Deonira L. Viganó La Rosa (MFC/RS)
Terapeuta de Casal e Família. Mestre
em Psicologia
Com o avanço das pesquisas
científicas, estamos cada vez mais cientes de que, para viver bem conosco
mesmos e com os outros, as emoções são tão ou mais importantes do que as
capacidades cognitivas.
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olêmicas ainda persistem em relação a se
devemos inserir nos currículos escolares atividades e dinâmicas específicas que
visem a educar as emoções de crianças e adolescentes. Há os que temem sua manipulação
ou o descuido do desenvolvimento cognitivo.
AS
EMOÇÕES
As emoções estão situadas em um quadro
cultural que exige do indivíduo que adote comportamentos socialmente aceitáveis
sob pena de ser psicologicamente desestabilizado ou fragilizado
Muitas vezes nos perguntamos que tipo de
pessoa deveríamos ser, que tipo de caráter, e particularmente que espécie de
disposições emocionais deveríamos ter. É que nossos medos, vergonhas, raivas,
mas também nossas alegrias e esperanças - para citar apenas alguns exemplos -
são objeto de um grande número de julgamentos de valor. Certas emoções ou
disposições emocionais são avaliadas como positivas, são consideradas como
agradáveis, prazerosas, razoáveis, apropriadas ou ainda admiráveis, enquanto
outras são julgadas nefastas, seja porque são tidas por desprezíveis,
irracionais ou ainda moralmente condenáveis. Frente a isto, é natural pensarmos
que deveríamos tentar educar nossas emoções. Mas esta educação pode ser
entendida sob diversos pontos de vista, o que exige ainda discussão e estudos
para encontrar compreensões e métodos adequados. Há muita diferença entre
educar e podar.
EDUCAÇÃO
Ingmar Bergman considerava que o homem
moderno está totalmente defasado do ponto de vista emocional. Edgar Allan Poe
afirmava que “a imaginação pode se
desenvolver como um músculo”. E o velho Aristóteles afirmava: “A educação moral é, antes de tudo, uma
questão de educação das emoções”.
Já na atualidade o estudioso do tema,
François Gaillard, afirma: “Todo mundo
tem emoções. Todos podem aprender a desenvolvê-las. É uma questão de educação...
Educar as emoções é, antes de tudo, ajudar a ter acesso às próprias emoções
como àquelas dos outros”.
É preciso entender que as emoções formam uma
parcela da nossa inteligência e que é importante desenvolver esta inteligência
com um longo treinamento. É possível tornar-se emocionalmente competente para
compreender os efeitos das emoções sobre nossas maneiras de ser e de agir.
É claro que não vamos pedir às pessoas que
neguem ou reprimam suas emoções, mas que possam gerenciá-las de tal maneira que
colaborem com a própria felicidade e a dos outros.
O
SÉCULO XXI VERÁ O MUNDO DAS EMOÇÕES OCUPAR UM LUGAR IMPORTANTE NO PODIUM?
Esta evolução parece irreversível, embora
possa demorar. Somos ainda considerados analfabetos emocionais, capengas se
considerada a evolução tecnológica.
Identificar as próprias emoções expressá-las,
dar-lhes nome ou uma imagem, já é um caminho andado. Entretanto, o universo
verbal deve ceder um pouco o lugar às outras mil maneiras de ter um olhar sobre
as próprias emoções, tais como: desenhá-las, dramatizá-las, enfim abri-las a
todas as formas possíveis de expressões não verbais.
“Viver
nossas emoções não é suficiente, é preciso saber nomeá-las, pintá-las ou
musicá-las”,
diz o professor Gaillard.
Quanto às expressões não verbais, sabemos
quanta resistência há entre os adultos, e que pouca provocação há às crianças,
neste sentido. Temos medo do corpo. Se usar a palavra para descrever
sentimentos e emoções já é difícil, representá-los de maneira não verbal é
assustador. Os estados afetivos por vezes são complexos, o que dificulta sua
análise. E nossa formação excessivamente técnica e cognitiva nos deixa muito
aquém na área dos afetos, sentimentos, emoções.
Pais e professores devem ter consciência da
importância da educação das emoções para proporcionar felicidade pessoal a seus
filhos/alunos e capacidade de convivência pacífica e prazerosa com os outros. É
um grande método para combater a violência.
Os próprios adultos precisam elaborar e usar
positivamente suas emoções para que filhos/alunos possam fazer o mesmo.
Pais/professores/avós dispõem de tempo
suficiente para privilegiar o processo de conhecimento e educação das emoções?
Suas intervenções demandam uma reflexão contínua em relação às emoções vividas
e aos meios de autorregular os efeitos de suas manifestações sobre si e sobre
os outros?
A inteligência emocional é um vetor do
desenvolvimento da identidade e um objetivo importante a perseguir para uma
evolução mais humana da sociedade.
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