sábado, 1 de março de 2025

REFLEXÃO LITÚRGICA PARA O 8° DOMINGO DO TEMPO COMUM – 02/03/2025

 

Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo do Rio de Janeiro - RJ

C

elebramos neste domingo o 8º do Tempo Comum. Na próxima terça-feira, o Tempo Comum fará uma pausa, e, na Quarta-Feira de Cinzas, iniciaremos o Tempo da Quaresma. O Tempo Comum retomará após a Solenidade de Pentecostes e permanecerá até o fim do ano litúrgico, na Solenidade de Cristo Rei do Universo.

A liturgia de hoje nos diz que, antes de olharmos o erro do outro e buscarmos corrigi-lo, temos que observar como está a nossa vida, olhar primeiramente os nossos atos para depois corrigir o outro. Infelizmente, no mundo de hoje, muitas pessoas são muito boas para apontar o dedo para o outro e indicar-lhe seus defeitos, mas essa pessoa que faz isso não olha primeiro para o seu interior. Portanto, irmãos, olhemos antes para nós do que para os outros.

A primeira leitura da missa deste domingo é do livro do Eclesiástico (Eclo 27,5-8). Esse trecho do livro do Eclesiástico nos diz para tomarmos cuidado antes de elogiarmos alguém, pois observaremos os defeitos dessa pessoa quando a ouvirmos falar. Procuremos não fazer elogios antes de conhecer alguém profundamente, pois a nossa confiança, em primeiro lugar, deve estar em Deus.

Até mesmo dentro da comunidade, no trabalho, na escola ou no bairro, antes de elogiarmos alguém ou de expormos a nossa vida para alguém que não conhecemos, procuremos primeiro conhecer essa pessoa, criar uma intimidade com ela e ouvi-la antes de falarmos de nós.

O Salmo responsorial é o 91(92), que diz em seu refrão: “Como é bom agradecermos, agradecermos ao Senhor!” Sejamos sempre gratos ao Senhor por tudo de bom que acontece em nossa vida e por aquilo que não seja tão bom também. O Senhor saberá conduzir a nossa vida, por isso, procuremos trilhar o caminho da justiça e da paz para que as coisas boas aconteçam em nossa vida e sejamos merecedores da vida eterna.

A segunda leitura da missa deste domingo é da primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,54-58). Nesse trecho da leitura, Paulo vai dizer que a vida venceu a morte, ou seja, a vida não termina aqui, mas continua na vida eterna. Por mais que o corpo mortal se corrompa, a nossa alma, com o corpo glorioso, vai para junto de Deus. Tudo aquilo que passamos nesta vida, tanto as dores como as alegrias, serão levados em conta na vida eterna. Por isso, trilhemos o caminho da justiça, respeitando e amando os nossos semelhantes. Tenhamos a certeza de que, ao final da nossa vida terrena, seremos merecedores da vida eterna e que tudo aquilo que passamos aqui será recompensado.

O Evangelho da missa deste domingo é de Lucas (Lc 6,39-45). Nesse trecho do Evangelho, Lucas narra um ensinamento de Jesus, dizendo que, antes de querermos corrigir o nosso semelhante, temos que analisar os nossos próprios erros. Infelizmente, no mundo de hoje, muitos querem apontar o dedo para os defeitos dos outros, julgar ou condenar o próximo, mas, muitas vezes, aqueles que fazem isso têm “pecados” piores.

Portanto, antes de corrigirmos alguém, vejamos as nossas atitudes e se elas condizem com aquilo que nos diz o Evangelho ou com aquilo pelo qual estamos corrigindo o próximo. Somente Deus pode julgar o outro; é a consciência dele com Deus que fará com que durma ou não tranquilamente. Que cada um de nós possa produzir frutos bons de justiça, paz, amor e misericórdia e que não sejamos árvores secas, mas árvores verdes que produzam bons frutos e, dessa forma, possam ajudar o próximo.

Que possamos tirar palavras boas do nosso coração, palavras que confortem o próximo, e não palavras más que o destrua. Em nosso coração deve estar aquilo que recebemos da Palavra de Deus, e o que recebemos da Palavra devemos transmitir ao próximo. Agora, se não guardarmos no coração aquilo que recebemos da Palavra, não transmitiremos ao próximo palavras boas.

Celebremos com alegria este 8º Domingo do Tempo Comum, e que possamos confiar somente em Deus. Antes de corrigirmos o próximo, verifiquemos se as nossas atitudes condizem com as do Evangelho. Sejamos ainda como árvores verdes que produzam bons frutos e que ajudem o próximo a seguir no caminho do bem. Sejamos homens e mulheres bons, e que possamos produzir palavras que edifiquem o nosso irmão.


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