Um sentimento que envolve o medo de
perder o amor da pessoa amada.
Elaine Ribeiro
Psicóloga
Clínica e Organizacional
Q
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uem nunca ouviu dizer que o ciúme é o tempero
do amor? E você? O que acha disso? Temos assistido muitos casos nos quais esse
sentimento (ciúme) é o fósforo aceso na
pólvora, ou seja, provoca reações inesperadas e de total descontrole.
Pensando assim, você ainda acha que senti-lo é normal?
Fatores culturais fazem com que acreditemos
que o ciúme é uma prova de amor e que pequenos sacrifícios, como deixar de ir a
determinados lugares ou trocar de roupa para que a pessoa amada não se chateie,
são bem-vindos e são aquele tempero
no amor. A grande questão é que os tais pequenos
sacrifícios e este tempero
transformam-se em aprisionamentos na medida em que o tempo passa. Estar com o
outro passa, então, a não ter tanto sentido, perde a graça, e, certamente, mexe
com as estruturas de qualquer relacionamento.
Do ponto de vista psicológico é um sentimento
que envolve o medo de perder o amor da pessoa amada e está diretamente
relacionado à falta de confiança no outro e, sobretudo, em si próprio. Quando
ele se torna exagerado, consideramos que se transforma numa doença, chegando a
pensamentos obsessivos. A complexidade do ciúme é grande, pois envolve
pensamentos, emoções, comportamentos e reações físicas.
Pessoas ciumentas comportam-se a ponto de
certificar frequentemente se são queridas, se as pessoas podem dar provas de
amor ou mesmo pedindo provas para que este amor seja certificado, tais como:
proibir o amado de visitar um determinado lugar, usar esta ou aquela roupa,
prometer que fará ou não fará uma coisa, dentre tantas outras.
Muitas vezes, coloca-se nesses pedidos, que são
coisas externas, o significado do amor, que de um sentimento interior, passa a
ser construído com provas externas. Ciumentos fazem interpretações distorcidas
e, geralmente, fazem isso não apenas com seu par amoroso, mas também nas
relações de amizade, trabalho, família, cobrando atenção e isso vale até mesmo
para o uso de objetos pessoais por outras pessoas.
Vale lembrar que, quando excessivo, ele se
torna um problema de saúde psicológico, pois a pessoa começa a ter sentimentos paranoicos,
delírios de perseguição e temor imaginário de que a pessoa está sendo vítima do
mundo, com muitas fantasias, imprecisão e dúvidas ligadas a ideais
supervalorizados ou delirantes são percebidas de fato como reais.
Muitas vezes, a pessoa passa a ter compulsão
em dirimir suas dúvidas e, com isso, passa a invadir a privacidade do outro,
abrindo correspondências, mexendo nos bolsos, no celular, nas redes sociais,
fazendo um perfil falso para tentar cavar
provas de infidelidade e tantas outras atitudes extremistas. Parecem atitudes
bobas e até mesmo são reconhecidas pelo parceiro, mas não servem em nada para
aliviar o ciúme, e sim, aumentam a sensação de desconforto.
Se você passa por esta situação, é importante
que converse bastante sobre o assunto com seu par, procurando, juntos, as
alternativas que permitam que o verdadeiro amor, baseado na confiança e na
cumplicidade, possa crescer entre vocês, deixando também que Deus aja na
insegurança, nos reflexos de dificuldades afetivas do passado, bem como buscar
ajuda especializada quando perceber que a situação tomou uma proporção maior do
que aquela que vocês podem administrar sozinhos.
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