quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O CIÚME PATOLÓGICO - Artigo de Suzy Maurício

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O CIÚME PATOLÓGICO
  
No ciúme patológico, a relação a dois é construída na base do sentimento POSSE do outro, cujo amor do parceiro(a) é constantemente questionado e colocado em dúvida.

A desconfiança e o medo de vir a ser traído corrói os sentidos do ciumento que passa a enxergar as situações de modo distorcido, ruminando possibilidades, fantasias e idéias – delirantes – de uma situação de traição, na maioria das vezes, irreal. Muitos vasculham a intimidade do outro, na tentativa de assegurar ou acabar com a dúvida torturante.

Dá-se início a caçada por vestígios que levem a uma constatação de infidelidade que julga ser real. Muitos tornam tais verificações habituais, então, dia após dia investigam o celular de seus pares (para ver se há um torpedo comprometedor), ouvem os telefonemas, vasculham as roupas, bolsos (cheirando, buscando novas fragrâncias, manchas… incluindo as peças íntimas), as mídias sociais (contatos novos, recados trocados), a carteira, a agenda, o carro, até a casa do parceiro(a) é alvo de investigação. Amigos(as) são sondados constantemente, na tentativa de que forneçam pistas, contradições, mentiras, etc. Ir ao trabalho de surpresa, chegar mais cedo do trabalho, contratar detetives particulares, são algumas das atitudes daquele que carrega um ciúme patológico.

Sim, eles têm a consciência do absurdo de algumas atitudes, mas a dúvida é maior que a perplexidade de suas ações e sentimento de vergonha por seus atos. Tornam-se, portanto, inquisidores. O companheiro(a) tem de explicar, minuciosamente, todos os seus passos cotidianos. Questionamentos repetidos, no mesmo assunto, para testar se é verdadeiro o que foi dito anteriormente.

Até a forma de olhar, beijar, abraçar, amar, são verificadas, medidas, questionadas. O ciumento patológico é extremamente sensível à mudanças de comportamento do seu amado, que fugindo do habitual, logo acusa que há uma terceira pessoa na relação. A hipótese do amado(a) estar cansado, com problemas pessoais ou profissionais sequer é cogitada. São possessivos e egoístas. O medo e a ameaça da perda são sentidos de modo irracional.

Estes ciumentos experienciam emoções diferenciadas e conturbadas, que podem estar relacionadas a transtornos mentais onde o ciúme patológico represente um dos seus sintomas. No alcoolismo, o conhecido delírio de ciúmes do bebedor é um exemplo disso. O ciumento alimenta uma ansiedade sufocante, fruto de sua insegurança. Intimamente, sofre com isso, sente raiva, vergonha, culpa, e chega a prometer ao outro que jamais acontecerá novamente, promessas não cumpridas em maioria.

O ciúme patológico é um transtorno afetivo grave e seu portador(a) precisará de ajuda para controlar a agressividade e impulsividade de seus atos. Este ciúme causa danos e riscos à pessoa e aos outros, objetos de seus ciúmes. A relação com os ciumentos patológicos é de muita tensão, apreensão e angústia.

É importante buscar ajuda de um médico psiquiatra onde se possa avaliar a psicopatologia do ciúme (causa do sintoma), sua racionalidade, se há prejuízo na vida diária (familiar, social, trabalho), se coexiste com algum diagnóstico psiquiátrico e sua prevalência. A psicologia (terapia) complementa este cuidado ao portador do ciúme patológico, aquele que ultrapassa a fronteira da normalidade.

Fonte: http://suzymauricio.blogsdagazetaweb.com

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