Cardeal Orani João
Tempesta
Arcebispo do Rio de
Janeiro - RJ
C |
elebramos
neste domingo o 8º do Tempo Comum. Na próxima terça-feira, o Tempo Comum fará
uma pausa, e, na Quarta-Feira de Cinzas, iniciaremos o Tempo da Quaresma. O
Tempo Comum retomará após a Solenidade de Pentecostes e permanecerá até o fim
do ano litúrgico, na Solenidade de Cristo Rei do Universo.
A
liturgia de hoje nos diz que, antes de olharmos o erro do outro e buscarmos
corrigi-lo, temos que observar como está a nossa vida, olhar primeiramente os
nossos atos para depois corrigir o outro. Infelizmente, no mundo de hoje,
muitas pessoas são muito boas para apontar o dedo para o outro e indicar-lhe
seus defeitos, mas essa pessoa que faz isso não olha primeiro para o seu
interior. Portanto, irmãos, olhemos antes para nós do que para os outros.
A
primeira leitura da missa deste domingo é do livro do Eclesiástico (Eclo
27,5-8). Esse trecho do livro do Eclesiástico nos diz para tomarmos cuidado
antes de elogiarmos alguém, pois observaremos os defeitos dessa pessoa quando a
ouvirmos falar. Procuremos não fazer elogios antes de conhecer alguém
profundamente, pois a nossa confiança, em primeiro lugar, deve estar em Deus.
Até
mesmo dentro da comunidade, no trabalho, na escola ou no bairro, antes de
elogiarmos alguém ou de expormos a nossa vida para alguém que não conhecemos,
procuremos primeiro conhecer essa pessoa, criar uma intimidade com ela e
ouvi-la antes de falarmos de nós.
O
Salmo responsorial é o 91(92), que diz em seu refrão: “Como é bom
agradecermos, agradecermos ao Senhor!” Sejamos sempre gratos ao Senhor por
tudo de bom que acontece em nossa vida e por aquilo que não seja tão bom
também. O Senhor saberá conduzir a nossa vida, por isso, procuremos trilhar o
caminho da justiça e da paz para que as coisas boas aconteçam em nossa vida e
sejamos merecedores da vida eterna.
A
segunda leitura da missa deste domingo é da primeira carta de São Paulo aos
Coríntios (1Cor 15,54-58). Nesse trecho da leitura, Paulo vai dizer que
a vida venceu a morte, ou seja, a vida não termina aqui, mas continua na vida
eterna. Por mais que o corpo mortal se corrompa, a nossa alma, com o corpo
glorioso, vai para junto de Deus. Tudo aquilo que passamos nesta vida, tanto as
dores como as alegrias, serão levados em conta na vida eterna. Por isso,
trilhemos o caminho da justiça, respeitando e amando os nossos semelhantes.
Tenhamos a certeza de que, ao final da nossa vida terrena, seremos merecedores
da vida eterna e que tudo aquilo que passamos aqui será recompensado.
O
Evangelho da missa deste domingo é de Lucas (Lc 6,39-45). Nesse trecho
do Evangelho, Lucas narra um ensinamento de Jesus, dizendo que, antes de
querermos corrigir o nosso semelhante, temos que analisar os nossos próprios
erros. Infelizmente, no mundo de hoje, muitos querem apontar o dedo para os
defeitos dos outros, julgar ou condenar o próximo, mas, muitas vezes, aqueles
que fazem isso têm “pecados” piores.
Portanto,
antes de corrigirmos alguém, vejamos as nossas atitudes e se elas condizem com
aquilo que nos diz o Evangelho ou com aquilo pelo qual estamos corrigindo o
próximo. Somente Deus pode julgar o outro; é a consciência dele com Deus que
fará com que durma ou não tranquilamente. Que cada um de nós possa produzir
frutos bons de justiça, paz, amor e misericórdia e que não sejamos árvores
secas, mas árvores verdes que produzam bons frutos e, dessa forma, possam
ajudar o próximo.
Que
possamos tirar palavras boas do nosso coração, palavras que confortem o
próximo, e não palavras más que o destrua. Em nosso coração deve estar aquilo
que recebemos da Palavra de Deus, e o que recebemos da Palavra devemos
transmitir ao próximo. Agora, se não guardarmos no coração aquilo que recebemos
da Palavra, não transmitiremos ao próximo palavras boas.
Celebremos
com alegria este 8º Domingo do Tempo Comum, e que possamos confiar somente em
Deus. Antes de corrigirmos o próximo, verifiquemos se as nossas atitudes
condizem com as do Evangelho. Sejamos ainda como árvores verdes que produzam
bons frutos e que ajudem o próximo a seguir no caminho do bem. Sejamos homens e
mulheres bons, e que possamos produzir palavras que edifiquem o nosso irmão.
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