Alberto Andrade, Redação A12
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m nossa
vida na Igreja, é comum acontecer mudanças e nomeações dos padres nas dioceses
pelo Brasil.
Todos os anos, as comunidades têm novos
párocos, outras recebem vigários. E claro, existe aquele misto de alegria em
receber um sacerdote na paróquia e a saudade deixada por aqueles que
partem para uma nova missão.
Mas geralmente nos perguntamos: "Tem
um tempo determinado para cada padre ficar na paróquia?" , "Por
que um padre fica mais anos do que outros?" , "Na
hora que nos acostumamos com um sacerdote, ele é transferido, por quê? ".
O cânon 522 do Código de Direito Canônico fala
exatamente como a Igreja determina o tempo de cada pároco.
"Importa que o pároco goze de
estabilidade, e por isso seja nomeado por tempo indeterminado; só pode ser
nomeado pelo Bispo diocesano por um prazo determinado, se isto tiver sido
admitido pela Conferência episcopal, mediante decreto".
Sobre este assunto, o Padre José Carlos de
Melo, o Padre Carlinhos da Arquidiocese de Aparecida, explicou que essa
quantidade de tempo de um padre na paróquia pode variar dependendo da
Diocese.
"O Direito Canônico fala de uma estabilidade
ao pároco (seis anos e mais seis), mas isso não significa que não possa
sair antes (ou depois) disso. Neste período, podem aparecer outras necessidades
ou situações que levam o Conselho Presbiteral a compensar a presença do
sacerdote naquele mesmo lugar. Os motivos muitas vezes não precisam ser
trazidos ao conhecimento de todos.
O Conselho Presbiteral é formado pelos bispos
e alguns padres, onde as decisões sobre as transferências são pensadas e
construídas.
"Essas reuniões exigem longas conversas
e, às vezes, várias reuniões. Porém é importante elencar que as
transferências de padres fazem parte da autoridade episcopal, é o múnus
(fundamentação legal) do qual ele é revestido através do sacramento da Ordem no
grau do episcopado, pela autoridade do Papa e da Igreja, mas também por
sua paternidade espiritual”, diz o Padre Carlinhos.
As leis da Igreja esclarecem a necessidade de
transferir os sacerdotes.
“Se o bem das almas ou a necessidade ou
utilidade da Igreja já exigiu que o pároco seja transferido de sua
paróquia, que dirige com eficiência, para outra paróquia ou outro ofício, o
bispo proponha-lhe a transferência por escrito e o aconselhe a consentir, por
amor a Deus e das almas”, está no cânon 1748 do Código de Direito
Canônico.
As necessidades da Diocese, as ponderações do
Conselho Presbiteral, a confiança na graça de Deus e a força da oração. Tudo
isso sustenta o Bispo e o coloca em posição de certeza para promover as
transferências. Claro que de acordo com seu discernimento, estes devem ser
marcados pela missão de colaboração.
Padre Carlinhos nos fala também da riqueza
nesse processo, em que um novo padre chega a uma comunidade.
"Antes da ordenação sacerdotal foram feitas
várias perguntas ao candidato e através delas fez várias promessas para
realizar bem a sua missão. Um sim dado um dia, somente se mantém como sim, se
for reafirmado frequentemente. Neste contexto o novo pároco renova diante
da comunidade o que prometeu na ordenação. Ao novo pároco é entregue a chave da
Igreja. Colocado à frente de uma comunidade que ele tem a
missão de governar .
O próprio sacerdote pode "controlar" esse
tempo de permanência na paróquia, pedindo para sair ou ficar na comunidade?
Segundo as leis da Igreja, as transferências podem
ser voluntárias ou por conformidade, isto é, com o consentimento do sacerdote
ou pelo voto de obediência ao Bispo da igreja e seus sucessores ,
juramento proferido durante o ato de sua ordenação.
O padre Carlinhos novamente nos esclarece, enfatizando
que as transferências sempre são oportunidade de renovação para os próprios
sacerdotes, mas também para as comunidades paroquiais, exigindo por vezes
um espírito de sacrifício e obediência.
"É o Senhor, que por meio do Espírito Santo
indica este caminho, iluminando e abençoando os irmãos na nova missão que
lhes é confiada. Outro motivo que leva o sacerdote a acolher com amor a nova
missão é o “desapego”, e isso é humano e bom, embora se chore amizades fortes e
importantes durante o tempo, curto ou longo, de permanência na paróquia ,
mas não se esqueça que o padre não é “seu” ou “nosso”, mas é da Igreja, da
Arquidiocese e colaborador dos bispos. Isso não é arbitrário, é da natureza da
vocação sacerdotal e episcopal. Não que se refere aos clérigos aceitam as
transferências, este é um sinal de maturidade vocacional, como também de
unidade. Toda mudança gera insegurança, oportunidade de crescimento. Quem não
se desafia ou é desafiado também não cresce", concluiu o sacerdote.