segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CORREIO INFA Nº 66



Quando casais se dispõem a conversar sobre as dificuldades que encontram no casamento, vêm à tona as questões da tão apreciada liberdade e da independência de cada um. Como conciliar liberdade e independência com uma vida a dois, uma vida de casal? Como permanecer um EU, um TU, livres e independentes, com projetos pessoais fortalecidos, e ao mesmo tempo tornar-se um NÓS, criando e desenvolvendo projetos comuns, projetos de casal?

CASAL: EU, TU, NÓS
Deonira L. Viganó La Rosa
Terapeuta de Casal e Família. Mestre em Psicologia.

E
ste é um dos maiores desafios do casamento, hoje muito mais do que em tempos passados, já que antes quem casava se dispunha a renunciar a os projetos pessoais, ainda que fossem julgados essenciais, principalmente por um dos membros do casal, quase sempre a mulher.

Casais hodiernos dizem sentir-se oprimidos entre o desejo de fusão com o outro e o desejo de ser eles mesmos, de guardar um jardim secreto irredutível onde sua liberdade possa realizar-se plenamente, sem que o outro apareça como uma sombra toda vez que um dos dois deseja alçar um voo livre.

Na verdade o desejo secreto parece ser este: quero viver as regalias de solteiro, da independência total, da liberdade, quero crescer sem amarras, mas também quero ser casado, quero as regalias do companheirismo, dos filhos. E são especialmente atacados por este vírus os que casam com mais idade, acostumados a não depender de ninguém. “Não depender” é relativo, pois não existe quem não dependa de alguém e de alguma coisa, somos todos interdependentes, mas aqui tratamos da condição específica do casamento.

NOSSA HISTÓRIA NOS CONDICIONA
A origem destes conflitos muitas vezes se encontra em nossa história pessoal.  Cada um de nós carrega uma mala nas costas onde se aninha tudo o que já vivemos anteriormente e agora passa a influenciar nosso comportamento, sem que estejamos sempre conscientes disto. E muitos de nossos comportamentos são apenas uma projeção daquilo que está na mala. É como quando vamos ao cinema, nunca olhamos para trás onde está rodando o filme, só olhamos a projeção do filme que está na tela, na nossa frente. Mas ali não está o filme, apenas sua projeção. Frequentemente o que vemos nos outros é só uma projeção de nós mesmos.

A capacidade de encontrar a justa medida entre ser livre e independente e ao mesmo tempo ser interdependente, ser vinculado seriamente com alguém, está relacionada com a forma como estabelecemos os vínculos com nossa mãe, desde o ventre materno, até o jeito e a intensidade com a qual fomos formando, ou não, vínculos (laços), com a mãe, o pai, irmãos, e todas as pessoas com quem fomos convivendo.

HÁ PESSOAS QUE NÃO CONSEGUEM VINCULAR-SE NO CASAMENTO
São como hóspedes dentro de casa, cumprem tarefas - até responsavelmente -, mas não criam laços, não se vinculam. Toda vez que precisam apoiar, ceder, negociar, deixar de lado caprichos, fazem disto um fogaréu, pois não sabem unir-se ao outro com afeto, sem anular-se, não sabem fazer feliz a vida comum, sem prejudicar seus projetos essenciais. Claro que a renúncia necessária nunca será aquela que fere profundamente a individualidade de cada um, respeitar este princípio é fundamental. Resta identificar o que é essencial e o que é mero capricho...

Não faz tempo, o Globo Repórter mostrou um casal, já de idade, que não vivia em comum, embora na mesma casa, os dois eram apenas hóspedes, cada um vivendo sua vida, e nem sequer conversavam um com o outro. Sabe-se que a psicologia estuda a chamada síndrome da hospedagem, uma disfunção de pessoas que não conseguem criar e manter vínculos (laços afetivos profundos).

Ser casal é aceitar a interdependência, os próprios limites, as responsabilidades de cada um e viver pela felicidade de ambos. E isto nunca acontecerá sem que cada um dos dois tenha suas fontes saudáveis de prazer, seus projetos próprios, independentes do outro cônjuge. Sem um EU e um TU fortes e saudáveis não haverá NÓS que sobreviva feliz.

UM OLHAR CRÍTICO SOBRE O MUNDO NÃO DEVE SUFOCAR NOSSA ESPERANÇA
Helio Amorim
“Descomplicando a Fé” (Ed.Paulinas)

D
evemos denunciar com indignação que a maioria das famílias vive, no mundo, em condições desumanas. E isto não obstante os dois milênios de pregação humanizadora da Igreja e ações corajosas empreendidas por tantos homens e mulheres, na luta pela justiça e solidariedade nas relações entre as pessoas, grupos, raças, povos e nações.

O modelo econômico de corte predominantemente neoliberal que se quer impor a todas as nações, num cenário de globalização da economia mundial, aponta para um agravamento das injustiças sociais e a consolidação do fosso profundo entre nações ricas (hoje menos ricas) e pobres.

Também nas classes privilegiadas, mesmo dos países ricos, a falta de perspectivas e ideais de vida, produzem fuga de jovens para as drogas e a violência. O consumismo só aumenta frustrações e destruição da natureza.

Esse quadro pessimista que os modernos meios de comunicação mostram cada dia, ao vivo, a todos os habitantes deste planeta, configura uma afronta à dignidade da pessoa humana e das famílias. Está em grave contradição com o projeto de Deus.

Também na vida da Igreja, ainda numa ótica pessimista, muitas contradições persistem, conspirando contra a humanização, gerando exclusões e discriminações, questões morais e sentimentos de culpa sem consistência, que fazem sofrer desnecessariamente muitos cristãos sinceramente comprometidos com a sua fé. Legalismo e autoritarismo pouco evangélicos sufocam a criatividade e alimentam divisões internas, mágoas e ressentimentos.

Entretanto, uma observação mais atenta sobre fatos importantes e menos destacados pelos meios de comunicação social, e inúmeros acontecimentos e ações concretas que ocorrem em todo o mundo e na Igreja, traduzindo importantes conquistas para a humanização, alimenta uma perspectiva bem mais otimista para o futuro da humanidade. O cristão sabe que Deus não abandonará Seu povo, interferindo na história humana, sempre através de homens e mulheres corajosos e comprometidos com o Seu projeto humanizador.

PENSAMENTOS
Antoine de Saint-Exupéry
Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros. Porque ela nos resiste.
Cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos.
Se a vida não tem preço, nós comportamo-nos sempre como se alguma coisa ultrapassasse, em valor, a vida humana... Mas o quê?
O verdadeiro homem mede a sua força, quando se defronta com o obstáculo.

O INFA É UMA ENTIDADE FILANTRÓPICA, SEM FINS LUCRATIVOS, UTILIDADE PÚBLICA FEDERAL, ESTADUAL, MUNICIPAL, REGISTRADA NOS CONSELHOS NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (CNAS) E MUNICIPAL RIO DE JANEIRO (CMAS), E CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (CMDCA).

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