MFC - Movimento Familiar Cristão
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ão há nenhuma
dúvida de que o amor está na contramão. Grande parte da humanidade está vivendo
de uma maneira, num certo ritmo, que não combina com o amor.
A
gente não tem tempo para nada, sempre atrás do dinheiro... ocupado com o
trabalho, preso no trânsito, estressado de alguma forma. E, para amar, é
preciso paciência, calma para sentir, tempo para se dedicar à relação, sutileza
e cuidado para com o outro.
Vivemos
em grandes centros urbanos, onde nem sempre se conhece o vizinho. As relações
são cada vez mais impessoais. O sentir vai sendo delegado, e nada é tão interessante para tocar o coração. Cenas e
cenas de um cotidiano brutal nos fazem acostumar com a ficção de um Blade
Runner que virou realidade. A indiferença cresce e o compromisso é encarado
como pura mão-de-obra.
Cada
um fica na sua, tentando se tornar alguém apetitoso num grande supermercado do
sexo. Os valores materiais estão em alta: academia, silicone, o ter e o não
ter. Mas, o amor precisa antes de tudo que você seja. E isso é o mais difícil. Para
ser, é preciso entender a sua natureza, que você é único e que o outro também o
é.
Amor
não combina com indiferença, pois deve levar a outra pessoa em consideração; ir
na contramão da frieza, da intolerância, do egoísmo, do materialismo.
É
muito recente ainda a emancipação feminina, aliás, um processo que, todavia não
foi concluído. Mas a independência que elas conseguiram é algo que não foi
assimilado pelos homens. Eles ficam assustados com a perda do domínio que
exerciam há tanto tempo. As mulheres ampliaram o seu comportamento e passaram a
viver o seu lado masculino, mais agressivo e batalhador. Estão cada vez mais no
comando das empresas, da mídia e da administração pública. Mas continua dentro
delas uma grande vontade de amar, de se entregar a um homem, de se relacionar.
Do
outro lado os homens vivem o seu processo. Se antigamente se viam obrigados a
casar para fazer sexo ou mesmo para responder a uma ordem da sociedade, agora
as regras foram afrouxadas. Eles também conquistaram a sua independência.
Supermercado, lavanderia, faxineira, mil e uma facilidades para quem vive só.
Mesmo o sexo se tornou desvinculado de uma relação.
Se for
assim, a que serve agora o casamento? Para que namorar? Qual é o papel do homem
na vida de uma mulher e vice-versa?
Na
falta de uma nova definição, sem saber quais são as novas regras do jogo, muita
gente parte para uma vida onde o amor não tem vez. Ficam independentes e
desencontrados.
Sou
otimista. Entendo que tudo isso é apenas uma fase. Em algum outro tempo, no
futuro próximo, compreenderemos melhor esta situação. E hoje, para amar, é
preciso ter muito mais maturidade do que antes. Não são mais os fatores
externos como contratos, patrimônio, família e filhos que seguram uma relação.
Nem mesmo o sexo é o principal ponto. Para amar é preciso que cada um dos dois
esteja preparado para isso. Competência para se relacionar. É preciso sentir a
aridez do estar só; entender que a relação lhe oferece crescimento; compreender
que o orgasmo de uma pura atração física é medíocre se comparado ao orgasmo que
envolve um coração.
Para
amar é preciso sair do ego, das suas convicções e ter habilidade de se
entregar. Mas como confiar em alguém se vivemos contraídos neste mundo tão duro
e cruel?
Não
tenho dúvida de que o amor hoje está na contramão. Buscar o amor é como
procurar uma agulha num palheiro, com a fé de que você irá encontrá-la.
Devemos
refletir juntos a respeito de uma forma de abrir nossos olhos e a nossa
consciência para que possamos amar de outro jeito. Agora, fora do trilho certo
e do errado, mas com certeza, com muito mais autenticidade.
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