domingo, 30 de setembro de 2018

Viver no Espírito!




Frei Carlos Mesters e Francisco Orofino
Este texto faz parte do folheto litúrgico Deus Conosco - Ed. Santuário

A
 mensagem central das leituras de hoje é viver no Espírito. A Primeira Leitura ensina que ninguém pode se considerar um privilegiado portador do Espírito e querer excluir os outros. O apóstolo Paulo ensina que, pelo batismo, nós nos tornamos templos de Deus. O Espírito de Deus habita em nós em toda sua plenitude (cf. 1Cor 6,19). O povo todo é portador do Espírito de Deus, em igualdade. Todos têm condições de discernir e de participar, conscientemente, na construção do Reino.

No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina a discernir e definir nossas opções de vida a partir de três dimensões: a mão, o pé e o olho. Na linguagem figurada daquela época, a mão simboliza o trabalho. Na época de Jesus, todo o trabalho era manual. O questionamento que Jesus faz é este: o trabalho que estou realizando ajuda ou atrapalha na construção do Reino? O trabalho que faço reforça ou destrói as relações familiares e comunitárias? Se de fato é um trabalho destrutivo e desagregador, devo "arrancar a minha mão", ou seja, devo parar com esse trabalho.

Nesse mesmo raciocínio, o pé simboliza rumo e direção de vida. E Jesus me questiona: o rumo que estou dando para minha vida me aproxima mais de Deus ou me afasta? É um rumo aberto, fraterno e comunitário ou estou me fechando em mim mesmo? Se eu dei um rumo egoísta para minha vida, devo "arrancar o pé", ou seja, devo fazer um processo de conversão. Conversão significa exatamente isto: retomar o rumo certo na vida.

Na linguagem bíblica, o olho simboliza o conhecimento. Da mesma forma, Jesus questiona: o que eu estou fazendo com os conhecimentos que tenho ou adquiri pelo estudo? A serviço de quem estou colocando meus estudos, minha ciência, meus conhecimentos? Uso meus conhecimentos para dominar e enriquecer-me à custa dos outros? Caso eu não tenha colocado aquilo que sei a serviço do Reino de Deus, devo "arrancar meu olho", ou seja, devo redirecionar meus conhecimentos para a construção de relações humanas e fraternas.

Com muita facilidade usamos nossos dons para dominar os outros. Na Carta de Tiago temos uma das mais violentas condenações aos que se enriquecem à custa do trabalho alheio. Visando unicamente seus lucros pessoais, os proprietários cometem graves injustiças sociais. Vivemos num país com profundas desigualdades entre ricos e pobres. A riqueza, ao invés de servir ao bem comum, fica concentrada nas mãos de poucos. A Palavra de Deus proclamada hoje serve de alerta: DE QUE MANEIRA ESTAMOS CONTRIBUINDO NA CONSTRUÇÃO DE UM BRASIL MAIS JUSTO E IGUALITÁRIO?

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