sexta-feira, 12 de junho de 2015

O sentido do casamento

Prof. Felipe Aquino
Comunidade Canção Nova

O
 mesmo Deus que criou o homem e a mulher uniu-os em matrimônio. A Bíblia nos diz que, ao criar o homem, Deus sentiu-se insatisfeito, porque não encontrara em todos os seres criados nenhuma criatura que o completasse.

E Deus percebeu que não é bom que o homem esteja só (Gn 2,18a). Então, disse ao homem: Eu vou dar-lhe uma ajuda que lhe seja adequada (Gn 2,18b), alguém que seria como você e que o ajude a viver. E fez a mulher. Retirou um pedaço do homem para criar a mulher (cf. Gn 2,21-22).

Nessa linguagem figurada, a Palavra de Deus quer nos ensinar que a mulher foi feita da mesma essência e da mesma natureza do homem, isto é, à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26). Santo Agostinho nos lembra que Deus, para fazer a mulher, não tirou um pedaço da cabeça do homem e nem um pedaço do seu calcanhar, por que a mulher não deveria ser chefe nem escrava do homem, mas companheira e auxiliar. Esse é o sentido da palavra que diz que Deus tirou uma costela do homem para fazer a mulher.

Ao ver Eva, Adão exclamou feliz: Eis agora aqui, o osso de meus ossos e a carne de minha carne (Gn 2,23a). Foi, sem dúvida, a primeira declaração de amor do universo. Adão se sentiu feliz e completo em sua carência. Então, Deus disse: Por isso o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne (Gn 2,24).

Isso quer dizer: serão uma só realidade, uma só vida, uma união perfeita. E Jesus fez questão de acrescentar: Portanto, não separe o homem o que Deus uniu (Mt 19,6b).

Após uni-los, Deus disse ao casal: Frutificai e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a (Gn 1,28). Aqui está o sentido mais profundo do casamento: frutificai [crescei] e multiplicai. Deus quer que o casal, na união profunda do amor, cresça e se multiplique nos seus filhos; e daí surge a família, a mais importante instituição da humanidade. A família é a célula principal do plano de Deus para os homens e ela surge com o matrimônio.

É muito significativo que Deus tenha dito ao casal: crescei; e, em seguida, multiplicai. Isso mostra que a primeira dimensão do casamento é o crescimento mútuo do casal, realizado no seu amor fecundo. Ninguém pode multiplicar sem antes crescer. Como é que um casal vai educar os filhos, se eles, antes, não se educaram, não cresceram juntos?


O casamento não é uma aventura nem um tiro no escuro como dizem alguns; é, sim, um projeto sério de vida a dois, no qual cada um está comprometido em fazer o outro crescer, isto é, ser melhor a cada dia. Se a esposa não se torna melhor por causa da presença do marido a seu lado, e vice-versa, então o casamento deles está sem sentido, pois não realiza sua primeira finalidade. Também um namoro, um noivado, ou até uma simples amizade, não terão sentido se um não for para o outro um fermento de auxílio e crescimento. Enfim, o casamento não é para curtirmos a vida a dois, egoisticamente; ele existe para vivermos ao lado de alguém muito especial e querido que queremos construir. É por isso que se diz que amar não é querer alguém construído, mas, sim, construir alguém querido.

Para ajudar o outro a crescer é preciso aceitá-lo como ele é, com todas as suas qualidades e defeitos. A partir daí é possível então, com muita paciência e carinho, ajudar o companheiro a crescer; e crescer quer dizer atingir a maturidade como pessoa humana no campo psicológico, emocional, espiritual, moral, etc.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Informe sempre no final do seu comentário o seu nome e a sua Cidade.