Rainey Barbosa Alves Marinho
Membro do MFC Maceió
H
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oje acordei bem cedinho, aqui em casa sempre
acordamos por volta de cinco da manhã. Também dormimos muito cedo, é um ritmo
frenético, afinal são três filhos. Maravilhosos filhos, diga-se de passagem.
Pois bem, horas depois, já no trabalho, lá
pelo meio da manhã, precisei de meu tablet e não encontrei o aparelho na bolsa.
Uso o iPad como apoio, para mim ele é fonte de pesquisa enquanto utilizo o PC.
Procurei por todos os lados e nada, olhei em todos os lugares e já estava
desistindo quando lembrei que poderia ter deixado o aparelho no carro e fui ao
estacionamento dar uma olhadinha dentro do automóvel. Quando cheguei ao local
ouvi um choro. Procurei a fonte do lamento e descobri encostada em um carro uma
garotinha, deveria ter entre cinco e seis anos de idade, com os olhos cheios de
lágrima. Era linda.
Desconfiada, afastou-se levemente quando me
aproximei e perguntei o que estava acontecendo. Muito meiga ela passou o dorso
da mão direita com sofreguidão sobre a narina que escorria, já misturando as
gotas d'água que caíam dos olhos com as do nariz vermelho que tanto esfregava e
disse-me com a voz trêmula:
- Quero
a minha mamãe.
Chamei o rapaz que toma conta do
estacionamento para ajudar a procurar a mãe daquela princesinha. Enquanto isso,
fiquei com ela conversando, a garota me disse que tinha sido levada e por isso a mãe a havia deixado
para trás. Alguns segundos depois, uma mulher jovem chegou andando rapidamente
pedindo desculpas a criança, tinha ido pagar a lavagem do carro no lava-jato
que fica à frente do estacionamento, abraçou-a com carinho e lá se foram as
duas.
Fiquei pensando: mãe é coisa santificada.
Mas, sabem, a sua santidade é construída
diariamente, pela atenção e o amor que ela destina a seus filhos. Ela
constrói-se em nós. Lançamos todos os nossos medos, angústias e alegrias nas
mãos de nossas mães, por que com elas nos sentimos acolhidos, acarinhados e por
fim amados intensamente. São para os filhos por toda a vida o que mais nos
aproxima de Deus. Nosso elo inquebrantável com o divino. Bem no fundo, sempre queremos
delas o colo quente que nos protege dos perigos do mundo.
O que fazer se nos sentimos sem elas?
Abandonados sobre qualquer pretexto.
Não sei. Sinceramente nunca me senti como a
menininha, sozinho e sem entender o real motivo de ser deixado para trás. A
responsabilidade de amar sem medida um filho é enorme. A cultura popular tem
uma frase cheia de verdade que diz: Ser mãe e padecer no paraíso. Ela é
verdadeira no sentido que exercer a maternidade é não deixar filho nenhum para
trás, sob nenhum pretexto. Mãe não abandona.
Bom, neste domingo estarei fazendo um momento
de reflexão, no retiro espiritual do MFC da Barra de São Miguel. O tema do
encontro será o filho pródigo, aquele que tanto errou e mesmo assim foi
acolhido pelo pai. Lendo a parábola de Jesus fico pensando que ele usou a
figura do genitor para compor melhor o entendimento de sua lição, por todos
nós. Pois, imagino que se ele usasse a mãe na história ao invés do pai, ela
certamente teria ido atrás do filho sem pestanejar e só voltaria para casa com
o jovem irresponsável sob sua tutela.
Afinal, mãe é tudo, menos rancor. Mãe é o
maior e o melhor sinônimo da palavra, Amor.
Dedico esse texto a todas as mães, até as que
estão por ser. Mas, principalmente a minha mãe Neide. Pois, cada dia que passa,
em tudo que vejo e ouço nesse mundo louco, acho você a maior mãe do mundo.
Beijos Neidinha. Te amo!
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