quarta-feira, 13 de novembro de 2024
terça-feira, 12 de novembro de 2024
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
domingo, 10 de novembro de 2024
sábado, 9 de novembro de 2024
REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 10/11/2024
Padre
Cesar Augusto, SJ - Vatican News
A |
primeira leitura, tirada do Primeiro Livro dos
Reis, nos relata um fato ocorrido quando em Israel sobreveio uma grande seca .
O Profeta Elias chegou a Sarepta e com fome e sede, pediu a uma viúva que
encontrou na entrada da cidade, água e pão. A pobre mulher disse que o que ela
possuía era o fim das reservas e que após se alimentarem, ela e seu filho
aguardariam a morte. Elias disse que não se preocupasse e que o alimentasse
primeiro, pois ela deveria confiar na promessa de Deus, de que nada faltará.
Ela acreditou e fez como o profeta mandou. O relato concluiu informando que, de
fato, nada faltou durante todo aquele estio.
Deus
tem compaixão dos pobres e, mais que com alimento, Deus abençoou a viúva com a
fé em sua palavra. A viúva, representando os fiéis pobres, mostrou que o pobre
espera tudo de Deus e não partilha o supérfluo, porque não o tem, mas partilha
o indispensável, o essencial para sua subsistência.
O
Evangelho nos fala de outra viúva pobre. É aquela que mereceu um elogio de
Jesus, quando depositou no cofre do Templo sua oferta. Recordemos o fato: o
Senhor estava com seus discípulos no Templo e observavam as pessoas. A atenção
deles foi chamada por pessoas bem-vestidas depositando grandes quantias no
cofre. Por outro lado, também não ficou despercebida, exatamente por causa do
contraste, a oferta da viúva, que humilde, depositou duas pequenas moedas que
não valiam quase nada.
Nesse
momento Jesus, levou-os a refletir sobre o que viam e observavam. Disse o
Senhor: “Em verdade vos digo, esta viúva deu mais do que todos os outros que
ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua
pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
Deus
não olha a quantia, Ele não precisa disso, é Deus! Ele olha a generosidade,
aquilo que nos torna semelhantes a Ele, a Jesus e aos santos. Discípulo do
Senhor é quem vive a generosidade, quem renuncia a tudo, para segui-lo.
Se
quisermos viver a santidade verdadeira, será necessário que o imitemos, que
“sendo rico, se fez pobre”, como nos ensina São Paulo na 2ª Carta aos
Coríntios.
A
segunda leitura nos ajuda no esclarecimento dessa generosidade, até onde ela
nos leva: “uma vez por todas, ele (Jesus) se manifestou para destruir o pecado
pelo sacrifício de si mesmo.” Cristo não nos deu tudo que possuía, mas foi
além, dando-nos a si próprio.
Uma
frase escrita pelo padre Leonel Franca, o jesuíta fundador da Universidade
Católica do Rio de Janeiro, conclui nossa reflexão: “Com o Absoluto não se
regateia, quem não deu tudo, não deu nada. O sacrifício deve ser holocausto!
sexta-feira, 8 de novembro de 2024
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
quarta-feira, 6 de novembro de 2024
SENTIDO DO DESAPEGO
Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)
A palavra “desapego” constitui uma
temática provocante no contexto da cultura moderna, nesse atual tempo
histórico, marcado profundamente pelo capitalismo liberal. A via econômica de
hoje favorece o crescimento da desigualdade e discrepância na qualidade de vida
das pessoas. Pode-se até dizer que, quanto mais tem, mais quer ter. O ter abafa
o ser e deixa muita gente marcada pela pobreza.
A superação dessa
realidade depende muito do processo de desapego, principalmente de uma riqueza
acumulada de forma inútil, porque a pessoa não terá como consumi-la em seu
tempo de vida. Por que não exercer o bonito exercício da partilha, que expressa
desapego, aplicando um pouco em obras sociais? É justamente nesses gestos
fraternos de partilha que está a grandeza da pessoa.
O desapego é uma
virtude sábia e louvável, que pode trazer paz, alegria e contentamento para a
pessoa, isto é, uma vida feliz. Entender a sabedoria divina significa lidar com
os descompassos da história, com aqueles que ocasionam prática de coisas passageiras
incapazes de projetar uma eternidade saudável. Nos ensinamentos do Evangelho
isto está muito claro, porque Jesus incentiva o desapego.
Toda prática de
desapego vem das intenções interiores do coração humano. Portanto, é uma
virtude que começa em Deus, porque Ele está justamente no coração das pessoas.
Dizendo isto podemos entender que o desapego significa fazer a vontade divina.
A Palavra da Sagrada Escritura atinge e sensibiliza com profundidade a razão
humana e provoca a sensibilidade do coração para o desapego.
No Evangelho Jesus
apresenta, a um jovem, uma questão emblemática e radical: “Vai, vende tudo o
que tens, dá aos pobres e segue-me” (Mc 10,21). Significa relativizar todas as
coisas na terra para acolher o Reino de Deus. Nas guerras sentimos uma profunda
insensibilidade em relação ao valor sagrado da pessoa humana. Há uma inversão
de valores, privilegiando o egoísmo individual e vazio.
terça-feira, 5 de novembro de 2024
segunda-feira, 4 de novembro de 2024
domingo, 3 de novembro de 2024
SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS
Os Santos e as Santas - autênticos amigos de Deus - aos quais a
Igreja nos convida, hoje, a dirigir nossos olhares, são homens e mulheres, que
se deixaram atrair pela proposta divina, aceitando percorrer o caminho das
Bem-aventuranças.
Padre Cesar Augusto,
SJ - Vatican News
A |
o final do século II, já era grande a
veneração dos Santos. No início, os santos mártires, aos quais os Apóstolos
foram logo assimilados, eram testemunhas oficiais da fé.
Depois das grandes
perseguições do Império Romano, homens e mulheres, que viveram a vida cristã,
de modo belo e heroico, começaram a tornar-se, paulatinamente, exemplos de
veneração: o primeiro santo, não mártir, foi São Martinho de Tours.
Em fins do ano mil,
diante do incontrolado desenvolvimento da veneração dos santos e do
"comércio" em torno das suas relíquias, iniciou-se um processo de
canonização, até se chegar à comprovação dos milagres.
A Solenidade de Todos
os Santos começou no Oriente, no século IV. Depois, difundiu-se em datas
diferentes. Em Roma, dia 13 de maio; na Inglaterra e Irlanda, a partir do
século VIII, dia 1º de novembro, uma data que também foi adotada em Roma, a
partir do século IX.
Esta Solenidade era
celebrada no fim do Ano litúrgico, quando a Igreja mantinha seu olhar fixo ao
término da vida terrena, pensando naqueles que haviam atravessado as portas do
Céu.
O Evangelho deste
domingo é o Evangelho das bem-aventuranças “Vendo aquelas multidões, Jesus
subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então, abriu
a boca e lhes ensinava”.
Os Santos e as Santas
- autênticos amigos de Deus - aos quais a Igreja nos convida, hoje, a dirigir
nossos olhares, são homens e mulheres, que se deixaram atrair pela proposta
divina, aceitando percorrer o caminho das Bem-aventuranças; não porque sejam melhores
ou mais intrépidos que nós, mas, simplesmente, porque "sabiam" que
todos nós somos filhos de Deus e assim viveram; sentiram-se “pecadores
perdoados”... Eis os verdadeiros de Santos! Eles aprenderam a conhecer-se, a
canalizar suas forças para Deus, para si e para os outros, sabendo confiar
sempre, nas suas fragilidades, na Misericórdia divina.
Hoje, os Santos nos
animam a apontar para o alto, a olhar para longe, para a meta e o prêmio que
nos aguardam; exortam-nos a não nos resignar diante das dificuldades da vida
diária, pois a vida não só tem fim, mas, sobretudo, tem uma finalidade: a
comunhão eterna com Deus.
Com esta Solenidade,
a Igreja nos propõe os Santos, amigos de Deus e exemplos de uma vida feliz, que
nos acompanham e intercedem por nós; eles nos estimulam a viver com maior
intensidade esta última etapa do Ano litúrgico, sinal e símbolo do caminho da nossa
vida.
CONDIÇÕES EVANGÉLICAS
Trata-se de percorrer
o caminho, ou melhor, as nove condições traçadas por Jesus e indicadas no
Evangelho: as Bem-aventuranças!
“Bem-aventurados os
pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus...”: o ponto forte não é
tanto ser “bem-aventurado”, mas o “porquê”. Uma pessoa não é
"bem-aventurada" porque é "pobre", mas porque, como pobre,
tem a condição privilegiada de entrar no Reino dos Céus.
A mesma coisa
acontece com as outras oito condições: “Bem-aventurados os que choram, porque
serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os
pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem... Alegrai-vos, porque será grande
a vossa recompensa nos Céus”.
A explicação de tudo
encontra-se naquele “porquê”, pois revela onde os mansos encontrarão confiança,
onde os pacíficos encontrarão alegria... Logo, "bem-aventurados", não
deve ser entendido como uma simples emoção, se bem que importante, mas como um
auspício para se reerguer, não desanimar, não desistir e seguir em frente...
pois Deus está conosco.
A questão, portanto,
consiste em ver Deus, estar da sua parte, ser objeto das suas atenções;
contemplar Deus, não no paraíso, mas, aqui e agora.
Enfim, eis o caminho que devemos percorrer para participar também da alegria indicada pelo Apocalipse, que todos nós podemos conseguir: "Caríssimos, considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato... desde agora somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser" ”(1 Jo 3,1-2). Nós, diz o refrão do Salmo, em resposta à primeira leitura da Carta de João: “Somos a geração que busca a face do Senhor”. Não porque somos melhores que os outros, mas porque Deus quis assim.
sábado, 2 de novembro de 2024
COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS DEFUNTOS
"Esta é a vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o
Filho e nele crê tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia"
(Jo 6,37-40).
Vatican News
N |
o século
II, há indícios de que os cristãos rezavam e celebravam a Eucaristia pelos seus
defuntos. No início, eram recordados no terceiro dia do enterro e, depois, no
aniversário de morte. A seguir, no 7º e 30º dia. Tudo começou, porém, no ano
998, quando o Abade Odilo, de Cluny (994-1048), exigiu que o
então chamado “Dia de todas as almas”, hoje Dia de Finados, fosse celebrado em
2 de novembro, em todos os mosteiros sob a sua jurisdição. Em 1915, Bento XV
concedeu a faculdade a todos os sacerdotes de celebrar várias Missas neste dia,
desde que a intenção fosse feita apenas em uma Missa. Hoje, a liturgia propõe
várias Missas, nesta data, a fim de ressaltar o mistério pascal, a vitória de
Jesus sobre o pecado e a morte.
TEXTO (extraído da primeira Missa):
«Todo
aquele que o Pai me dá virá a mim, e o que vem a mim não o lançarei fora. Pois
desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me
enviou. Ora, esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não deixe perecer
nenhum daqueles que me deu, mas que os ressuscite no último dia. Esta é a
vontade de meu Pai: que todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a vida
eterna; e eu o ressuscitarei no último dia» (Jo 6,37-40).
A VONTADE DE DEUS
A
mensagem revolucionária é que “todo aquele que vê o Filho e nele crê tenha a
vida eterna; e eu o ressuscitarei...”. Sabemos, por experiência, que o
corpo se decompõe: mas o corpo não representa todo o homem! O homem, como
pessoa, é parceiro do diálogo com Deus, que não o deixa cair, não o esquece,
porque Deus é fiel às suas promessas. Deus escreveu cada um de nós na palma da
sua mão e não se esquecido de ninguém, porque Ele é o Pai. Eis o ponto central
da mensagem que Jesus nos deixou. Por esta verdade, Jesus fez-se homem, morreu
na cruz e ressuscitou, para fazer-nos partícipes da alegria da ressurreição:
"Dai-lhes, Senhor, e a todos os que descansam em Cristo, a beatitude, a
luz e a paz", rezamos no cânone I da Missa, no momento de recordar os
fiéis defuntos.
DEIXAR-SE SURPREENDER
É
claro que sobreviveremos, disse Jesus! Porém, como isso acontecerá não sabemos,
podemos apenas intuir, mediante a escuta da Palavra evangélica. No entanto,
permanece a esperança de poder-nos surpreender com a bondade de Deus, com a sua
misericórdia. Temos os nossos parâmetros, para medir os acontecimentos da vida,
mas devemos deixar a Deus os seus parâmetros, que não são os nossos: será
precisamente este que nos surpreenderá, quando cruzarmos a Porta do Paraíso.
UM PASSO A MAIS
Morrer
não é desaparecer, mas viver de modo novo. É saber que, os que nos precederam,
deram um "passo a mais" no caminho da vida; atingiram o cume,
enquanto nós ainda estamos percorrendo as sendas da vida; ultrapassaram a curva
da vida, enquanto ainda estamos ao longo do retilíneo. Por isso, a morte não é
o fim de tudo, mas o início de uma vida nova, para a qual nos encaminhamos e
nos preparamos desde o início.
Logo,
a Comemoração dos Fiéis Defuntos não é apenas uma “recordação” dos que não
estão mais presentes entre nós, fisicamente, mas uma ponte, que nos aguarda no
fim da vida, que nos conduzirá à outra margem, à qual todos nós somos
destinados; é um meio para não nos deixarmos afogar por tantas mágoas,
esquecendo que tudo passa, mas Deus permanece.
IRMÃ MORTE
São
Francisco de Assis, após ter-se reconciliado com Deus, consigo mesmo e com a
criação, no final da sua vida conseguiu reconciliar-se até com a morte, tanto
que passou a chamá-la "irmã", sinal que, também para ele, se tratava
de um mistério a ser compreendido e aceito. Ao contrário da sociedade de hoje,
que tenta, com todos os meios, ocultar a realidade da morte, iludindo-se ser
eterna, São Francisco nos ensina a encará-la, compreendê-la, a considerá-la uma
"irmã", uma parte de nós. No fundo, é um acontecimento real e
existente: é um ato de honestidade intelectual, antes de ser espiritual. O
medo, diante da “irmã morte”, certamente, é ditado pela ignorância, por não
saber o que está além da “porta”. Por isso, suscita certo desconforto. Depois,
é inútil esconder que tememos o “peso” das nossas ações, pois, no final das
contas, todos acreditam, em seus corações e, no fim da vida, nos perguntaremos
como vivemos. Esta experiência leva-nos a rezar pelos que nos precederam, quase
querendo ajudá-los e protegê-los, ao invés de pedir sua ajuda e proteção.
Uma
coisa é certa: vemos a morte à luz da ressurreição de Jesus. Eis a nossa força
e serenidade. Ele nos abriu o Caminho que conduz, com a Verdade, à Vida. O
próprio Jesus recordou-nos que somos feitos para a eternidade: mil anos para
nós são como um sopro diante de Deus; este tempo tão curto e passageiro da
vida, não tem sentido se não for projetado para uma experiência mais
verdadeira, como o próprio Jesus disse: “Quem vê o Filho e nele crê terá a
vida eterna”.
Enfim, uma última coisa: Jesus fez-se o homem para nos ajudar a viver "por Deus"; ele morreu, foi sepultado e desceu ao ínfero para que ninguém se sentisse excluído da sua ação salvadora. Para que eu não tenha medo e não me sinta só e abandonado, à mercê dos meus temores, Jesus quis "viver" todos os lugares, até nos mais baixos, para me fazer “companhia" naquele momento. Não há “espaço”, na vida e na morte, que ele não tenha visitado. Isso me dá a certeza de que ele vai me receber, de braços abertos, em qualquer situação em que me “encontrar”: tanto hoje, no pecado, quanto amanhã, na morte, Ele sempre estará ao meu lado. Porque Ele venceu o pecado e a morte e me preparou um lugar na Casa do Pai. Isto me é suficiente para percorrer o caminho da vida, com confiança e esperança: "Mesmo se eu tivesse que caminhar em um vale escuro" (Sl 23), Ele estará sempre comigo!