Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino
Este texto faz parte do folheto litúrgico Deus Conosco - Ed. Santuário
A
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mensagem central das leituras de hoje é viver
no Espírito. A Primeira Leitura ensina que ninguém pode se considerar um
privilegiado portador do Espírito e querer excluir os outros. O apóstolo Paulo
ensina que, pelo batismo, nós nos tornamos templos de Deus. O Espírito de Deus
habita em nós em toda sua plenitude (cf.
1Cor 6,19). O povo todo é portador do Espírito de Deus, em igualdade. Todos
têm condições de discernir e de participar, conscientemente, na construção do
Reino.
No
Evangelho de hoje, Jesus nos ensina a discernir e definir nossas opções de vida
a partir de três dimensões: a mão, o pé e o olho. Na linguagem figurada daquela
época, a mão simboliza o trabalho. Na época de Jesus, todo o trabalho era
manual. O questionamento que Jesus faz é este: o trabalho que estou realizando
ajuda ou atrapalha na construção do Reino? O trabalho que faço reforça ou
destrói as relações familiares e comunitárias? Se de fato é um trabalho
destrutivo e desagregador, devo "arrancar a minha mão", ou
seja, devo parar com esse trabalho.
Nesse
mesmo raciocínio, o pé simboliza rumo e direção de vida. E Jesus me questiona:
o rumo que estou dando para minha vida me aproxima mais de Deus ou me afasta? É
um rumo aberto, fraterno e comunitário ou estou me fechando em mim mesmo? Se eu
dei um rumo egoísta para minha vida, devo "arrancar o pé", ou seja,
devo fazer um processo de conversão. Conversão significa exatamente isto:
retomar o rumo certo na vida.
Na
linguagem bíblica, o olho simboliza o conhecimento. Da mesma forma, Jesus
questiona: o que eu estou fazendo com os conhecimentos que tenho ou adquiri
pelo estudo? A serviço de quem estou colocando meus estudos, minha ciência,
meus conhecimentos? Uso meus conhecimentos para dominar e enriquecer-me à custa
dos outros? Caso eu não tenha colocado aquilo que sei a serviço do Reino de
Deus, devo "arrancar meu olho", ou seja, devo redirecionar meus
conhecimentos para a construção de relações humanas e fraternas.
Com
muita facilidade usamos nossos dons para dominar os outros. Na Carta de Tiago
temos uma das mais violentas condenações aos que se enriquecem à custa do
trabalho alheio. Visando unicamente seus lucros pessoais, os proprietários
cometem graves injustiças sociais. Vivemos num país com profundas desigualdades
entre ricos e pobres. A riqueza, ao invés de servir ao bem comum, fica
concentrada nas mãos de poucos. A Palavra de Deus proclamada hoje serve de
alerta: DE QUE MANEIRA ESTAMOS
CONTRIBUINDO NA CONSTRUÇÃO DE UM BRASIL MAIS JUSTO E IGUALITÁRIO?
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