segunda-feira, 5 de maio de 2014

PODEMOS APRENDER A GERENCIAR NOSSAS EMOÇÕES?

Deonira L. Viganó La Rosa (MFC/RS)
Terapeuta de Casal e Família. Mestre em Psicologia

Com o avanço das pesquisas científicas, estamos cada vez mais cientes de que, para viver bem conosco mesmos e com os outros, as emoções são tão ou mais importantes do que as capacidades cognitivas.

P
olêmicas ainda persistem em relação a se devemos inserir nos currículos escolares atividades e dinâmicas específicas que visem a educar as emoções de crianças e adolescentes. Há os que temem sua manipulação ou o descuido do desenvolvimento cognitivo.

AS EMOÇÕES
As emoções estão situadas em um quadro cultural que exige do indivíduo que adote comportamentos socialmente aceitáveis sob pena de ser psicologicamente desestabilizado ou fragilizado

Muitas vezes nos perguntamos que tipo de pessoa deveríamos ser, que tipo de caráter, e particularmente que espécie de disposições emocionais deveríamos ter. É que nossos medos, vergonhas, raivas, mas também nossas alegrias e esperanças - para citar apenas alguns exemplos - são objeto de um grande número de julgamentos de valor. Certas emoções ou disposições emocionais são avaliadas como positivas, são consideradas como agradáveis, prazerosas, razoáveis, apropriadas ou ainda admiráveis, enquanto outras são julgadas nefastas, seja porque são tidas por desprezíveis, irracionais ou ainda moralmente condenáveis. Frente a isto, é natural pensarmos que deveríamos tentar educar nossas emoções. Mas esta educação pode ser entendida sob diversos pontos de vista, o que exige ainda discussão e estudos para encontrar compreensões e métodos adequados. Há muita diferença entre educar e podar.

EDUCAÇÃO
Ingmar Bergman considerava que o homem moderno está totalmente defasado do ponto de vista emocional. Edgar Allan Poe afirmava que “a imaginação pode se desenvolver como um músculo”. E o velho Aristóteles afirmava: “A educação moral é, antes de tudo, uma questão de educação das emoções”.

Já na atualidade o estudioso do tema, François Gaillard, afirma: “Todo mundo tem emoções. Todos podem aprender a desenvolvê-las. É uma questão de educação... Educar as emoções é, antes de tudo, ajudar a ter acesso às próprias emoções como àquelas dos outros”.

É preciso entender que as emoções formam uma parcela da nossa inteligência e que é importante desenvolver esta inteligência com um longo treinamento. É possível tornar-se emocionalmente competente para compreender os efeitos das emoções sobre nossas maneiras de ser e de agir.

É claro que não vamos pedir às pessoas que neguem ou reprimam suas emoções, mas que possam gerenciá-las de tal maneira que colaborem com a própria felicidade e a dos outros.

O SÉCULO XXI VERÁ O MUNDO DAS EMOÇÕES OCUPAR UM LUGAR IMPORTANTE NO PODIUM?
           
Esta evolução parece irreversível, embora possa demorar. Somos ainda considerados analfabetos emocionais, capengas se considerada a evolução tecnológica.

Identificar as próprias emoções expressá-las, dar-lhes nome ou uma imagem, já é um caminho andado. Entretanto, o universo verbal deve ceder um pouco o lugar às outras mil maneiras de ter um olhar sobre as próprias emoções, tais como: desenhá-las, dramatizá-las, enfim abri-las a todas as formas possíveis de expressões não verbais.

“Viver nossas emoções não é suficiente, é preciso saber nomeá-las, pintá-las ou musicá-las”, diz o professor Gaillard.

Quanto às expressões não verbais, sabemos quanta resistência há entre os adultos, e que pouca provocação há às crianças, neste sentido. Temos medo do corpo. Se usar a palavra para descrever sentimentos e emoções já é difícil, representá-los de maneira não verbal é assustador. Os estados afetivos por vezes são complexos, o que dificulta sua análise. E nossa formação excessivamente técnica e cognitiva nos deixa muito aquém na área dos afetos, sentimentos, emoções.
           
Pais e professores devem ter consciência da importância da educação das emoções para proporcionar felicidade pessoal a seus filhos/alunos e capacidade de convivência pacífica e prazerosa com os outros. É um grande método para combater a violência.

Os próprios adultos precisam elaborar e usar positivamente suas emoções para que filhos/alunos possam fazer o mesmo.

Pais/professores/avós dispõem de tempo suficiente para privilegiar o processo de conhecimento e educação das emoções? Suas intervenções demandam uma reflexão contínua em relação às emoções vividas e aos meios de autorregular os efeitos de suas manifestações sobre si e sobre os outros?

A inteligência emocional é um vetor do desenvolvimento da identidade e um objetivo importante a perseguir para uma evolução mais humana da sociedade.


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