Padre Márcio do Prado |
Muitas são as pessoas que morrem e têm
como último pedido que seu corpo seja cremado. Mas isso é correto para um
cristão?
Padre Márcio do Prado
Comunidade Canção Nova
U
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ma hora ou outra, todos vão se deparar com a
morte. Mas nós podemos ter um desejo ou fazer um pedido aos nossos familiares
sobre o que eles devem fazer com nosso corpo? A verdade é que, depois de
mortos, não podemos tomar decisões. Mas e a cremação, é possível? Vamos partir
de outro ponto: a vida. De maneira geral, a vida é um dom precioso, mais ainda
a vida do ser humano, afinal somos “imagem e semelhança” (Gn 1,26) do Senhor.
Por essa razão, devemos ter todo cuidado, todo amor para com a nossa vida e a
do próximo. Devemos ter os devidos cuidados no tocante à espiritualidade e à
saúde, realizar exercícios físicos, ter uma boa alimentação.
É muito bom ver pessoas que cuidam do
exterior e do interior. O cuidado com si mesmo é importante e recomendável pelo
apóstolo Paulo, pois somos templos do Espírito Santo (cf. 1Cor 6,19), mas é
claro que devemos ter cuidado com a vaidade!
Deus
mora no ser humano, habita cada pessoa. A vida é dom divino, assim como o corpo
também o é. E porque Deus mora na pessoa humana, cada homem deve, com gratidão,
zelar pela vida e pelo corpo.
Com a
morte da pessoa, o cuidado com ela continua?
Sim, deve continuar. A dignidade e o respeito
pelo corpo do ser humano estão presentes na Sagrada Escritura, pode-se
verificar que, desde o Antigo Testamento, os homens eram colocados em
sepulturas (Gn 23,4), inclusive Abraão quis para sua esposa “a melhor
sepultura” (23,6). Já no Novo Testamento, nosso Senhor Jesus Cristo foi
colocado num sepulcro novo de José de Arimateia (Lc 23,51-53).
Mas quando se fala de cremação do corpo,
algumas pessoas pensam que é um pecado, já que o corpo é templo do Espírito. “A
Igreja conta esses que desejam ter o corpo cremado”.
Na
verdade, a Igreja não é contra a cremação; ao contrário, até a permite. Há casos em que a
cremação é necessária devido a alguma doença grave do falecido ou no caso de
ele ter morrido fora de seu país e a família não teve condições de transportar
imediatamente o corpo. Há também casos em que a pessoa desejava mesmo ser
cremada.
No entanto, uma coisa precisa ficar clara: a
cremação não deve ter fins supersticiosos, nem de uma crença que não condiz com
a fé católica. O Catecismo nos ensina: “A
Igreja permite a cremação, a não ser que esta ponha em causa a fé na
ressurreição dos corpos” (n. 2301).
Às vezes, alguns filmes apresentam cenas
muito emocionantes, quando o ator espalha as cinzas da pessoa amada como se a
presença dela fosse ficar por ali vagando. Essa não é a nossa fé. Como
católicos cristãos, nossa fé é de ressurreição. Quando se faz a opção pela
cremação, seja por um pedido da pessoa ou por questão de saúde, tal atitude não
deve negar a fé na ressurreição.
Padre Márcio do
Prado, natural de São José dos Campos (SP), é sacerdote na Comunidade Canção
Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009, cujo lema sacerdotal é “Fazei-o vós a
eles” (Mt 7,12), padre Márcio cursou Filosofia no Instituto Canção Nova, em
Cachoeira Paulista; e Teologia no Instituto Mater Dei, em Palmas (TO).
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