“TOMA A TUA CRUZ E SEGUE-ME”
Pe. Rui José de Barros Guerreiro
C |
elebramos
o 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM e a liturgia da palavra oferece-nos duas
questões às quais teremos, cada um de nós, de dar a sua resposta. Não é nenhuma
sondagem ou avaliação, mas Jesus procura saber em que ponto do caminho é que
cada um de nós se encontra.
O
Evangelho deste domingo começa com a indicação de que Jesus se encontrava a orar,
sendo Ele, por excelência, o grande orante. O evangelista Lucas dá muita
importância aos momentos de oração de Jesus, momentos que costumam preceder as
viragens decisivas da sua vida, escolhendo um local isolado, entra em oração e diálogo
com o Pai. Na verdade, como a oração é um momento de encontro com Deus, a
mensagem que Jesus transmite aos discípulos, depois desses momentos, é uma
mensagem importante pois nasce da sua íntima relação com o Pai.
Depois
de ter rezado, Jesus chama os seus discípulos e pergunta o que as pessoas
pensam d’Ele e como O veem eles mesmos. Face às perguntas subtilmente
provocatórias de Jesus, Pedro responde em nome dos doze.
Numa espécie de sondagem, Jesus
interroga os discípulos sobre o que a multidão dizia d’Ele. Os discípulos, um
pouco atrapalhados ou surpreendidos com esta questão, respondem que “uns dizem
que és João Baptista; outros, que és Elias; e outros, que és um dos antigos
profetas que ressuscitou”. Com esta resposta, os contemporâneos de Jesus veem-no
como um homem em continuação com o passado, um simples homem bom e justo, um
profeta. No fundo, os contemporâneos de Jesus ainda não descobriram a
verdadeira originalidade e novidade de Jesus, ainda não descobriram em Jesus o
Salvador prometido. Situação semelhante também acontece hoje. Para muitos Jesus
é só um homem bom e justo e nada mais do que isso. Muitas das opiniões que
ouvimos sobre Jesus reduzem-no a muito pouco, não captam a verdadeira
identidade de Jesus. No entanto, Jesus não se apoia apenas naquilo que a
multidão pensa, mas, de forma direta, explícita e sem qualquer hesitação,
deseja saber quem é Ele para cada um dos discípulos.
Para
Jesus não basta dizer o que os outros pensam de d’Ele, pois é fácil dizer a
opinião dos outros e não nos comprometemos com a resposta dada, porque, afinal
de contas, a opinião é dos outros e não minha. Jesus interroga aqueles que lhe
são mais íntimos, aqueles que o seguem e que compartem a vida com Ele sobre o
lugar que ocupa nas suas vidas. Não quer nenhuma resposta abstrata, retirada do
melhor dicionário ou do melhor livro. Cada qual deve dar a sua resposta, sem
fórmulas aprendidas de memória, sem pensamentos pensados por outros. Quer uma
resposta pessoal, que brote do coração e da vida de cada um. Quem é, para mim,
Jesus Cristo? Um irmão? Um amigo? Um Mestre? Um profeta? Um Deus? Quem sou Eu
para ti?
Depois
de Pedro ter professado que Jesus era o Messias de Deus, Ele ordena aos
discípulos para não revelarem a sua identidade a ninguém. Na verdade, Jesus é o
Messias, mas não o messias político e vitorioso que a multidão esperava. Jesus
é o Messias, o enviado de Deus que oferece a salvação ao seu povo, pela doação
da sua vida na cruz e onde O irão trespassar (primeira leitura). Todos e
cada um dos discípulos de Jesus de Nazaré devem confrontar a sua imagem de
Jesus com o Senhor Crucificado, e por isso, e a exemplo de Jesus, devem seguir
o caminho da entrega da sua vida por amor: “Se alguém quiser vir comigo,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias e siga-Me”.
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