nos perdoa sempre e não o pecado ou o pecador que não crê nem busca o perdão e, por isso, não é perdoado.

Em primeiro lugar, está a afirmação de Jesus ressaltando a misericórdia divina: “tudo será perdoado aos homens”. A questão do pecado contra o Espírito Santo põe em relevo a recusa do pecador em admitir a ação do Espírito de Deus nas ações de Jesus, atribuindo-as ao demônio, e por isso, a recusa do próprio perdão.

O Catecismo da Igreja Católica afirma que “a misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus, rejeita o perdão de seus pecados” e a ação santificadora do Espírito Santo (n. 1864).

Em resposta à Palavra, somos convidados a crer em Jesus e nele confiar, fazendo sempre a “vontade de Deus” (Mc 3,35). Somos chamados a imitar Jesus, na sua fidelidade ao Pai até a morte de cruz.

Na raiz do pecado, do pecado de Adão e Eva, do pecado de cada um de nós, está a desobediência à Palavra de Deus, trazendo sempre consequências desastrosas. Há tantos e tão graves males no mundo que resultam de nossas escolhas erradas, do egoísmo, do orgulho e do fechamento à vontade de Deus.

Em Cristo, temos a graça do perdão e da reconciliação, a oportunidade de um coração novo e de uma vida nova. Que o cumprimento fiel da Palavra de Deus, na vida cotidiana, nos permita dizer a cada dia: “no Senhor ponho a minha esperança, espero em sua Palavra. A minha alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora. Nele, se encontra o perdão!” (Sl 129).


Mensagem do dia... 18/07/2024

 

sábado, 13 de julho de 2024

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 15 º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 14/07/2024

 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A

 mensagem da liturgia deste domingo nos propõe refletir sobre o papel do profeta, do homem enviado por Deus para nos comunicar seus desejos e orientações, em relação à nossa vida.

Na primeira leitura vemos o Profeta Amós sendo expulso, pelo sacerdote Amasias, da cidade de Betel, porque denunciou as coisas erradas feitas pelo rei Jeroboão II.  Amós respondeu que não poderia obedecer a essa ordem, pois fora investido dessa função por Deus, quando era apenas, em sua cidade, um pastor de gado e recebera, do Senhor, a missão de profetizar em Israel, o que ora fazia. O profeta disse que a prosperidade em Israel é fruto de injustiças, de exploração do pobre e do humilde e, portanto, todo o bem-estar desfrutado pelas classes poderosas, percebido inclusive na frequência ao Templo, era vazio e sustentado pela exploração do pequeno. Evidentemente isso agredia o rei, os sacerdotes e toda a classe de dirigentes e famílias bem constituídas.

No Evangelho, Jesus chama seus discípulos e os envia às pessoas para libertá-las dos males. Ao mesmo tempo deu orientações para saberem como deveriam realizar a incumbência. Será na simplicidade e na total confiança no poder de Deus que a missão será exercida. Mas por que o Senhor os enviou com observações claras sobre simplicidade? E quais eram os males dos quais os apóstolos são enviados para libertar os homens?

O gênero humano é o mesmo, desde a época de Amós, passando pela época de Jesus e chegando ao nosso tempo. Todos são envolvidos pelos males, os mesmos que Jesus exorcizou em sua tentação no deserto: a riqueza, o poder, a soberba. Todos esses, com suas versões contemporâneas, levam o ser humano a ser opressor, egoísta e, profundamente infeliz. Podemos constatar isso através de notícias atuais e até de nossa própria experiência.

Existe um dito popular: “O homem feliz não tinha camisa!” Esse dito quer nos dizer que a felicidade não está em possuir coisas. É a sabedoria popular nos alertando contra o desejo de posse, contra a concupiscência do ter. Deus quer o homem feliz, o criou para isso, mas a atração pelo consumismo e pela saciedade dos instintos pode levá-lo ao inferno, isto é, à infelicidade absoluta, longe do irmão e de Deus.

Outro perigo que essas duas leituras nos alertam, especialmente a primeira, é sobre o presente que corrompe. Amasias, o sacerdote que expulsou o profeta Amós, fez isso não porque fosse cego ou sem inteligência para perceber a situação de injustiça, mas porque era empregado do rei. Era Jeroboão II quem pagava seu salário e, além de prestígio, certamente, recebia dele homenagens, privilégios e portanto, não era livre para lutar pela verdade! Também esse é um dos grandes males de que Jesus veio nos libertar, a conivência e omissão, principalmente quando temos culpa no cartório.  

Já Amós, era livre e independente. Seu único patrão, seu único senhor era Deus e, também, sua consciência.

Por outro lado dizemos, de acordo com a segunda leitura, que Deus, nosso Pai e nosso Senhor nos cumulou, em Jesus Cristo, com todos os bens imperecíveis. A partir da vocação de sermos irmãos em Cristo, o Pai nos deu a felicidade completa, o céu, a proximidade  Dele, e dos irmãos, para sempre. Jesus, o homem livre, deverá ser o nosso exemplo de filho, de irmão, de missionário. Além de ser livre, nos indicou o caminho para a liberdade, ao declarar que a verdade liberta.

Mensagem do dia... 13/07/2024


quarta-feira, 10 de julho de 2024

FAMÍLIA, PROJETO DE DEUS!

 

A

 família é imagem de Deus, que “no mais íntimo do seu mistério não é uma solidão, mas uma família”. Ela carrega uma profunda marca da Trindade.

O próprio Pai convida os esposos a uma “íntima comunhão de vida e de amor conjugal”, cujo modelo é o amor de Cristo por sua Igreja, no Espírito Santo que é amor.

Nesse chamado, os esposos, no seu estado de vida e com a sua família, revelam e, ao mesmo tempo, realizam o mistério da Igreja.

Essa intimidade de vida e de amor, que no início da família se manifesta como amor conjugal, completa-se e aperfeiçoa-se quando se estende aos filhos com a educação.

É dessa riqueza de vida e de amor que nasce e cresce a família. E do dinamismo da reciprocidade dos esposos e dos filhos nasce uma pequena comunidade

Nessa pequena comunidade a família reencontra-se como o primeiro “nós”, no qual cada um é “eu” e “tu”; cada um é para o outro respectivamente marido ou esposa, pai ou mãe, filho ou filha, irmão ou irmã, avô ou neto. Enfim, a família é comunidade de pais e filhos; às vezes, comunidade de diversas gerações.

O Concílio Vaticano II chama a família nascida do sacramento do Matrimônio uma espécie de “Igreja doméstica” e “santuário íntimo da Igreja”.

A antiga expressão “Igreja Doméstica” tem suas origens nos tempos apostólicos, quando o núcleo da Igreja era em geral constituído por aqueles que, “com toda a sua casa”, se tornaram cristãos (cf. At 18,8).

Quando eles se convertiam, desejavam que “toda a sua casa” fosse salva (cf. At 16,31 e 11,14). Essas famílias que se tornavam cristãs eram verdadeiras presenças e testemunhas de vida cristã num mundo incrédulo.

Tais famílias eram a Igreja, como Pio XII iria dizer mais tarde: os fiéis leigos, ou seja, as famílias “são a Igreja”.

Com o que foi dito acima, em virtude do sacramento do Matrimônio, pelo qual os cônjuges significam o mistério de unidade e de fecundo amor entre Cristo e a Igreja, e desse mistério participam, a família cristã é a menor parcela da Igreja – a Igreja Doméstica. Esta, como Igreja, gera e defende a vida, sustenta as demais estruturas eclesiais, cultiva a paternidade, educa as pessoas para a sociedade e a Igreja, e cultiva as sementes do Reino definitivo.

Aí está à família, como Igreja Doméstica, aquela que é experiência de quatro relações fundamentais da pessoa humana e do cristão, e que permite fazer essa experiência de paternidade, filiação, irmandade e nupcialidade.

São essas mesmas relações que compõem a vida da Igreja: a experiência de ter um pai e ter Deus como Pai, experiência de ter irmãos e ter Cristo como irmão, experiência de ter ou ser filho em, com e pelo Filho e, por fim, experiência de ser esposa e ter Cristo como esposo. A vida em família reproduz essas quatro experiências fundamentais e as compartilha em miniatura: são as quatro facetas do amor humano.

No plano do Criador, a família tem a missão de se tornar cada vez mais aquilo que é, ou seja, a comunidade de vida e de amor. Pois para isso ela foi criada e redimida para alcançar a plenitude do Reino de Deus. Por isso, cabe à família a missão de revelar e comunicar o amor e a vida, e deles cuidar, qual reflexo vivo e participação real do amor de Deus pela humanidade, e do amor de Cristo pela Igreja, sua esposa.

SANTUÁRIO DA VIDA

A família, fundamentada e vivificada pelo amor, é o lugar próprio e o “santuário”, onde cada pessoa é chamada a experimentar fazer seu aquele amor, e dele participar, sem o qual não pode viver, e toda a sua vida fica destituída de sentido.

É aí que ela é chamada a viver a missão de servir à vida. Ela deve ser a servidora da vida. Pois o direito à vida é a base de todos os direitos humanos. Porque a vida concebida e não nascida é o ser mais pobre, frágil, vulnerável e indefeso, que deve receber da família toda a proteção.

Este serviço à vida não se reduz só à procriação, mas é verdadeiro compromisso de transmitir os valores autenticamente humanos e cristãos à prole e neles educá-la.

Neste sentido, o Criador do universo quer estar presente na família como Deus do amor e da vida. Ele quer que a criatura humana tenha a vida e a tenha em abundância, como proclama Cristo (cf. Jo 10,10); que a tenha, sobretudo graças à família.

Portanto, partindo desse amor e em permanente referência a ele, a família deve ter sempre em conta os valores fundamentais que a Doutrina da Igreja atribui às famílias cristãs. Entre esses valores , apresentamos três, especificamente: a família formadora de pessoas, educadora na fé, promotora do desenvolvimento:

A missão da família é viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas que se caracteriza pela unidade e indissolubilidade.

O Concílio Vaticano afirma que “a família recebeu de Deus a missão de constituir a célula primária e vital da sociedade”. Ela é o lugar privilegiado para a realização pessoal junto com os seres amados.

Aí os pais devem criar um ambiente de família, que, animado pelo amor, pela piedade para com Deus e para com os seres humanos, promova uma educação integral, pessoal e social dos filhos.

Nessa educação deve sobressair os valores de sua inteligência, vontade, consciência e fraternidade. Como fonte alimentadora desta educação acha-se em primeiro lugar a própria família.

A família tem a grande missão de, pela educação, formar nos filhos um profundo sentido da dignidade pessoal e da liberdade como ser humano.

Pois é dessa consciência da dignidade da pessoa humana, que o cristão, o cidadão, poderá proclamar os direitos humanos. Pois tais direitos fundamentais, que a pessoa humana não pode renunciar anteriores a qualquer norma ou lei positiva, radicados na mesma dignidade de ser pessoa, têm sua fonte e origem no próprio Deus.

Os esposos cristãos são para si mesmos, para seus filhos e demais familiares, cooperadores da graça e testemunhas da fé. São para seus filhos os primeiros pregadores e educadores da fé. “A família como “Igreja Doméstica”, deve acolher viver, celebrar e anunciar a Palavra de Deus”.

Nesse sentido, ela é santuário onde se edifica a santidade, e a partir do qual a Igreja e o mundo podem ser santificados. Esta é a missão da família. Evangelizar a vida, as pessoas, a realidade familiar e a sociedade. Esta missão evangelizadora acontece quando os pais, não somente comunicam o Evangelho aos filhos, mas podem receber deles o mesmo Evangelho profundamente vivido.

E uma família assim torna-se evangelizadora de muitas outras famílias e do meio ambiente em que ela se insere. “A evangelização passa necessariamente pela família (...), pois, à medida que a família cristã abraça o Evangelho e amadurece na fé, torna-se comunidade evangelizadora”. Pois é na família que “se forja o futuro da humanidade e se concretiza a fronteira decisiva da nova Evangelização”.

A família é a primeira e vital célula da sociedade. O Concílio Vaticano II apresenta a família como a primeira escola das virtudes sociais necessárias às demais sociedades. Nela os filhos fazem a primeira experiência de uma sã sociedade humana. É por ela que os filhos vão sendo introduzidos aos poucos na sociedade civil e na Igreja.

Por sua natureza e vocação, ela deve ser promotora do desenvolvimento e protagonista de uma autêntica política familiar. Portanto, na família cristã, como Igreja Doméstica, os esposos se tornam cocriadores com Deus no que existe de mais nobre na criação: O Homem.

Conforme o desígnio de Deus, a família é a primeira escola do ser humano em seus vários aspectos. Nela é afirmada a dignidade da pessoa humana.

Por isso, o bem-estar da pessoa e da sociedade humana está ligado estreitamente a uma situação favorável da comunidade conjugal familiar, pois esse bem-estar é um fator importantíssimo no desenvolvimento.

No plano cristão e social, a família exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, pela vivência dos sacramentos, pelo testemunho de uma vida santa e pela caridade.

O lar é em certo sentido a primeira escola de enriquecimento humano. É aí que se aprende a fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso, e, sobretudo o culto divino pela oração e oferenda da vida.

Por outras palavras, a convivência cotidiana em família é o espaço primeiro para viver esta espiritualidade, procurando confrontar a própria vida com a vida e as opções de Jesus de Nazaré, que “passou fazendo o bem” (At 10,38), numa atitude de total abertura ao Pai e aos irmãos.

Embebida nessa profunda comunhão com Cristo e com o Pai, e com os irmãos, a família passa a ser a promotora do respeito à dignidade e às diferenças das pessoas, passa a ser a formadora das pessoas, a educadora da fé e a promotora do desenvolvimento humano.

Mensagem do dia... 10/07/2024

 

sábado, 6 de julho de 2024

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 14º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 07/07/2024

 

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A

 primeira leitura nos ensina o que é um profeta e qual sua função, quando Deus, como nos relata o livro de Ezequiel, o convoca e o envia aos israelitas para lhes dizer: “Filho do homem, eu te envio aos israelitas, nação de rebeldes, que se afastaram de mim.” Mais adiante, acrescenta: “e tu lhes dirás: Assim diz o Senhor Deus.” O profeta é um homem comum, escolhido dentre os demais, que se dirige a todos com a autoridade recebida de Deus, para alertar os mesmos, com o objetivo de salvá-los da infelicidade.

Do mesmo modo como costuma acontecer conosco, quando alguém vem nos alertar de algum erro que estamos cometendo, nós não gostamos e até agredimos o amigo. Também o povo de Israel não gostava dos profetas porque eles os incomodavam, fazendo mudar de vida e retomar o caminho certo.

No Evangelho, Marcos nos fala que Jesus é esse profeta. Os presentes na sinagoga não o aceitam, pois além de perturbar a ordem, corrigindo as interpretações da Lei feita pelos doutores, ele era não apenas um homem comum, mas filho de pessoas muito simples. Isso causou uma admiração negativa, um espanto. Como o filho do José carpinteiro e de Dona Maria, vem nos ensinar? Que escola ele frequentou? Quem ele pensa que é? E assim Jesus foi rejeitado até ser crucificado, apesar de suas palavras de carinho, de perdão, apesar de seus milagres e de seu ensinamento trazer a felicidade ao coração das pessoas. Mas apesar disso, seu ensinamento exigia mudança de vida, reconhecer-se pecador, deixar a vidinha acomodada e egoísta para ser feliz de verdade.

Na segunda leitura temos aquele famoso trecho da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios, onde ele fala de que lhe foi dado um espinho na carne, que é como um anjo de Satanás. Muito já se escreveu sobre isso. Mas afinal, que espinho é esse? Certamente Paulo se refere à fragilidade do profeta, do apóstolo, do missionário, do catequista, do cristão, quando ser humano que é, sente-se em conflito quando, exercendo sua função, é confrontado pelas atitudes hostis daqueles a quem é enviado. E a resposta de Deus para Paulo e para todos nós que vivenciamos nossa humildade, nossos limites é: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder.”

Foi na cruz de Jesus que se manifestou a força de Deus!

Portanto, concluindo nossa reflexão, deixemos Paulo falar em nós: “Por isso, de bom grado, eu me gloriarei das minhas fraquezas, para que a força de Cristo habite em mim. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte.”