sábado, 24 de novembro de 2012

A CIÊNCIA E O AMOR - Artigo de Jorge La Rosa

Jorge La Rosa - MFC/RS
Jorge La Rosa
Professor universitário, Doutor em Psicologia e Membro do MFC/RS

O
 amor é sentimento complexo, objeto da ciência, além de ser estudado pela filosofia e teologia. Na perspectiva cristã, o amor é mensagem central, princípio da moralidade e destino último do ser humano, conforme ensina João na primeira carta (4,8). Jesus, o Mestre, disse que não há prova maior de amor do que dar a vida pelos amigos – o que ele fez ao longo de sua vida e na hora derradeira. São Paulo, na primeira carta aos coríntios, capítulo 13 - em uma das mais belas páginas da Bíblia - escreve sobre o amor, suas características, relações com a fé e a esperança, e sobre sua duração perene. Página sempre revisitada pelos cristãos!

Os filósofos também têm escrito sobre o amor. Martin Buber, para citar apenas um, tem-nos dado lições magníficas sobre a relação Eu-Tu, o amor que permeia essa relação e sua explicitação no diálogo.

A PROCURA DO PAR
Para a ciência, homens e mulheres buscam as mesmas características em um parceiro: bondade, inteligência, bom humor e saúde, de acordo com pesquisa internacional realizada com 9.474 pessoas em 33 países (Journal of Cross-Cultural Psychology). Outra dica: procure pessoa semelhante a você, já que conforme pesquisa da Universidade de Iowa (Estados Unidos), casais com personalidades parecidas estão mais satisfeitas em seus relacionamentos. No estudo, os pesquisadores pediram a 291 casais que respondessem a questionários e participassem de interações filmadas, observando duas variáveis: satisfação matrimonial e semelhanças entre parceiros. Os resultados evidenciaram que a semelhança no que concerne a atitudes é fator importantíssimo para a qualidade da relação.

SEXO
Quem tem relações sexuais com quem acabou de conhecer fica malvisto, tanto faz se se trata de homem ou mulher, conforme pesquisa realizada pela Universidade Texas Tech (Estados Unidos), publicada na revista “Personal Relationships”, que entrevistou 296 universitários de ambos os sexos e que responderam a questionários sobre comportamento sexual de homens e mulheres. Por outro lado, homens e mulheres que tiveram sua primeira relação sexual após firmar um compromisso, foram considerados mais apaixonados e companheiros, ou seja, desejáveis para namoro ou casamento. Outro estudo, publicado no mesmo periódico, mostra que homens têm 40% mais chance de se envolverem em sexo casual, e que 33% dos homens já tinham se envolvido nessa modalidade, enquanto 16% das mulheres também. Ter tido experiência de sexo casual, ou estar bêbado, aumenta as chances de que o fato volte a ocorrer.

(Observação: aqui foram narrados resultados de pesquisas, não foi feito juízo moral sobre os comportamentos).

DISCUSSÕES
As discussões são inevitáveis em um relacionamento, e a forma como elas ocorrem diz muito sobre a qualidade do convívio. As agressões e as acusações, de modo geral, prejudicam. É melhor abrir portas para o diálogo que escancarar as que produzem conflito e brigas que desgastam a relação e podem deixar feridas de difícil cicatrização. Ao invés de agredir verbalmente e acusar, quando se sentir injuriado, dê chance ao outro de explicar porque agiu de determinada maneira ou fez certa afirmação – o que poderá ajudá-lo a avaliar o próprio comportamento e, se for o caso, reformular-se e pedir desculpas ou perdão. É a reconciliação. Identificar-se com o agressor, agredindo (Freud), envolver-se em bate-boca interminável, não conduz à resolução de impasses, mas leva a possíveis tempestades domésticas, com fim, às vezes, imprevisível e infeliz.

FAZER O AMOR DURAR
Um dos desafios do casamento é fazer o amor durar. John M. Gottman, PhD, professor emérito da Universidade de Washington, depois de acompanhar casais por anos a fio, e de ter criado o Laboratório do Amor na referida instituição, criou uma fórmula de êxito para casamentos: a taxa 5x1. Significa: para cada aspecto negativo que você encontrar no parceiro, deve encontrar cinco positivos, ou, para a memória de um fato negativo, relembrar cinco positivos. Trata-se de exercício e tarefa para quem pretende dar estabilidade ao relacionamento.

Assim, queixas sobre defeitos do parceiro e declaração de desprezo, são exemplos de comportamentos nocivos, enquanto capacidade para resolver conflitos e cultivar memórias positivas mantém a satisfação no relacionamento.

A proposta de Gottman lembra a teoria custo-benefício. Quando os custos são maiores que os benefícios, a relação tende ao rompimento; quando os benefícios são maiores, tende à estabilidade. O êxito no relacionamento depende de eu não ser um fardo para o outro e, principalmente, de lhe proporcionar muitas alegrias e satisfações. Se cada um pensar e agir assim, o relacionamento tem futuro.

O cristão pode e deve aproveitar os dados que a ciência disponibiliza, e, além disso, utilizar os meios espirituais e sacramentais para construir uma vida conjugal estável e feliz.

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