Folheto Litúrgico Celebrando a Vida, Diocese de São Mateus, ES.
A |
liturgia deste 26º Domingo do Tempo Comum nos
coloca diante da prerrogativa de que a salvação é oferecida a todos. O convite para
o serviço é feito para todos os filhos. Mas também nos indaga na
responsabilidade pessoal da salvação. Nos é apresentado um sério confronto: a
vontade de Deus que chama e a vontade humana que responde. É preciso entender,
com clareza, esta questão, pois dela depende o nosso destino.
A
mensagem de hoje é fruto de nossa livre colaboração e de nossa liberdade.
Diante do chamado de Deus cada pessoa é chamada a dar uma resposta. A
fidelidade a Deus e a sua justiça não se limita apenas no dizer sim em palavras,
mas sim em agir conforme os seus ensinamentos. "Nem todo aquele que diz:
Senhor, Senhor, entrará no Reino do Céu. Só entrará aquele que põe em prática a
vontade de meu Pai que está no Céu" (Mt 7,21). Isso revela que
temos grande responsabilidade dentro do processo de salvação, pois as escolhas
e decisões são nossas.
Na
primeira leitura o profeta Ezequiel fala ao povo que está no exílio. Estas
pessoas estão imbuídas de ideias erradas e fatalistas sobre o pecado e a
salvação. Afirmam que Deus faz cair sobre os filhos a culpa pelos erros dos
pais. Isso para justificar a condição que estavam vivendo e dessa forma não se
comprometerem com a realidade vivida e com a mudança de vida. O profeta se opõe
a esse modo de pensar e agir e afirma que Deus não castiga uns pelos erros dos
outros, mas sim que cada um é responsável pelos seus atos, seja pelo pecado ou
pela salvação.
No
Evangelho, Jesus explica essa verdade da responsabilidade pessoal na salvação,
usando a parábola dos dois filhos. A salvação, que é a vontade de Deus para
todos os seus filhos, não se trata de uma concessão, mas exige um esforço
pessoal. Jesus derruba a compreensão cômoda de alguns que se sentiam
privilegiados. Não basta apenas dizer sim, ter uma vinha, ser filho de Abraão,
pertencer a uma casta privilegiada, bem como outros privilégios. A salvação é
coisa pessoal, exige a livre resposta e o comprometimento com o projeto
assumido. Na parábola, um filho disse sim e não foi trabalhar, o outro disse
não, depois mudou de ideia e foi realizar a atividade. Com essa parábola Jesus
indaga os sacerdotes e anciãos do Templo a reverem suas atitudes que eram de se
beneficiar dos privilégios e desprezar os pecadores. Deixa claro que esses
vivenciam um processo de conversão e acolhem a Boa Nova enquanto aqueles
continuam em suas arrogâncias.
Nesta
mesma sintonia, Jesus fala também a nós. Como estamos nos relacionando com o
processo de salvação? Como estamos acolhendo o chamado de Deus para servir?
Estamos assumindo a proposta salvífica de Jesus que é servi-lo nos mais
necessitados e colaborar com a evangelização? Com qual dos dois filhos nos
assemelhamos? A liturgia de hoje nos convida a esta reflexão. Não se trata de
achar que já estou salvo ou condenado, mas que preciso assumir a
responsabilidade na condução de minha vida. E o melhor modelo para essa
caminhada de fé é Jesus Cristo. Foi isso que nos ensinou o Apóstolo Paulo na
segunda leitura. Que nossas ações não sejam feitas por obrigação, imposição,
raiva, etc., mas sim com amor, conservando os mesmos sentimentos de Cristo que
em tudo foi obediente ao Pai.
Hoje
iniciamos o Mês Missionário. Diante desta liturgia que nos convida ao serviço,
peçamos que o Espírito Santo fortaleça todos os missionários e missionárias que
disseram sim e estão trabalhando na vinha do Senhor. Mas também, que encoraje
cada vez mais jovens para responderem sim ao chamado e saírem em missão. Que
todos nós sejamos fortalecidos para assumirmos a missão de conduzir a
comunidade em suas pastorais, movimentos e serviços em vista da evangelização e
salvação de todos.