Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília
RECEBEI O ESPÍRITO SANTO
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celebrando a SOLENIDADE DE PENTECOSTES, festa da Torah para o mundo
judaico e, para nós cristãos, é o dom do Espírito Santo. O ressuscitado vai ao
Pai e manda sobre os seus o dom do Espírito santo. O Espírito Santo agiu no
ministério de Jesus e na vida da Igreja. O relacionamento de Jesus com o
Espírito é sublinhado desde o seu nascimento (Lc 1,35). No batismo de
Jesus, no Jordão, o Espírito desce sobre Jesus (Mc 1,9-11; os sinóticos
narram o batismo de Jesus, porém João não narra, mas diz que viu o Espírito
descer sobre Ele em forma de pomba [Jo 1,32-34]). Lucas, no texto das
tentações, diz que Jesus foi conduzido pelo Espírito para o deserto (recebido
no Jordão); depois, na sinagoga de Nazaré, Ele lê o profeta Isaías 61 e
recorda a descida do Espírito sobre Ele, que O consagrou com a unção (no
batismo). Na morte na cruz, Jesus entregou o Espírito (Jo 19,30).
Tal entrega há um profundo significado teológico. É o ato pelo qual Jesus
consumou o seu sacrifício. A carta aos Hebreus diz “por um Espírito
eterno, se ofereceu a si mesmo a Deus como vítima sem mancha”.
Pentecostes é o ressuscitado que, indo ao Pai, manda sobre os
seus o Espírito Santo, unge os discípulos com o Espírito Santo (At 2, 1-11).
O espírito transformará a vida dos discípulos e a vida da Igreja. A vida dos discípulos, “que parecia
ter chegado ao fim, é renovada pela juventude do Espírito: aqueles jovens que,
dominados pela incerteza se sentiam no fim, foram transformados por uma alegria
que os fez renascer. Foi o Espírito Santo que fez isto. O Espírito não é, como
poderia parecer, uma coisa abstrata; é a Pessoa mais concreta, mais próxima,
aquela que muda a nossa vida” (Papa Francisco, homilia de 9 de junho
de 2019). O Espírito age na vida de
cada pessoa. É o Espírito que nos faz crer em Jesus: “Ninguém pode dizer
que Jesus é o Senhor, a não ser por obra do Espírito” (1Cor 12, 3).
A fé é obra do Espírito. Se somos pessoas de fé, isto é dom do Espírito.
O Espírito age constantemente na vida da Igreja enriquecendo-a
com ministérios, carismas e dons. É ele quem vai suscitando a riqueza e beleza
do corpo eclesial (1 Cor 12, 3-7. 12-13).
A teologia católica contemporânea sublinha que o Espírito Santo
é esta Pessoa-Amor que se comunica, manifesta o ser mais profundo de Deus, que
se autocomunica exteriormente (ad extra) como dom. Se, por um lado, este
amor é a expressão mais íntima de Deus – da união do Pai e do Filho -, por
outro lado, é a expressão da autocomunicação ad extra deste amor
superabundante, ao tempo em que é o cumprimento da obra redentora. O Espírito
Santo é, também, por uma parte, a união entre o Pai e o Filho, e, por outra
parte, o amor de Deus que se comunica. Ele é a Pessoa escondida, muitas vezes
desconhecida, que se revela na sua ação.
Sergio Bulgakov (filósofo e teólogo cristão) diz que “o
Espírito Santo é a união do Pai e do Filho na terceira pessoa; o Pai é sinal do
amor sacrifical paterno, o Filho do amor sacrifical filial e o Espírito Santo é
o amor exultante da gratidão”.
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